‘Arrastou por 14 metros’: mulher fica gravemente ferida após atropelamento no réveillon

Por Fernando Bortoluzzi | Fotos: Arquivo pessoal

Motorista fugiu sem prestar socorro, mas se apresentou à polícia três dias depois

O que era para ser uma noite de celebração e renovação, terminou com uma mulher gravemente ferida após ser atropelada por uma caminhonete na saída de uma festa de réveillon em Araranguá, no Litoral Sul de Santa Catarina. Viviane de Oliveira, de 49 anos, sofreu diversas fraturas, queimaduras e uma perfuração no pulmão.

O caso ocorreu na saída de um hotel no Morro dos Conventos, por volta das 4h30 do último dia 1º de janeiro. O autor fugiu sem prestar socorro após atropelar uma segunda pessoa, mas se apresentou na sexta-feira (3) à Polícia Civil (PCSC), que pediu a prisão preventiva e busca agora localizar o homem.

 

Uma semana após o atropelamento, Viviane está internada no Hospital Regional Deputado Afonso Guizzo (HRA) em Araranguá, sem previsão de alta. Em entrevista ao TVBV Online, ela conta que perdeu os movimentos da parte de baixo do corpo. “Sofri queimaduras nas costas, por causa do asfalto. Entrou muita brita e ficou a marca do pneu nas minhas costas. O braço esquerdo arrancou toda a pele. Não tenho onde colocar a medicação, só na jugular, não tenho mais veias no corpo pra isso”, conta a vítima.

Além das queimaduras, Viviane fraturou uma perna, três costelas, a bacia e diversas vértebras. Mas esses ferimentos graves que não foram totalmente identificados no primeiro atendimento. Após o atropelamento, ela foi levada a um hospital próximo pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mas recebeu alta no mesmo dia. Ainda sentindo muita dor, Viviane procurou um hospital particular, que indicou novamente que o tratamento poderia ser feito em casa com medicação.

Foi somente quando ela acionou novamente o SAMU e foi levada ao HRA que a seriedade do caso foi revelada. “O médico falou que minha recuperação é em torno de 30 a 90 dias, mas só darei alta quando eu começar a movimentar as pernas. Tenho várias sequelas, e como depende dos meus ossos se recomporem, dificulta”, conta Viviane.

Como ocorreu o atropelamento

De acordo com as informações levantadas pela PCSC, o atropelamento ocorreu por volta das 4h30 do dia 1º de janeiro de 2025. Além de Viviane, diversas pessoas transitavam pelo local no Morro dos Conventos, quando uma caminhonete Chevrolet S10 azul entrou em alta velocidade na contramão. Na entrevista, Viviane relatou com detalhes o momento traumático.

Enquanto nós subíamos a estrada, desceu uma caminhonete na contramão. Ele se deparou com a polícia e voltou de ré. Nisso, ele me pegou na calçada, só que enganchou minha roupa. Eu pedi ‘socorro, socorro’. Eu fui revirando para baixo do carro, batendo cabeça no chão. Fiquei por baixo do carro, só que eu não fiquei parada. Ele foi me arrastando por 14 metros, me levou para o outro lado, deu ré. Por último, ele passou com a roda na minha cabeça.

Câmera de monitoramento flagrou caminhonete em alta velocidade no Morro dos Conventos. Imagem: Reprodução

O delegado regional da PCSC em Araranguá, Diego Archer de Haro, confirmou o relato de Viviane, e inclusive que após atropelar a mulher, o autor atingiu um amigo da vítima que também estava no local, antes de entrar em fuga.

Três dias depois, na sexta-feira, o motorista se apresentou na delegacia. “Em razão disso, a situação de flagrante não pôde ser caracterizada, mas o delegado plantonista representou pela prisão preventiva do condutor, que foi decretada pelo Poder Judiciário com uma manifestação favorável do Ministério Público”, explica o delegado.

O responsável é agora procurado pelos policiais para o cumprimento do mandado de prisão. As investigações seguem com a coleta de laudos, depoimentos de testemunhas e imagens de câmeras no local para fortalecer o indiciamento e buscar a responsabilização criminal do autor dos atropelamentos. Segundo Viviane, a PCSC ainda não entrou em contato para pegar um depoimento dela, mas os advogados já foram acionados.

‘Eu sou realmente um milagre’

Mesmo ainda no início de um longo caminho de recuperação, sofrendo com a dor e os espasmos, Viviane busca não perder a fé de que tudo isso irá passar. “Não vou dizer que está sendo fácil, mas eu estou procurando estar na presença de Deus e tentar perdoar quem fez isso. Mas nada impede que eu queira que ele seja punido. O fato de ele me arrastar daquele jeito, eu pedindo socorro, e ele não parar. Essa cena nunca vai sair da minha cabeça”, disse ao TVBV Online.

Além disso, a autônoma fez um agradecimento especial a toda a equipe do Hospital Regional de Araranguá pelos cuidados: “Uma equipe incrível e um atendimento fantástico. Todo o suporte com fisioterapeuta, ótimos enfermeiros, nutricionistas, direção. Um suporte que te dá tranquilidade. Porque tanto um policial rodoviário federal, quanto uma enfermeira, disseram que nunca viram alguém chegar no estado que eu cheguei vivo, que eu sou realmente um milagre”.

           

             

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