
Integrantes de grupos políticos historicamente antagônicos na política lageana, o ex-governador Raimundo Colombo (PSD) e a deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania) sempre mantiveram uma relação diplomática nas composições estaduais – muitas vezes até integrando o mesmo palanque, como em 2006 e 2010.

Raimundo Colombo (PSD) discursa na convenção que confirmou a candidatura de Lio Marin (União Brasil) a prefeito e de Vinicius Borges (Novo) a vice-prefeito de Lages – Foto: Sandro Scheuermann/Divulgação/ND
Na disputa pela prefeitura de Lages deste ano, vale a lógica local e o ex-governador participa diretamente das articulações para tentar criar uma alternativa ao favoritismo de Carmen Zanotto.
Em 2020, o PSD levou a melhor. Antonio Ceron (PSD), aliado de Raimundo Colombo, foi reeleito em disputa direta com Carmen Zanotto, que perdeu a disputa por apenas 56 votos. Desta vez, o PSD estará fora do palco.
Abalado pela Operação Mensageiro, que investiga investigação em contratos de coleta de lixo em diversas prefeituras catarinenses e que chegou a levar Ceron a prisão prevetiva em 2023, o PSD estará fora da urna eletrônica. No sábado, a convenção do partido aprovou o apoio à pré-candidatura de Lio Marin (União Brasil), ex-procurador-geral de Justiça, com um anúncio de última hora: a vaga de candidato a vice-prefeito ficou com o Novo, que indicou Vinicius Borges.
No palco da convenção, Raimundo Colombo confraternizou com a chapa e garantiu empenhou na disputa lageana. O ex-governador aposta no vínculo histórico com o eleitor da cidade serrana. Em 2022, quando foi derrotado por Jorge Seif (PL) na disputa pelo Senado, Colombo ficou em primeiro em Lages, com 45,6% dos votos.
Alvo de Raimundo Colombo é mais Jorginho que Carmen
Mais do que Carmen Zanotto, o alvo de Colombo é o ex-aliado e hoje desafeto governador Jorginho Mello (PL). Eles se enfrentaram diretamente na disputa pelo Senado em 2018, quando Jorginho levou a melhor.
A estratégia em Lages é apresentar Lio Marin, que comandou o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) de 2011 a 2015, como uma novidade fora da política tradicional em uma disputa que conta com Carmen Zanotto e os ex-prefeito Elizeu Mattos (MDB). A vaga de vice ofertada ao Novo ajuda a embalar a narrativa.
Se vai funcionar, a campanhas eleitoral e as urnas vão demonstrar. Certo é que Raimundo Colombo, mesmo discretamente, continua no jogo.