Milionários desprotegidos: por que donos de carros de luxo superesportivos não fazem seguro?

Vários acidentes envolvendo carros de luxo têm chamado atenção no noticiário por mortes no trânsito e pelos preços astronômicos dos modelos envolvidos.

Em casos desse tipo, é comum que veículos estejam sem seguro e acabem em perda total. Carros superesportivos de marcas, como Ferrari, Lamborghini e Porsche, a depender do modelo, custam mais de R$ 1 milhão.

na imagem aparece um carro de luxo Ferrari batido após acidente de trânsito

Carro de luxo Ferrari batida após acidente de trânsito – Foto: Reprodução/Freepik/ND

É por isso que eles estão em alcance de uma minúscula parcela de pessoas, especialmente em países como o Brasil. Os carros de luxo podem exigir mais dinheiro na conta bancária se forem danificados em uma colisão.

Até existem seguros para esses carros, mas como são caríssimos, são poucos os proprietários que investem nessa proteção.

Segundo a Sompo Seguros, em média o carro “dá PT” (perda total) sempre que o custo do reparo atinge 75% de seu valor de mercado, definido pela tabela Fipe.

Nos casos de alta performance, esse percentual costuma ser menor. “Por ter o custo de reparação mais elevado, importados tendem a ter perda total decretada com sinistros de menor proporção, se comparados a um veículo popular por exemplo”, explica Antonio Daniel da Silva, gerente de Sinistro Auto da Sompo.

O diretor de operações da Dekra Brasil, multinacional especializada em inspeção técnica e testes veiculares, Leonardo Ianegitz diz: “Veículos importados, nos quais as peças para substituição e o custo de reparo são mais elevados, podem ser classificados com maior facilidade como indenização integral”.

Baixa disponibilidade de peças

Segundo um responsável pela oficina de algumas marcas famosas de carros de luxo, que pediu para não ser identificado, o alto custo para o reparo de veículos do tipo é explicado por fatores como baixa disponibilidade de peças e fragilidade de componentes de automóveis do tipo.

“Tem muita fibra de carbono e outros materiais caros. Se mais de 30% de uma peça foi danificada, como um para-choque, por exemplo, frequentemente ela é condenada na vistoria do seguro”, conta.

Lilian Viana, sócia da oficina independente Frison, que trabalha com carros de luxo e/ou de alta performance, destaca os desafios para consertar automóveis dessa categoria. “Geralmente, os serviços de funilaria e pintura são mais caros sempre que a batida acontece do lado em que fica o compartimento do motor”, esclarece.

na imagem aparece mecânico no conserto de carros de luxo

Mecânico conserta carros de luxo – Foto: Reprodução/Freepik/ND

“No fim do ano passado, reparamos um modelo italiano que bateu a dianteira. O reparo completo saiu por R$ 350 mil, dos quais R$ 40 mil foram só de mão de obra”.

“Se a colisão fosse traseira, onde fica o motor do veículo em questão, a conta ficaria consideravelmente mais alta”, conta Viana. “Além disso, poucos se dão conta que o mercado de autopeças não acompanha a depreciação do veículo. O carro pode ser usado, mas a peça tem preço proporcional ao do modelo zero-quilômetro”, continuou.

Quando reparos em carros de luxo se tornam inviáveis?

Existem ainda os casos em que os reparos em carros de luxo se tornam inviáveis.

“Recebemos outro carro que teve uma barra metálica amassada na parte dianteira. Descobrimos que ela faz parte do chassi, que teria de ser inteiramente trocado, juntamente com a carroceria, ao custo de R$ 450 mil. Não foi possível consertar”, conta a proprietária.

A proprietária ainda explica que por que poucos proprietários de máquinas do tipo fazem o seguro. “Menos de 10% dos meus clientes têm seguro porque não vale a pena. Eles usam o esportivo poucas vezes ao ano e têm carros mais tradicionais para o dia a dia. A relação custo x risco não compensa. Além disso, alguns levam o carro para acelerar em autódromos e o seguro não cobre esse tipo de uso”, conta.

Ela dá uma ideia de quanto o seguro pode custar: “Meu sócio tem um Mercedes-Benz Classe G 2015 com kit da Brabus. Há cerca de um ano, pagou R$ 160 mil de seguro, enquanto apenas a franquia ficou em outros R$ 110 mil. Ou seja, se precisasse acionar, gastaria quase R$ 300 mil”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.