Energy  Show debate em Santa Catarina tendências e inovação em tecnologia para o setor energético brasileiro

12ª edição do Energy Show reuniu atores do ecossistema para discutir a questão. Temas, como descarbonização, mobilidade Elétrica, mercado Livre de energia e inovação fizeram parte dos debates

Criado com o objetivo de aproximar a ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia) de jovens talentos, o Projeto Florescer é uma das iniciativas que conectam o setor elétrico à formação de novos profissionais. O programa é organizado pela Vertical Energia e pela Vice Presidência de Talentos da ACATE com o PET EEL (Programa de Educação Tutorial em Engenharia Elétrica) da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Na abertura da 12ª edição do Energy Show, evento que ocorreu em Florianópolis entre os dias 10 e 13 de junho para debater o futuro do setor elétrico, o tema da formação de talentos foi um dos destaques, junto a modernização do setor, descarbonização e fontes renováveis de energia elétrica.

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Durante a programação, os oficineiros do PET EEL foram homenageados com uma placa de mérito pela iniciativa. No programa, estudantes bolsistas da universidade oferecem oficinas teóricas e práticas de robótica para jovens de instituições públicas e sociais.  Entre os encontros, há sempre a visita presencial à ACATE, para que os participantes conheçam o ecossistema de tecnologia e possam visualizar uma carreira futura no setor, como cientistas, desenvolvedores, programadores e engenheiros. 

O Vice-Presidente de Talentos da ACATE, Moacir Marafon, lembrou durante a abertura do evento: “em Santa Catarina, uma pesquisa feita em 2022 mostrou que no setor de tecnologia a demanda é de 34 mil novos profissionais até 2025. A graduação ainda não forma um terço dessa quantidade”. Ao que seguiu um convite: “entrem no time para sensibilização de formação de talentos, principalmente para aqueles que estão mais vulneráveis”. Diretor da Vertical de Energia, William Zanatta lembrou no evento que a Vertical chegou a 80 associadas e cresceu três vezes no número de empresas nos últimos dois anos.

Futuro do setor elétrico

Modelos híbridos de geração de energia, com uso de fontes de baterias, hidrelétricas, hidrogênio, solar, eólico e outros são a aposta dos participantes da mesa “A modernização e o futuro do setor elétrico”, que foi composta por Leonardo Gomes, da Auren Energia Renováveis; Fabíola Sena, da Head Energia; Paula Suanno, da Statkraft; Thadeu Carneiro da Silva, da CEMIG; e, Pablo Cupani Carena, da Celesc. A mediação foi de Danilo Barbosa, da Way2.

“O hidrogênio verde tem a ver com uma nova fronteira, algo que a gente olha com muito interesse e espera para 2030, mas precisa de regulamentação e marco legal. Mas definitivamente é uma oportunidade porque não é apenas combustível, é energético”, defende Paula Suanno. 

Fabíola Sena, da Head Energia, complementa: “o hidrogênio é um aço verde usado em muitas indústrias no Brasil. Tem ainda a possibilidade de exportar essa molécula renovável para a Europa, por exemplo, que tem interesse em descarbonizar. A questão é como levar até lá, existem desafios químicos [desse transporte] que ainda não foram solucionados”.

O ESG (Governança Social, Ambiental e Corporativa), é uma das grandes preocupações do setor, com a descarbonização e a produção e consumo de energia sustentável. Na Celesc, por exemplo, a aposta é que no futuro exista um modelo no qual as empresas, indústrias ou demais grupos possam escolher a fonte de energia utilizada, com investimento desde agora em diversidade de fontes de geração.

“Temos usinas investidas e projetos de expansão. Paralelo a isso, investimos em usinas solares, no modelo de fazendas, que têm sido alocadas para clientes específicos, com distribuição para órgãos públicos de Santa Catarina. Uma aposta é que os consumidores possam escolher a fonte de energia, mesmo os do grupo b. É algo que está em discussão, mas é para isso que a Celesc está se preparando: fontes renováveis, autonomia do consumidor, e alinhamento às práticas ESG”, diz Pablo Cupani.

Ainda sobre a modernização do setor elétrico, o evento contou com um painel sobre o impacto da inteligência artificial, onde foram apresentados cases que vem transformando a operação, segurança e comercialização dos ativos de energia, mostrando o potencial impacto nas diversas áreas de negócios, destacando a importância do desenvolvimento  de uma governança  de inteligência artificial para obter sucesso nos projetos.

Mobilidade Elétrica

A temática de Mobilidade Elétrica esteve em destaque mais uma vez no Energy Show, com dois painéis recheados de conteúdo de alto valor agregado e painelistas de renome nacional, com mediação do Diogo Seixas, presidente da ABRAVEI e coordenador de Mobilidade Elétrica da Vertical Energia.  Foram apresentados os principais projetos e soluções de tecnologia para veículos elétricos e infraestrutura de recarga elétrica no mercado brasileiro.

No painel sobre Eletrificação do Transporte, vale ressaltar a participação da montadora GM, protagonista global na eletrificação de veículos leves, representada pela Engenheira Glaucia Roveri, que trouxe a visão e o compromisso da montadora exclusivamente com veículos elétricos de zero emissões até 2035.

Já no painel sobre Infraestrutura de Recarga Elétrica, a anfitriã CELESC trouxe a história de pioneirismo dos seus eletropostos instalados pelo estado de Santa Catarina e atualizações sobre seus planos de expansão para os próximos meses e anos. Esta atuação em prol da mobilidade elétrica tem rendido elogios e servido até de inspiração para outras concessionárias de energia Brasil afora.

