Cabeça do AI 5 e milagreiro econômico: morre Delfim Netto, aos 96 anos

Ministro da Fazenda durante a ditadura militar, deputado federal, signatário convicto do AI-5 e professor emérito da Universidade de São Paulo, são algumas das atribuições obtidas por Antônio Delfim Netto em 96 anos de vida.

O economista teve a morte confirmada nesta segunda-feira (12). Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 5 devido a complicações em seu quadro de saúde. A causa da morte não foi divulgada.

Delfim Netto morreu nesta madrugada, aos 96 anos. Ele estava internado desde o último dia 5 no Hospital Albert Einstein, em São Paulo

Delfim Netto morreu nesta madrugada, aos 96 anos. Ele estava internado desde o último dia 5 no Hospital Albert Einstein, em São Paulo – Foto: Werther Santana/ Estadão Conteúdo/ Reprodução/ ND

Delfim Netto deixa uma filha e um neto. O velório será restrito aos familiares do economista.

Ministro da Fazenda durante o regime militar

Formado em Economia pela USP, em 1951, Delfim Netto foi titular do Ministério da Fazenda durante o período da ditadura militar, entre 1967 e 1974 — até hoje, o mais longevo no cargo. Na gestão do general Ernesto Geisel, atuou como embaixador do Brasil na França por um curto período.

O economista foi o responsável por implementar medidas que impulsionaram a economia do país, dando origem ao chamado “milagre econômico”, que atraiu capital externo e fomentou amplamente o crescimento do Brasil.

A gestão do economista no Ministério da Fazenda também ficou marcado por obras de grande impacto, como a Rodovia Transamazônica, a empresa binacional de Itaipu e a Ferrovia do Aço e a ponte Rio-Niterói.

Na gestão do general Ernesto Geisel, Netto atuou como embaixador do Brasil na França em 1977. Na gestão do general João Baptista Figueiredo, entre março e agosto de 1979, atuou no ministério da Agricultura.

Delfim Netto foi signatário convicto do AI-5

Em dezembro de 1968, Delfim Netto assinou a implementação do AI-5 (Ato Institucional nº 5), que endureceu o regime militar e aumentou a perseguição contra opositores do governo.

Durante entrevista ao Uol, em 2021, o economista declarou que voltaria a assinar o decreto caso fosse necessário. “”Eu voltaria a assinar o AI-5, tenho dito isso sempre. As pessoas não conhecem história, ficam julgando o passado, como se fosse o presente. Naquele instante foi correto, só que você não conhece o futuro”, disse em entrevista.

O ex-ministro, contudo, reconheceu que o procedimento foi mal sucedido. “”Quando se assinou o AI-5, o que se imaginava era que o habeas corpus seria para proteger o cidadão, não para matá-lo”, afirmou ao Uol.

Deputado Federal e professor emérito da USP

Após a redemocratização, Delfim Netto disputou uma vaga na Câmara dos Deputados e se elegeu, pelo PSD (Partido Democrático Social) com 76 mil. Ele integrou a Assembleia Nacional Constituinte em 1986.

No mesmo ano, a FEA/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) decide por condecorá-lo com o título de professor emérito da Universidade.

Em 2014, ele doou toda sua biblioteca pessoa para a FEA/USP. O acervo possui de mais de 100 mil títulos, acumulados em quase 80 anos – é considerado um dos mais relevantes do Brasil.

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