Casal arremata ambulância em leilão de SC e transforma veículo em casa sobre rodas

Uma oportunidade de emprego fez com que o desenvolvedor de sistemas, Roberto da Cruz Giacomette, mudasse de Cuiabá, no Mato Grosso, para Florianópolis, em 2019. Seis meses depois, foi a vez da esposa, Bianca Cristina Giacomette, migrar para a capital catarinense.

O que o casal não esperava é que a viagem de Roberto, que aconteceu em 26 horas de carro, fosse o pontapé inicial para um novo objetivo comum: viver como nômades digitais. Para isso, a casa deles precisaria acompanhar o objetivo — sonho que a ambulância Palhoça está prestes a realizar.

Bianca e Roberto compraram ambulância, batizada de Palhoça, em leilão realizado em Santa Catarina – Foto: Arquivo Pessoa/ Reprodução/ ND

Ambulância ganhou o nome de ‘Palhoça’

Em 2022, Bianca e Roberto fizeram uma viagem de carro com amigos. Eles saíram de Florianópolis e foram para Gramado, no Rio Grande do Sul, depois Montevideo, no Uruguai, até chegar em Buenos Aires, na Argentina.

A experiência aflorou, ainda mais, o desejo de levar uma “vida sobre rodas”. “Foi uma experiência incrível, foi ali que realmente descobrimos que era possível conciliar tanto tempo viajando com nosso trabalho”, conta Roberto à reportagem.

Foi então que o desenvolvedor de sistemas viu anúncio na internet, sobre um leilão de veículos usados. Carro de bombeiros, polícia civil, ambulâncias e outros veículos oficiais estavam na lista.

“Quando o leilão abriu, eu estava interessado em outra ambulância, mas o valor ficou muito alto e ela foi arrematada por outra pessoa. Até que chegamos na segunda opção, que era esta que conseguimos comprar”, relembra.

O leilão aconteceu na cidade de Palhoça e, por isso, o veículo ganhou este nome — a ideia foi da sogra dele. O veículo Ford Transit 2010 trabalhou entre 2010 e 2015, e foi arrematado por R$ 27 mil.

Ambulância não andava e precisou ser levada de guincho até o endereço do casal - Arquivo pessoal/ Reprodução/ ND

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Ambulância não andava e precisou ser levada de guincho até o endereço do casal – Arquivo pessoal/ Reprodução/ ND

Após reformas, ambulância ganhou certificação de motor casa - Arquivo pessoal/ Reprodução/ ND

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Após reformas, ambulância ganhou certificação de motor casa – Arquivo pessoal/ Reprodução/ ND

Bianca Giacomette em processo de lixamento na lataria do veículo - Arquivo Pessoal/ Reprodução/ ND

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Bianca Giacomette em processo de lixamento na lataria do veículo – Arquivo Pessoal/ Reprodução/ ND

Roberto fez um curso básico de mecânica para realizar a reforma da ambulância - Arquivo Pessoal/ Reprodução/ ND

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Roberto fez um curso básico de mecânica para realizar a reforma da ambulância – Arquivo Pessoal/ Reprodução/ ND

Roberto e Bianca realizaram boa parte das melhorias necessárias na ambulância - Arquivo Pessoal/ Reprodução/ ND

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Roberto e Bianca realizaram boa parte das melhorias necessárias na ambulância – Arquivo Pessoal/ Reprodução/ ND

Problemas mecânicos e reforma DIY

Com o objetivo de viver na estrada, Roberto fez um curso básico de mecânica e os conhecimentos adquiridos ajudaram na reforma da Palhoça, que foi quase toda feita com as próprias mãos do casal — no maior estilo DIY — Do It Yourself, ou faça você mesmo em português.

“Ela [a ambulância] tinha muitos problemas mecânicos e estava com muitas peças faltando, tanto que foi transportada de guincho porque não andava”, detalha Roberto.

O lixamento da lataria, pintura e alguns recortes foram feitos pelo casal. Depois, o veículo foi levado para uma mecânica em São José — para onde o casal de mudou — em que permaneceu por oito meses.

Em dezembro de 2023, a Palhoça, já em condições de circulação, foi de São José até Curitiba, onde passou por melhorias elétricas. No início de 2024, houve a troca de para-brisas, outros ajustes e, finalmente, a regularização para poder funcionar como uma casa móvel.

“Fomos no Detran e nos orientaram a procurar o Inmetro, que é responsável por esta certificação. Lá, a gente passou por uma vistoria para transferir o veículo de ambulância para motor casa. Com tudo aprovado, ele já está legalizado, tudo certinho”, celebra Roberto.

Palhoça teve interior planejado por especialistas

Arquitetos, especializados em design para motor homes, foram contratados para desenvolver o interior da ambulância.

Roberto e Bianca planejaram gastar R$ 80 mil entre aquisição do veículo e melhorias, em um prazo de um ano e meio. Até o momento, os dois já desembolsaram cerca de R$ 53.500.

A projeção é de que eles devam investir entre R$ 25 mil e R$ 30 mil para a finalização completa da reforma.

Veja como ficará a ambulância após finalização


Interior foi pensado por especialistas em designe de motor homes – Vídeo: Arquivo pessoal/ Reprodução/ ND

Expectativa para mudança definitiva

A Bianca e o Roberto resolveram compartilhar a história da Palhoça nas redes sociais, e já somam mais de 63 mil seguidores. A experiência levou a designer de produto a se especializar em marketing e fotografia, capacitações que devem complementar a renda do casal neste novo estilo de vida.

“Percebemos que dá pra viabilizar esse tipo de vida. A ideia é que, por onde passarmos, possamos produzir conteúdos sob demanda e partir para o próximo destino. A gente quer fazer com que a vida no motor home seja uma coisa viável”, explica Roberto.

O casal está iniciando a produção dos móveis e tem, como próximo passo, a conclusão das partes elétricas e hidráulica, que demanda maior investimento.

“Eu quero estar mais conectada com a natureza, conhecer culturas e me conectar com pessoas. O motor home nos dá uma liberdade geográfica que permite essas experiências e, morando em uma casa convencional, eu não conseguiria”, conta Bianca.

A expectativa é de que até o fim de 2024, o casal — que se mudou há três meses para São João Nepomuceno, no interior de Minas Gerais — consiga viver se mudar para a ambulância em definitivo.

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