A DANÇA VAI À ESCOLA: BAILARINA E COREÓGRAFA ERIKA ROSENDO CIRCULA ESPETÁCULO SOLO

Como se constrói o autorretrato de uma bailarina? Que tintas ela usa? Que frases, que versos? Que cenas ela edita para compor um documentário, um registro do e em seu próprio corpo? Essas percepções e reflexões estão no centro da proposta do espetáculo solo “Autorretrato”, que a bailarina e corógrafa Erika Rosendo leva à comunidade escolar de instituições públicas de ensino de quatro cidades de Santa Catarina: Jaraguá do Sul, Canelinha, Itajaí e São José. Com a dança, ela entrega aos alunos, professores, funcionários e comunidade, a trajetória escrita em gestos, a história pintada em passos e retratada no próprio corpo que se transforma, se modifica e se reconstrói a cada novo ciclo da vida. A circulação de “Autorretrato” nesses “palcos alternativos”, com apresentações gratuitas, contribui para a descentralização da Arte da Dança e oportuniza o acesso para um público diverso, como uma estratégia de investimento na formação de públicos à dança e arte contemporânea. 

O ciclo de apresentações de “Autorretrato” iniciou no dia 18 de março (segunda-feira), em Jaraguá do Sul, e o palco será na Escola de Educação Básica Julius Karsten (R. Waldemar Rau, nº 222, Bairro Rau), a partir das 16 horas. No dia 19 de março (terça-feira), é a vez na cidade de Canelinha, às 10h30min, na EEB Bartolomeu da Silva (Rua Vereador Otaviano Angelo Darosci, nº 63 – Bairro Moura, zona rural), onde também será ministrada a oficina “Eu em estado de dança”, das 13 às 15 horas. Em Itajaí, Erika Rosendo apresenta “Autorretrato” no dia 21 de março (quinta-feira), às 16 horas, na EB Mansueto Três (R. Luís Roberto Casas – Bairro Bambuzal). E em São José, a apresentação será realizada no dia 22 de março (sexta-feira), na EEB Professora Maria do Carmo Lopes (Rua Dionísio João Amorim, s/n – Bairro Serraria), com início marcado para às 16 horas. Após cada apresentação do espetáculo, será realizada uma roda de conversa, com foco nos assuntos corpo-arquivo, corpo nas artes (dança, teatro, artes visuais, performance, literatura), autorretrato, autobiografia, dança contemporânea, com a intérprete Erika Rosendo e diretora artística Jussara Xavier. Como medida de acessibilidade hábil para diminuir barreiras comunicacionais, haverá a presença de intérprete de Libras na apresentação realizada na cidade de São José, no dia 22 de março. 

A circulação do espetáculo solo, que tem direção artística de Jussara Xavier, acontece por meio de proposta cultural selecionada pelo Edital Lei Paulo Gustavo LPG SC 2023, executado com recursos do Governo Federal e Lei Paulo Gustavo de Emergência Cultural, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Além dos espetáculos, o projeto promove a oficina gratuita “Eu em estado de dança”, para pessoas com deficiência, com ou sem experiência em dança, na cidade de Canelinha, com a meta de combater barreiras atitudinais e promover a crença de que todo corpo é capaz de dançar. A oficina, ministrada por Erika Rosendo e Jussara Xavier, conta com duas horas de duração e 20 vagas, e as inscrições podem ser feitas pelo Instagram @trajetoria.em.solo. A ação é pensada para atender pessoas desassistidas em seus direitos culturais e em situação de vulnerabilidade social. A oficina tem como proposta o desenvolvimento de um processo de experimentação em dança, com foco no corpo em seus processos de percepção e transformação. Parte da premissa de que cada corpo é autor de sua dança, e que cada dança conserva e destrói atitudes, comportamentos, pensamentos e sensações individuais. O trabalho técnico e criativo compõe-se a partir de/com dispositivos de descoberta e exploração do corpo em relação consigo, com o outro e com o ambiente. Um corpo que se revela e se compõe em dança. O espetáculo solo “Autorretrato” se destaca do cenário da produção de coreografias de pequena duração, as quais são, geralmente, veiculadas em festivais de caráter competitivo. Erika Rosendo e Jussara Xavier buscam, nesta proposta, a realização de parceria direta com diretores e professores das escolas, bem como com profissionais da dança local, tanto para assegurar a presença de um público formado por estudantes, quanto para atrair diferentes pessoas comunidade escolar. Nesta proposta cultural, a circulação de “Autorretrato” destina-se, majoritariamente, à comunidade escolar de instituições públicas de ensino, composta por estudantes matriculados que frequentam as aulas regularmente, por seus pais e/ou responsáveis, bem como, por professores e demais profissionais (diretores, supervisores, gestores, técnicos, merendeiras, etc.) que atuam na escola. 

