Por que a competitividade do Brasil é uma das piores do mundo?

A competitividade de um país é medida por uma série de índices e indicadores que avaliam a capacidade de competir efetivamente em um contexto global. Essas medidas levam em consideração fatores econômicos, institucionais, sociais e tecnológicos.

O Brasil ficou na 60ª posição na mais recente edição do Anuário de Competitividade do IMD (Escola de Administração de Lausanne, na Suíça) que avaliou 64 países. Ficamos à frente apenas da África do Sul, Mongólia, Argentina e Venezuela. Assim como nos anos anteriores, seguimos entre as nações menos competitivas do mundo. Em termos práticos, são necessários quatro brasileiros para produzir o mesmo que um norte-americano. Este dado escancara a falta de produtividade nacional.

Se olharmos o cenário e nada for feito, a situação tende a ficar ainda pior. O relatório “O Futuro do Trabalho 2023”, do Fórum Econômico Mundial (WEF), mostra que os empregadores estimam que 44% das habilidades dos trabalhadores serão alteradas nos próximos 5 anos e 60% da atual força de trabalho demandará treinamento antes de 2027. De acordo com o Mapa do Trabalho 2022-2025, organizado pela CNI, o Brasil precisará qualificar 9,6 milhões de trabalhadores em ocupações industriais até 2025, fazendo grandes investimentos em formação inicial e continuada, presencial e online.

Nosso país continua sendo atrativo como mercado potencial, mas não consegue desenvolver as condições para ser competitivo. Os países competitivos possuem uma elevada e estável performance de produtividade e um sistema de educação forte e consolidado em conjunto com uma estrutura tecnológica focada em inovação. Na lista de competitividade, que ao todo compara 20 fatores, o Brasil ocupa o último lugar quando o tema analisado é educação, o que influenciou no cálculo que definiu a posição do país no ranking do IMD.

A relação entre competitividade de um país e educação é amplamente reconhecida e estudada pelos especialistas em economia e desenvolvimento. Países com alta competitividade conseguem atrair e reter os melhores talentos porque possuem os melhores programas de educação, capacitação e treinamento e, por consequência, têm melhor remuneração da mão de obra. A educação desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de uma força de trabalho qualificada, inovadora e produtiva, que por sua vez impulsiona a competitividade econômica de um país. Empresas internacionais procuram locais onde possam encontrar trabalhadores qualificados e treinados, e a qualidade da educação é um fator-chave nessa decisão.

A educação proporciona às pessoas as habilidades técnicas e os conhecimentos necessários para desempenhar suas funções de maneira eficiente. Quanto mais treinada e desenvolvida é a força de trabalho de um país, maior é a probabilidade de ter trabalhadores com competências específicas, capacitados para utilizar tecnologias avançadas e executar tarefas complexas. Essas habilidades e conhecimentos aprimorados contribuem para um aumento na produtividade no país. Um sistema educacional robusto e de qualidade ajuda a capacitar os cidadãos com as habilidades necessárias para se tornarem trabalhadores produtivos em setores competitivos.

A educação também desempenha um papel importante na promoção da inovação e do progresso tecnológico. Países com sistemas educacionais fortes têm uma base sólida de cientistas, engenheiros, pesquisadores e empreendedores capazes de gerar e aplicar novas ideias, impulsionando o desenvolvimento de setores de alta tecnologia e aumentando a competitividade em nível global. A competitividade de um país está intrinsecamente ligada à educação de sua população. Um sistema de ensino sólido é um fator crítico para impulsionar a inovação, a produtividade e a atração de investimentos, criando as bases para um crescimento econômico sustentável e uma posição vantajosa em um ambiente globalmente competitivo.

Investir em educação, treinamento e desenvolvimento é impulsionar o crescimento econômico e alcançar níveis mais altos de produtividade e, consequentemente, de competitividade.

Por Luiz Alberto Ferla

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