Como os atletas olímpicos cuidam da saúde mental em meio a pressão das olimpíadas?

Durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024, diversos sentimentos podem ser sentidos por milhares de pessoas, que veem nos atletas uma representação do seu país no mais alto nível do esporte mundial. Mas pensando no outro lado da ‘medalha’, como os atletas olímpicos administram os sentimentos em meio a pressão de representar uma nação inteira?

Simone Biles, maior atleta de ginastica de todos os tempos

Simone Biles, maior atleta de ginastica de todos os tempos – Foto: Loic VENANCE / AFP

O assunto foi tema do 11° episódio do podcast A Coisa + Aleatória. No episódio, Marta Gomes e Bianka Any Garcia receberam a ex-atleta da seleção brasileira de karatê e estudante de psicologia Aline Brito para dar detalhes sobre o mundo das competições e compartilhar algumas dicas de como cuidar da saúde mental nestes ambientes.

Usando como exemplo a recordista de medalhas olímpicas Simone Biles, Bianka diz que os atletas não estão isentos de inseguranças e sentimentos negativos.

“A saúde mental dos atletas envolve muita coisa, são as inseguranças pessoais, as críticas, e tudo isso que não se treina. [..] A própria Simone Biles quando desistiu das Olimpíadas de Tokyo sofreu ataques pesados, ela foi até chamada de covarde”, disse.

Considerada a maior ginasta de todos os tempos, Simone Biles chocou o mundo em 2021 quando nas Olimpíadas de Tóquio 2020 abandonou todas as finais que disputaria para cuidar da saúde mental.

“Acho que a saúde mental é mais importante nos esportes neste momento. Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos”, disse Biles em 2021.

De acordo com Bianka, os atletas de alto nível sofrem com uma espécie de armadura que a sociedade impõe, como se os esportistas não devessem cuidar de si pois representam uma nação inteira. Por fim, essa ideia acaba por pressionar ainda mais os atletas.

‘Temos essa ideia de que atleta é sinônimo de saúde, mas na verdade o atleta é a pessoa menos saudável que existe, porque são as pessoas que mais se lesionam, que sofrem pressão física e mental o tempo todo e isso desde muito novo. Olimpíadas para mim é inimaginável a pressão que se sofre”, disse Aline

Rotina dos atletas

Rebeca Andrade e Rafaela Silva nas Olimpíadas de Paris 2024

Rebeca Andrade e Rafaela Silva nas Olimpíadas de Paris 2024 – Foto: Alexandre Loureiro e Miriam Jeske/COB/ND

Devido a rotina intensa de treinos dedicados à quebra de recordes e superação pessoal o tempo todo, muitos atletas acabam não tendo tempo de cuidar da saúde mental. Outro fator que colabora para isso é a não aceitação da desistência ou da perda nos esportes, como dito antes por Bianka.

Aline diz que os altos e baixos dos atletas também é algo que mexe com a autoestima dos envolvidos, que hora estão nos holofotes e outrora no anonimato.

“Para o atleta olímpico é muito difícil de assimilar isso, pois o ciclo dura 4 anos e uma hora eles estão nos holofotes e outra eles acabam ficando esquecidos. Querendo ou não essa é a realidade, ainda mais no Brasil onde não há um incentivo ao esporte […] Existem até medalhistas de prata que acabaram caindo no esquecimento, imagina como fica a autoestima de quem não conseguiu ficar no pódio”, disse.

O uso das redes sociais também pode ser considerado um empecilho para a saúde mental dos atletas. O uso moderado é recomendado para não absorver críticas e elogios exagerados.

Confira o podcast A Coisa + Aleatória

O podcast do Grupo ND traz a apresentadora do SC no ar, Marta Gomes e a psicanalista Bianka Any Garcia para tratar de assuntos sobre psicologia e psicanálise. Com convidados diversos e clima descontraído, o programa vai ao ar a cada 15 dias e está disponível no Spotify e no ND Play.

A produção do podcast A Coisa + Aleatória é realizada pelo Núcleo de Projetos Multimídia do Grupo ND, que trabalha com inovação e criação de novos produtos em jornalismo.

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