AUTORRETRATO 

A matéria-prima na construção do “autorretrato” de uma bailarina – cujo suporte artístico é seu próprio corpo – é o gesto, a expressão presente em cada movimento. O espetáculo “Autorretrato” pensa a ideia de corpo como arquivo, um espaço vivo em que passado, presente e futuro se atravessam. Busca um olhar às experiências incorporadas, à passagem do tempo, ao envelhecimento do corpo na dança e, ao mesmo tempo, ao desejo de continuar viva em cena. Um corpo que ressignifica coisas já existentes – ao invés de criar coisas “novas”, operando na relação entre o real e o possível no aqui e agora. Um autorretrato do corpo que dança implica na composição de um corpo imagem que, simultaneamente, conserva e atualiza registros corporais próprios, e traduz a si mesmo como território marcado por constante transformação, reconfiguração de suas conexões e sentidos. Com duração aproximada de 60 minutos, o espetáculo solo é tecido entre falas e coreografias. Nesse espaço-tempo, a bailarina e coreógrafa pinta suas memórias, descreve suas experiências, e edita e reedita as transformações físicas, emocionais, intelectuais e sensitivas que compõem a moldura chamada Vida. São essa “imagens” que serão apresentadas, mostrando como o corpo tem memória, e como a bailarina se autorretrata por meio dele, oportunizando ao público da comunidade escolar nas quatro cidades que compõem a circulação, a arte da Dança Contemporânea muito mais próxima, no espaço e no imaginário de cada um. 

No espetáculo, propõe-se um jogo autorreflexivo: o corpo busca uma percepção e leitura de si, a recuperação e construção de uma identidade móvel e movente. Em cena, a artista fala e dança, combinando experiências de reconhecimento e estranhamento, lançando perguntas ao público, bem como, possibilidades de presença num modo pessoal chamado dança. O foco não é mostrar algo que já está pronto e fechado, mas volta-se a conduta de partilhar e compor junto com o público pensamentos que emergem da experimentação e da investigação em dança. “Autorretrato” é um espetáculo solo originalmente criado no ano de 2008, que segue sendo apresentado até hoje, como estratégia de continuidade e produção contínua de autorretratos da artista Erika Rosendo. A permanência de um trabalho de dança por cerca de 15 anos (período raro às produções contemporâneas, posto que o mercado majoritariamente exige a estreia anual de montagem inédita). O trabalho nasceu de uma parceria entre a diretora Jussara Xavier e a intérprete- criadora Erika Rosendo que, juntas, também produziram outras obras – “MUDA” (2022), “Com- posições. Planos para criação do (in)comum” (2012), “Nós” (2011) e “Retrato do Outro” (2009); e o projeto Laboratório das Artes do Corpo (2011, 2012). Em sua estreia, em 2008, “Autorretrato” realizou apresentações em turnês independentes e como convidado em eventos como Múltipla Dança (Florianópolis); Mostra Contemporânea de Dança do Festival de Dança de Joinville; Mostra Primeiros Passos do SESC Pompéia (São Paulo); Aldeia Palco Giratório do SESC Joinville; Projeto Repertórios SESC SC; Encontro Nacional de Dança Contemporânea (Natal); Tanzwoch Dresden (Alemanha). Ao longo do último ano, uma nova versão do espetáculo foi apresentada em uma turnê que incluiu cidades dos estados de Minas Gerais (Belo Horizonte, Paraopeba e Sete Lagoas) e do Rio Grande do Norte (Guamaré, Serra de Martins e Natal). 

FICHA TÉCNICA 

Direção artística e executiva: Jussara Xavier 

Bailarina / social media: Erika Rosendo 

Produção: Rodolfo Lorandi 

Designer: Gabriel Silveira 

Preparação técnica e ensaios: Espaço de Vivências Monte Crista – Garuva 

Link para recortes do espetáculo: https://www.youtube.com/watch?v=sON0JVB05kI / 

https://youtu.be/hZZQ6Wts2E4?si=1P-MEOHUdbyu1a6B 

Classificação indicativa: Livre para todos os públicos. 

CRONOGRAMA DE APRESENTAÇÕES 

JARAGUÁ DO SUL 

Quando: 18 de março – segunda-feira, às 16 horas 

Onde: EEB Julius Karsten (Rua Waldemar Rau, nº 222 – Bairro Rau, Jaraguá do Sul – SC) 

Apresentação + bate papo 

CANELINHA 

Quando: 19 de março – terça-feira, às 10h30min 

Onde: EEB Bartolomeu da Silva (Rua Vereador Otaviano Angelo Darosci, nº 63 – Bairro Moura, 

zona rural de Canelinha) 

Apresentação + bate papo 

Oficina “Eu em estado de dança”: Das 13 às 15 horas, também nas dependências da EEB 

Bartolomeu da Silva 

Inscrições: Instagram – @trajetoria.em.solo 

ITAJAÍ 

Quando: 21 de março – quinta-feira, às 16 horas 

Onde: EB Mansueto Três (Rua Luís Roberto Casas – Bairro Bambuzal) 

Apresentação + bate papo 

SÃO JOSÉ 

Quando: 22 de março – sexta-feira, às 16 horas 

Onde: EEB Professora Maria do Carmo Lopes (Rua Dionísio João Amorim, s/n – Bairro Serraria) 

Apresentação + bate papo 

Acessibilidade em Libras 

CURRÍCULOS ARTÍSTICOS 

Erika Rosendo (bailarina e social media) – Atua na área artística como bailarina, Intérprete, criadora, professora, ensaiadora e assistente de direção. Formada em Balé Clássico pela Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão – EDTAM (2000) e em Dança Contemporânea pela Escola do Teatro Bolshoi no Brasil (2007). Integrou o corpo docente da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, ministrando aulas de Dança Contemporânea, Composição Coreográfica e Danças Populares Brasileiras (2010-2013). 

