Operação Tio Patinhas: como estagiária desmanchou 90% de operação contra facção de SC

A estudante, investigada por vazar informações para uma facção criminosa, não agiu sozinha e foi paga para isso. A conclusão é do delegado responsável pela investigação, titular da Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado), Antônio Cláudio Seixas Joca. A universitária foi presa nesta terça-feira (20), em Florianópolis.

Estagiária que vazou informações da Operação Tio Patinhas foi presa pela PCSC. Ela estava no 7º período do bacharelado em direito

Estagiária que vazou informações da Operação Tio Patinhas foi presa pela PCSC. Ela estava no 7º período do bacharelado em direito – Foto: Roberto Zacarias/ SECOM/ Divulgação/ ND

A universitária, de 23 anos, que não teve a identidade revelada, cursa o 7º período de bacharelado em direito, em uma universidade privada da Capital.

Universitária teve acesso à informações da Operação Tio Patinhas

A investigação da Polícia Civil começou após a deflagração da segunda fase da Operação Tio Patinhas, em julho de 2024. À época, foram expedidas 72 ordens judiciais, entre mandados de busca e apreensão, e sequestro de bens. Contudo, a ação da estudante frustrou boa parte da ofensiva.

“Eram 45 investigados na operação, mas durante o cumprimento dos mandados, apenas cinco foram localizados nos endereços“, conta o delegado Antônio Cláudio Seixas Joca. A situação começou a ser investigada pela polícia, que recebeu informações de que os alvos foram avisados e fugiram no dia da ofensiva.

A quebra de sigilo de dados foi solicitada e identificou que a estagiária, de uma Vara da Família de Santa Catarina, acessou documentos da Operação Tio Patinhas inúmeras vezes. “Ela entrou no sistema de casa mesmo, no fim de semana que antecedeu a operação”, conta Joca.


Estudante de direito foi presa por vazar informações sigilosas para membros de uma facção – Vídeo: PCSC/ Divulgação/ ND

Estagiária não agiu sozinha, diz polícia

As investigações apontam que a universitária teve ajuda para ingressar no banco de dados e coletar as informações sigilosas. “Pelos indícios que nós temos, ela não agiu sozinha e foi paga para isso”, detalha o delegado. A universitária teria feito compras atípicas desde que passou a ser investigada.

É possível que advogados, vinculados aos alvos da operação, tenham participação no vazamento das informações. Segundo a Polícia Civil, os alvos da Operação Tio Patinhas são vinculados a uma facção criminosa, com forte atuação no estado.

Universitária foi localizada na capital catarinense

A estudante foi presa em uma casa do bairro Saco Grande, em Florianópolis. A PCSC apreendeu telefones e computadores, que passarão por perícia. Outras diligências serão realizadas para descobrir quem auxiliou a suspeita no vazamento dos dados.

A universitária é investigada por associação ao tráfico, participação em organização criminosa e violação de sigilo funcional. Somadas, as penas podem chegar a 30 anos de reclusão.

A reportagem entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.

Operação Tio Patinhas

A investigação mira em um grupo especializado em tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e venda de armas, que tinha como clientes alguns “ricaços” do Estado. A investigação apontou que ao menos 45 pessoas estão envolvidos no esquema criminoso.,

Na segunda fase da operação, cinco pessoas foram presas em flagrante por tráfico de drogas e 6kg de drogas foram apreendidos. Durante a primeira etapa, outras duas foram detidas pelo mesmo crime

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