Gás & Descarbonização

Considerando a busca pela descarbonização, associado a necessidade de transição energética, nesta edição, o 12 Energy Show teve pelo segundo ano em seu espaço um painel específico para Gás Natural, Biogás, Biometano e Hidrogênio Verde. Abordando desafios e soluções tecnológicas desenvolvidas, priorizando energia sustentável e os gases de baixa emissão, integrados à modernização da indústria do Gás Natural, que ganhou relevância como o recurso energético de transição.

Com evolução das ferramentas tecnológicas nos mais variados setores,  a exemplo learn machine, Inteligência Artificial, Blockchain, IoT, nanotecnologia, armazenagem de dados, eficiência energética dos equipamentos, aliada à necessidade biológica dos seres humanos por conforto, qualidade do ar, disponibilidade de alimentos saudáveis, comunicação, mobilidade e interação social, o painel Descarbonização tratou de gases de baixa emissão para uma transição energética segura.

Os desafios de logística e infraestrutura da indústria do gás canalizado no Brasil e em Santa Catarina, discutidos em painel moderado por Helena Zanella, trouxe tendência de expansão em número de clientes, volume e extensão de redes. Os representantes da ABEGAS, TBG e SCGAS, Marcelo Mendonça, Robson Coelho e Rafael Nicolazzi, respectivamente, trouxeram os principais pontos que necessitam inovação para um setor que ainda está em desenvolvimento. Já a SCPAR falou da iniciativa Invest SC e reforçou a disposição do governo do Estado em atrair investimento com base nos diferenciais de infraestrutura que serão desenvolvidos. 

A Abiogás demonstrou em números o crescimento de projetos e as tendências tanto para produção de energia quanto para  produção de combustível o Biometano  Com um setor agrícola amplo em cidades do interior, que tem as culturas de criação bovina e suína entre as atividades, a geração de energia a partir das fezes dos animais, com biodigestores, é a que mais cresce no estado. Atualmente, são 636 plantas de biogás no Sul do Brasil. 

“O biogás é um movimento recente no Brasil, visto como um país continental com grande capacidade de fazer diferença na indústria elétrica. O calcanhar de aquiles é saber aproveitar isso como um negócio”, diz Luciane Fornari, da PlanET Biogás, empresa alemã que tem Santa Catarina como sede.

A criação de projetos consistentes com biogás e outras fontes renováveis de energia elétrica é um dos objetivos do Hub de Descarbonização, liderado pela FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), que conta com a participação de entidades, bancos de fomento e empresas.  “Cerca de 90% dos projetos com biodigestores não sobreviveram porque pensaram apenas no equipamento, não no negócio. O Hub se propõe a entregar valor para transformar em mais negócio envolvido naquele espaço. Precisamos de todas as autoridades envolvidas para não ser só mais um projeto. As fontes de biometano estão pulverizadas e as propriedades rurais precisam de apoio nesta construção”, explicou José Magri, da FIESC.

Oportunidade de modernização

Mediada por William Zanatta, diretor da Vertical de Energia da ACATE, a mesa “Como o Setor elétrico pode apoiar a Neoindustrialização Brasileira” contou com a presença de Márcio Alcântara, da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica); Guilherme Amaral, da CEMIG; Thiago Pires, ANP (Agência Nacional de Petróleo), André Nunes, do Beta-i Brasil, e Thiago Jeremias, da Celesc. A neoindustrialização propõe uma nova forma de industrializar o Brasil, a partir das necessidades do tempo presente, como diversificação tecnológica e desenvolvimento social e sustentável. 

O Brasil é o único país que obriga o investimento em inovação no setor energético por meio da Lei 9.991/2000. As concessionárias de geração, transmissão e distribuição de energia devem aplicar percentuais mínimos de 0,5% a 1% da receita operacional líquida em pesquisa. A legislação tem mais de 20 anos e passou por diversas transformações: a visão geral no início não foi positiva para todos, mas hoje já se percebe que essa aplicação é uma oportunidade de modernizar e trazer eficiência para o setor energético e outros ramos da indústria.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), que regula o setor em nível federal, enviou ao Energy Show o Thiago Pires, coordenador geral de projetos. Para ele, a indústria do petróleo é diferente da energia e suas empresas têm uma veia muito forte em pesquisa, tecnologia e inovação, como Shell, Petrobrás, com iniciativas de inovação aberta entre empresas, startups, universidades e outros. Agora, a expansão ocorre para a energia. São investidos cerca de 4 bilhões de reais em PD&I  ao ano na ANP, cerca de 320 milhões de reais em projetos de Santa Catarina em andamento, com universidades, empresas e centros de inovação. “A gente tem uma oportunidade muito grande de que empresas do setor elétrico possam trabalhar nesse ambiente com a cláusula de PD&I da ANP”, sugere. 

O Energy Show

Ao todo, o evento contou com quatro dias de programação no CIA Primavera, em Florianópolis (SC) e reuniu executivos, empresários e pesquisadores do ramo. Entre as discussões, foram abordados temas de Geração, sobre novas fontes de energia e eficiência energética; Mobilidade elétrica, sobre as questões e desafios para atender a demanda de flexibilidade no acesso à energia; Distribuição,  quanto ao futuro para eficiência e sustentabilidade, e Gás e Descarbonização, sobre uma transição energética segura com elementos como Gás, Hidrogênio Sustentável, Biogás e Biometano. No último dia, 13, a conversa foi sobre Mercado Livre, com vendas e redução de custos, e Inovação, com desafios que ainda precisam ser superados no setor.

Além da ACATE e da Energy Future na realização, o Energy Show contou com a Celesc como anfitrião. Cemig, Intelbras e Statkraft estarão como co-anfitriões. Os patrocinadores foram Data Life Global, PV Operation, Aquarela, PlanET, BR.Digital Telecom, BRISKCOM, Engie, SecuControl. Os apoiadores são Finep, FGV, Nexpon e FGV Decision.

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