Intérprete e criadora de uma trilogia de espetáculos solo “Autorretrato” (2008), “Retrato do outro” (2009) e “Nós – Acontecimentos da dança e vida contemporânea” (2011), com direção de Jussara Xavier. Com esses trabalhos, integrou a programação de eventos como TANZWOCHE Dresden (Alemanha), Aldeia Palco Giratório (SC), Primeiros Passos (SP), Encontro Nacional de Dança Contemporânea (RN), Múltipla Dança (SC) e Mostra de Dança Contemporânea, no 28° Festival de Dança de Joinville (2010). Atuou como bailarina e coreógrafa da AMA Cia. de Dança, com direção de Amarildo Cassiano. Dentre as premiações adquiridas na sua trajetória, recebeu o prêmio de Melhor Bailarina no 26° Festival de Dança de Joinville em 2008, com a coreografia Em Solo de sua autoria. Em Belo Horizonte/MG, atuou como professora de Dança Contemporânea na escola do Grupo Corpo/Corpo Escola de Dança e foi ensaiadora do Grupo Sala B, dirigido por Fernando de Castro (2019- 21). Atuou como bailarina do Grupo Primeiro Ato (2014), com direção de Suely Machado e integrou a equipe de professores do Primeiro Ato Centro de Dança (2019-20). Colabora como ensaiadora e assistente de direção da Paraobeba Cia. de Dança e Cia. Jovem de Paraopeba, com direção de Alan Keller. Integra o Coletivo MINA, com os parceiros Maxmiler Junio e Alan Keller. É corresponsável pelo Espaço de Vivências Monte Crista, situado em Garuva/SC, onde reside atualmente, promovendo eventos e ações artísticas e culturais. Atua como social media, produzindo conteúdos para @trajetoriaemsolo, página que comunica exclusivamente suas ações na área da dança, além de gerir sua página pessoal e a do Espaço de Vivências Monte Crista no Instagram. 

Videobiografia: https://www.youtube.com/watch?v=50_s4-siG24&t=96s 

Jussara Xavier (direção artística e executiva) – Professora substituta do curso de Licenciatura em Dança da Universidade Regional de Blumenau (FURB) desde 2017. Foi coordenadora e professora da pós-graduação Linguagem e Poética da Dança da FURB (2021-22). Realizou a concepção e direção de vários espetáculos de dança e teatro, dentre eles “Mais sobre aquilo que prefiro acreditar que seja agora” (2016), “Ignorãça” (2015) e “Assemblage” (2013). Em parceria com Erika Rosendo: “Muda” (2022), “Com-posições. Planos para criação do (in)comum” (2012), “Nós” (2011), “Retrato do outro” (2009), além da série “Autorretrato”, desde 2008. Foi bailarina profissional nos grupos Raça Cia de Dança e Cena 11 Cia de Dança. Publicou e organizou vários livros, dentre eles “Corpo, corpo meu, que dança sou eu?” (2022), “Tudo isto é dança” (2021), “Tubo de Ensaio. Composição [Intervenções + Interseções] (2016), “Grupo Cena 11. Dançar é conhecer” (2015), “Histórias da Dança” (2011) e “Pesquisas em Dança” (2008). Na função de coordenadora dos Seminários do Festival de Dança de Joinville, organizou as edições e os livros “1, 2, 3 e já! A criança pinta, borda e dança” (2018) e “Dança não é (só) coreografia” (2017). Responsável pela pesquisa, produção e direção do documentário “Ballet Desterro: Contemporaneidade na Dança Catarinense” (2010). Foi coordenadora e curadora do Festival Internacional Múltipla Dança, com 11 edições realizadas; professora substituta dos cursos Tecnologia em Produção Cênica (UFPR, 2021-22) e Graduação em Teatro (UDESC, 2011-16); gestora de projetos, coordenadora técnica e professora da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil (2001-08). Concebeu e realizou vários projetos como Tubo de Ensaio, fora da caixa, Laboratório Corpo e Dança e Laboratório das Artes do Corpo. Pesquisadora do Programa Rumos Itaú Cultural Dança (2000-09) e redatora da Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. No site Midiateca de Dança (https://midiatecadedanca.com/) disponibiliza gratuitamente livros, textos e vídeos de sua autoria, além de um acervo documental sobre a dança catarinense. Pós Doutora em Filosofia (UFSC), Doutora em Teatro (UDESC), Mestre em Artes – Comunicação e Semiótica (PUC/SP), Especialista em Dança Cênica (UDESC), Bacharel em Administração (UFSC) e Licenciada em Artes Visuais (Claretiano). 

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