Crime? Acusada de ser trans, polêmica com campeã olímpica Imane Khelif explode na Justiça

Após ganhar ouro no boxe nas Olimpíadas de Paris 2024, a boxeadora argelina Imane Khelif, de 25 anos, decidiu iniciar outro embate, mas desta vez na Justiça. O advogado da atleta, Nabil Boudi confirmou que prestou uma queixa, na França, por “cyberbullying agravado”, após a cliente ser vítima de transfobia, mesmo ela sendo uma mulher cis gênero.

Imane Khelif em pódio das Olimpíadas de Paris 2024

Imane Khelif em pódio das Olimpíadas de Paris 2024 – Foto: Divulgação/Ariana Cubillos/ND

Pelas redes sociais, o advogado argumentou que os danos causados pelo linchamento virtual vão permanecer, mesmo com a vitória da boxeadora em Paris.

“A investigação criminal determinará quem iniciou esta campanha misógina, racista e sexista, mas também terá de se concentrar naqueles que alimentaram este linchamento digital”, afirmou.

A boxeadora venceu a final dos -66 quilos nas Olimpíadas de Paris na noite de sexta-feira (9), três anos após a participação nos Jogos de Tóquio, quando seu gênero não foi alvo de polêmica.

Foram milhares de pessoas que participaram do linchamento virtual de Imane nas redes sociais. Entre elas, alguns nomes famosos, como a escritora de “Harry Potter”, J.K.Rowling, e o dono do X, Elon Musk.

 

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Polêmica

A polêmica começou no Mundial de Boxe de 2023, quando o presidente da IBA (Associação Internacional de Boxe), Igor Kremlev, informou que testes realizados para o mundial apontaram que Khelif e a taiwanesa Lin Yu-ting “tinham cromossomos XY e foram, portanto, excluídas dos eventos esportivos”.

No entanto, o COI (Comitê Olímpico Internacional) realizou uma revisão completa e confirmou sua elegibilidade para competir na categoria feminina nas Olimpíadas de 2024.

Para o COI, mulheres transgênero devem ter completado a transição antes dos 12 anos para competir na categoria feminina nas Olimpíadas.

Além disso, o comitê avalia que os níveis de testosterona não devem ser usados como índice exclusivo para determinar se uma pessoa é trans, ou não.

Imane Khelif nas Olimpíadas e quando criança – Foto: Reprodução/ND

Quem é Imane Khelif

Khelif cresceu na zona rural de Tiaret, na Argélia. Segundo a Unicef, instituição da qual ela é embaixadora, a jovem se destacou no futebol aos 16 anos, apesar do futebol não ser visto como um jogo adequado para meninas.

A atleta contou que os meninos em sua aldeia se sentiam ameaçados e brigavam com ela. Ironicamente, foi sua habilidade de desviar dos socos deles que a levou ao boxe.

No entanto, o boxe se tornou ainda mais desafiador. Como ela precisava viajar 10 quilômetros toda semana para treinar, começou a vender sucata para reciclagem e sua mãe, cuscuz, para arrecadar o dinheiro das passagens de ônibus.

Imane Khelif durante Olimpíadas de 2024 – Foto: Divulgação/ND

O pai dela, além de ficar muito tempo ausente de casa porque trabalhava no deserto do Saara como soldador, não aprovava boxe para meninas.

A primeira competição da carreira foi no Campeonato Mundial de Boxe Feminino em 2018, na Nova Délhi 2018. Ela foi eliminada logo na primeira rodada e ficou em 17º lugar.

A atleta não desistiu e voltou a participar da competição em 2022, quando se tornou a primeira boxeadora argelina a chegar a final. Contudo, perdeu o 1º lugar para a irlandesa Amy Broadhurst.

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