Falta de saneamento básico e esgotos clandestinos pautam debate nos Ingleses, na capital

A preocupação com a falta de adoção de uma política pública eficiente para o saneamento básico da praia dos Ingleses, no Norte da Ilha de Florianópolis, pautou a audiência pública promovida pela  Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público do Parlamento na tarde desta terça-feira (5) na sede da Associação dos Funcionários da Assembleia Legislativa, no bairro Ingleses, na capital.

Com a participação dos deputados Sargento Lima (PL), proponente do evento, Marquito (PSOL), de  lideranças comunitárias, agentes políticos locais e representantes da Casan, da Prefeitura Municipal de Florianópolis, o debate foi provocado pela reclamação de moradores da região que pleiteiam uma ação efetiva para combater a poluição da praia. Eles alegam que é comum a emissão de vários efluentes despejados clandestinamente na praia sem nenhum tratamento.

Preocupação

O deputado Sargento Lima foi taxativo ao considerar a realidade preocupante.

“Nós estivemos aqui reunidos com pessoas da localidade, que pediram essa audiência pública para buscar meios ou soluções para a adoção de políticas públicas visando facilitar ou minimizar esses impactos. Florianópolis é uma ilha e praias contaminadas afastam os moradores e turistas”, avaliou.

Abraço ao Rio Capivari

Para Ciro Lima, diretor da Associação dos Moradores dos Ingleses e criador do Movimento Abraço ao Rio Capivari, o problema do esgoto na Praia dos Ingleses continua sem uma atenção das autoridades públicas. Ele reclama que desde 2017 há despejo de dejetos clandestinos no local.

“A situação do esgoto continua a mesma”, lamenta. Ele atesta que desde 2017, quando começou o Movimento Abraço ao Rio Capivari, a realidade se mantém inalterada.

“Esgoto clandestino, sem tratamento e nada. O problema é que grande parte dos Ingleses não vai ter tratamento de esgoto e isso acarreta enormes prejuízos”, disse, destacando que os moradores estão jogando esgoto na rede fluvial, que escoa e polui totalmente a praia.

Ele pontua que essa realidade aumenta ainda mais no verão, quando o número da população triplica. “A poluição é bem maior na temporada”, informou, afirmando ainda que o novo sistema de tratamento da Casan não foi implantado.

Uma cidade a mais

Informações da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis indicam que a praia dos Ingleses tem uma área de 20,47 km² e apresenta uma população estimada em 80 mil pessoas. O distrito é considerado uma cidade dentro da cidade de Florianópolis. Na temporada, essa população é três vezes maior.

Investimentos da Casan

De acordo com o superintendente Regional da Casan, o engenheiro Filipe Alcioní, a estação de tratamento na região iniciou em 2017. Ele destacou que em outubro será entregue mais uma ampliação da rede. A Casan informou que tem R$ 100 milhões para investir nos Ingleses.

“ A Casan é sempre parceira. Acreditamos que a discussão é saudável e a informação sempre bem vinda. E trazer a informação de forma correta e organizada é importante. Estamos aqui para esclarecer. Hoje os Ingleses já tem uma cobertura, mas é pequena”. Ele informou que no início de outubro, a Casan vai entregar uma ampliação da estação de saneamento. “Vamos dobrar a capacidade de atendimento”, revelou.

Alcioní comenta que uma diversas ações são realizadas em parceria com a Prefeitura da Capital, visando a fiscalização e o combate ao esgotamento clandestino.

Fiscalização e notificação

O Superintendente de Saneamento Básico da Prefeitura Municipal de Florianópolis, Bruno Vieira Luiz, ressalta que a prefeitura fiscaliza e notifica quem faz ligação clandestina para a rede pluvial que desemboca no mar. “Temos reforçado as fiscalizações do esgoto irregular. Temos cinco programas de fiscalização para melhorar a balneabilidade de nossas praias, mas infelizmente a população não coopera”, admite.

Rever contrato 

O deputado Marquito (Psol), presidente da Comissão de Turismo e Meio Ambiente da Alesc, que prestigiou o evento, destacou a necessidade de rever o plano de saneamento básico do contrato da prefeitura com a Casan e, junto com o Poder Legislativo, encontrar uma solução para sanar o problema.

“ Além de perdermos a balneabilidade, temos perdido os rios que cortam a nossa Capital. A poluição das águas se transforma em um problema de saúde pública”, observa Marquito. “A  Assembleia Legislativa acerta muito neste debate. Precisamos ver o que consta no Plano de Saneamento Básico, quais as metas, e o contrato da Prefeitura com a Casan, e auxiliar, enquanto Parlamento, para uma solução”, avalia.  Ele pontua que a falta de saneamento traz problemas de saúde pública e de qualidade ambiental. “ Temos tudo para adotar na Ilha o saneamento ecológico”, afirmou o deputado.

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