Há 10 anos, na UFSC, Pepe Mujica, que morreu nesta terça-feira, se dizia ‘apaixonado pela vida’

Mujica esteve na UFSC em 2015. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

O ex-senador, ex-ministro e ex-presidente do Uruguai José Mujica, o Pepe Mujica, que morreu nesta terça-feira, 13 de maio, há quase uma década lotava o Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, e se dizia apaixonado pela vida. Ele participou da cerimônia de abertura da 11ª Conferência da Juventude Latino-Americana sobre Mudanças Climáticas (COY11) e falou para cerca de 1,3 mil pessoas sobre o futuro, com mensagens também sobre o que era, naquele momento, o tempo presente. “A vida é linda se dedicada a uma causa de progresso humano”, disse.

Mujica brincou que estava em Florianópolis não por obrigação, mas porque quis, não para ir à praia, mas para falar com os jovens, em quem depositou tanto sua esperança quanto uma carga de responsabilidade. “Vocês vão ter o gigantesco desafio de lutar com brandura, serão menos primitivos. Serão menos fortes, mas muito mais inteligentes. Isso não pode ser garantido pelo governo, é assunto cultural”, disse.

“As duas caras têm patologias”, disse Mujica

O ex-presidente lembrou que a existência tanto de grupos que lutam por mudanças quanto de conservadores é anterior à classificação entre esquerda e direita, mas alertou: “as duas caras têm patologias; a cara da mudança cai no infantilismo, que confunde desejo com realidade. A conservadora pode cair no reacionário ou até fascista”. Ele também disse que “a economia não pode ser separada da ética e da conduta humana”.

O líder latino-americano ainda expressou sua revolta com as desigualdades e criticou o consumismo. “A América Latina é muito rica em recursos naturais e é um paradoxo que haja gente passando fome”. Na sua visão, a integração era um dos caminhos para enfrentar a modernidade. Ele achava que a aproximação maior entre os países da América Latina “não significa perder independência, significa juntar forças para manter a independência”. Naquele momento, ele acreditava que a independência dos países latino-americanos coincidia com a formação do mercado mundial. “Passamos quase 300 anos olhando para os lados sem olhar para nós”.

Organizadores do COY11 posam com o palestrante na UFSC. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Mujica enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu, onde cultivava flores e hortaliças. Conhecido como “presidente mais pobre do mundo” por seu estilo de vida simples, por dirigir um fusca dos anos 1970, doar parte do salário para projetos sociais e pelas reflexões políticas com forte teor filosófico, Mujica presidiu o Uruguai de 2010 a 2015.

Com informações da Agência Brasil

 

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