Por que o Níger é uma nova Frente na moderna Guerra Fria

Um golpe de estado em uma nação africana pobre não é inédito, mas p centrxto geopolítico moderno dá a ele um significado global mais abrangente. A nação do oeste africano do Níger depôs seu governo em um golpe militar, preparando o terreno para um confronto com o Ocidente. O Níger está em uma situação como a  maioria dos estados da África Ocidental, com seu ex-senhor francês continuando a exercer poder financeiro e militar sobre o país e Paris tentando interferir nos assuntos internos do país.

Por isso, o golpe recebeu apoio popular, com protestos exigindo a saída da França e pedindo a entrada da Rússia. Os estados africanos agora têm maior espaço político e mais opções para expulsar a influência ocidental colonial e predadora. O Níger, um país sem litoral, empobrecido e devastado pela guerra, embora rico em matérias-primas, está prestes a se tornar uma nova fronteira.

Na era da unipolaridade americana, os estados da África foram expostos ao instinto predatório do Ocidente. Pobres, desesperadas e instáveis, muitas nações africanas foram forçadas a confiar em seus antigos senhores coloniais, assim como nos EUA, para várias formas de assistência. 

No entanto, esta assistência, seja ela financeira ou militar, teve o custo de exigir que os estados africanos cumprissem os termos e condições ideológicas do Ocidente – uma forma de neocolonialismo.

O mundo mudou e agora vivemos em um ambiente geopolítico ditado por uma competição acirrada entre países poderosos – principalmente os EUA e seus aliados europeus contra rivais como China e Rússia. 

Este ambiente significa que os estados africanos têm agora outras “opções” para escolher para a sua assistência, o que lhes permite maximizar a sua própria autonomia e espaço político em vez de cumprir as condições ideológicas de outro país. 

Por exemplo, os estados africanos usam cada vez mais os mercenários do Grupo Wagner para segurança em vez da assistência ocidental, enquanto a iniciativa “Belt and Road” da China também significa que os estados africanos não podem mais ser explorados por organizações como o FMI, Banco Mundial, et caterva. 

Isso fez com que governos e militares tirassem proveito de uma reação anti-francesa na África Ocidental e a usassem para começar a expulsar a presença dos antigos mestres coloniais. Em apenas um ano, o exército francês foi expulso de Mali e Burkina Faso. O Níger é provavelmente o próximo a fazê-lo.

Se o golpe no Níger finalmente for bem-sucedido, as novas autoridades pretendem estreitar as relações com a Rússia, que pode se tornar um novo e muito menos complicado garantidor da sua segurança.  

Claro que o Níger também tem um significado estratégico. Seus suprimentos de urânio estão entre os maiores do mundo, o que é absolutamente crítico para a energia nuclear da Europa. É por esta razão que a França não está disposta a desistir do Níger sem lutar, e um potencial conflito por procuração pode surgir.

A usual atitude condescendente e colonialista do Ocidente em relação à África, um continente que busca sua própria independência e prosperidade, está cobrando seu preço. As portas estão se abrindo para outros jogadores, e é por isso que estamos aqui hoje.

 

Fonte: Russia Today

 

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Geopolítica e Exopolítica por Ana Lucia Ratuczne

Notícias, análises e história envolvendo relações de poder entre os Estados e territórios, considerando as vias políticas, diplomáticas e militares, como também o estudo político dos principais atores, instituições e processos associados à vida extraterrestre.

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