Dia do Oncologista: Avanço da tecnologia derruba antigos estigmas da Radioterapia

Especialista explica como as novas tecnologias estão mudando a radioterapia e oferecendo cada vez mais qualidade de vida no tratamento 

A palavra “radioterapia” ainda evoca alguns medos, já que remete às primeiras máquinas rudimentares e aos temores de um tratamento difícil e com muitos efeitos colaterais. No entanto, a realidade da radioterapia moderna é um universo completamente distinto, repleto de avanços tecnológicos que revolucionaram o tratamento do câncer, proporcionando mais qualidade de vida e chances de cura. 

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), haverá 704 mil novos casos de câncer no Brasil até 2025. Cerca de 60% a 70% dos pacientes com câncer recebem radioterapia em algum momento de seu tratamento. Com tecnologias cada vez mais avançadas e precisas, a radioterapia se estabelece como uma aliada crucial na luta contra essa doença.

Conversamos com o Dr. Arno Lotar Cordova Junior, radio-oncologista, para desmistificar essa técnica essencial e entender como a tecnologia está transformando vidas.

O estigma do passado

A radioterapia surgiu no início do século XX, e as primeiras máquinas de tratamento, rudimentares e imprecisas, causavam efeitos colaterais significativos. Não é surpresa que, ao longo dos anos, tenha se criado um estigma em torno desse tratamento, perpetuado por relatos de pacientes que sofreram com as limitações tecnológicas da época.

Arno Lotar Córdova Junior conta que, naqueles tempos, “a falta de precisão na aplicação da radiação que poderia levar a danos severos aos tecidos saudáveis ao redor dos tumores, o que aumentava o risco dos pacientes. Isso gerou um medo generalizado que persiste até hoje, mesmo com os avanços incríveis que tivemos”, detalha o médico radio-oncologista, responsável técnico da São Sebastião Radioterapia.  

O salto tecnológico

Com o avanço tecnológico, as máquinas de radioterapia tornaram-se extremamente precisas, direcionando a radiação apenas para as células cancerígenas e preservando o máximo possível os tecidos saudáveis. “Os avanços em imagem e posicionamento permitem que tratemos o tumor com uma precisão que era inimaginável há algumas décadas”, afirma Arno.

Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia abordou a percepção das pacientes sobre a radioterapia no tratamento do câncer de mama. Descobriu-se que muitas mulheres temiam o tratamento devido a relatos alarmantes que haviam encontrado. No entanto, após passarem pelo procedimento entre 2012 e 2016, apenas 2% considerou esses relatos como verdadeiros, com 80% relatando que a experiência foi menos assustadora do que antecipavam.

Novidade em Santa Catarina

Santa Catarina se tornou pioneira ao receber uma tecnologia inovadora em radioterapia, que promete resultados mais satisfatórios no combate ao câncer. A São Sebastião Radioterapia, em Florianópolis, é a primeira no Brasil a implementar um sistema que combina duas tecnologias avançadas, proporcionando precisão robótica no tratamento de todos os tipos de câncer.

“Esta nova tecnologia une capacidades de imagem e posicionamento extremamente precisas, minimizando os danos aos tecidos saudáveis e reduzindo os efeitos colaterais. O sistema integra monitoramento de superfície com câmeras térmicas e rastreamento em tempo real, assegurando que a radiação seja direcionada exatamente ao tumor”, explica Arno. 

Desmistificando mitos

A radioterapia moderna está cercada de mitos que precisam ser desmentidos. Abaixo, alguns dos mais comuns e a realidade por trás deles:

  1. Mito: Radioterapia é dolorosa. Realidade: Os pacientes não sentem dor durante o tratamento. O desconforto pode ocorrer principalmente devido aos efeitos colaterais, que são minimizados com as tecnologias atuais.
  2. Mito: Radioterapia causa queda de cabelo generalizada. Realidade: A queda de cabelo ocorre apenas se a radiação for direcionada à regiões com pelos ou cabelos. Em outros casos, o cabelo não é afetado.
  3. Mito: Radioterapia faz mal aos tecidos saudáveis. Realidade: Com a precisão das máquinas modernas, os danos aos tecidos saudáveis são mínimos, resultando em menos efeitos colaterais e melhor qualidade de vida para os pacientes.
  4. Mito: Radioterapia “queima”. Realidade: em apenas algumas situações a pele pode sofrer um pouco, com vermelhidão e mínima descamação. Com tecnologia e cuidados adicionais, esse risco é muito pequeno.

Olhando para o futuro

Em 9 de julho, Dia do Oncologista, é importante refletir sobre os avanços na área e como eles impactam a vida dos pacientes. A radioterapia moderna não é a mesma do passado, trata-se de um importante tratamento que salva vidas e proporciona esperança. A informação e o acesso a essas tecnologias são fundamentais para que os pacientes percam o medo e enfrentem o tratamento com confiança.

“A radioterapia de hoje é uma prova viva de que o avanço tecnológico pode transformar a medicina, quebrando estigmas e trazendo novas perspectivas para quem enfrenta o câncer. É hora de olhar para o futuro com otimismo e entender que, na batalha contra o câncer, a radioterapia é uma aliada poderosa e precisa”, declara o médico.

O post Dia do Oncologista: Avanço da tecnologia derruba antigos estigmas da Radioterapia apareceu primeiro em Notícias de Florianópolis – Fique por dentro de Floripa | DeOlhoNailha.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.