Por que cérebro de Maguila será doado para universidade? Entenda como ciência pode usar órgão

O cérebro de Maguila, ex-pugilista morto nessa quinta-feira (24), deve ser doado para a USP (Universidade de São Paulo). A vontade foi manifestada pelo próprio boxeador, durante entrevista a uma emissora de televisão. Ele tinha o desejo de contribuir para o desenvolvimento da ciência na área da saúde.

Cérebro de Maguila deve ser doado para a Universidade de São Paulo contribuir com a ciência

Cérebro de Maguila deve ser doado para a Universidade de São Paulo contribuir com a ciência – Foto: R7/ Reprodução/ ND

Em 2013, Adilson Maguila foi diagnosticado com demência pugilística e sofria de ETC (encefalopatia traumática crônica), uma doença similar à Doença de Alzheimer, que provoca a degeneração progressiva de células do cérebro. A doença afeta, geralmente, atletas do pugilismo devido aos repetidos golpes na cabeça.

Cérebro de Maguila poderá contribuir com a ciência

Durante entrevista ao programa Globo Esporte, da rede Globo, o ex-lutador disse que queria doar seu cérebro para estudos e pesquisas sobre a doença que tratava. Segundo o Uol, na ocasião, Maguila também declarou que não tinha pressa para isso, pois viveria até os 100 anos.

A USP possui um grupo de pesquisa que analisa as consequências de repetidos impactos na cabeça sofridos durante a prática esportiva, principalmente, em atletas de futebol, boxe e rúgbi. Maguila chegou a assinar um termo junto à Universidade, manifestando seu desejo.

Maguila sofria sofria de ETC (encefalopatia traumática crônica), uma doença similar ao Alzheimer causada pelas repetidas pancadas levadas na cabeça ao longo de sua carreira no boxe

Maguila sofria sofria de ETC (encefalopatia traumática crônica), uma doença similar ao Alzheimer causada pelas repetidas pancadas levadas na cabeça ao longo de sua carreira no boxe – Foto: Hélvio Romero/ Estadão Conteúdo/ ND

O que é encefalopatia traumática crônica?

A ETC (encefalopatia traumática crônica), também chamada de ‘demência do pugilista’, é uma doença que causa a degeneração das células cerebrais, provocada por lesões na região da cabeça.

Em geral, a condição costuma afetar atletas de pugilismo — caso do ex-boxeador Maguila — por conta dos frequentes impactos das lutas. Os pacientes que sofrem com ETC apresentam sintomas semelhantes aos da doença de Alzheimer — um dos principais desafio no diagnóstico.

Os sintomas de ETC, geralmente, são tontura, dores de cabeça crônicas, perda de memória, problemas motores e alterações cognitivas. Mudanças de comportamento, como ansiedade e impulsividade, também podem ocorrer.

Qual será a contribuição do cérebro de Maguila para a ciência?

Os estudos com órgãos de atletas auxiliam o desenvolvimento da ciência na identificação de alterações em decorrência da prática esportiva. No caso do cérebro de Maguila, a pesquisa poderá auxiliar na identificação precoce de ETC e no tratamento da condição.

Cérebro do ex-lutador, Éder Jofre (1936-2022), também foi doado para estudos da USP

Cérebro do ex-lutador, Éder Jofre (1936-2022), também foi doado para estudos da USP – Foto: YT/ Reprodução/ ND

Além de Maguila, outros ex-atletas também manifestaram o mesmo desejo, que foi respeitado após suas mortes. O zagueiro Bellini (1930-2014), capitão do 1º mundial da seleção brasileira de futebol, também doou o cérebro para a USP. Um análise póstuma do órgão mostrou diagnóstico de ECT.

O mesmo aconteceu com Éder Jofre (1936-2022), maior boxeador peso-galo de todos os tempos. Após a morte, descobriu-se que o lutador também sofria de encefalopatia traumática crônica.

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