O Dia Mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), 19 de maio, tem o objetivo de alertar a população sobre os riscos e prevenção a essas doenças. Junto com a campanha Maio Roxo, a ação visa aumentar o conhecimento sobre as DIIs, promover o diagnóstico precoce e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
As DIIs são doenças inflamatórias crônicas do trato digestivo, de natureza autoimune, ou seja, o sistema imunológico do corpo ataca as células saudáveis do intestino. Os sintomas podem incluir dor abdominal, diarreia, sangramento retal, perda de peso, fadiga e dores nas articulações.
Os exemplos mais comuns são a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Nestes casos, o diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento e controle, visto que essas doenças podem causar dor, desconforto, ansiedade e depressão. O tratamento das DIIs é individualizado e pode incluir medicamentos para controlar a inflamação, imunossupressores e, em alguns casos, cirurgia.
Segundo Arthur Peixoto, cirurgião geral e professor do Idomed, a prevenção e o diagnóstico precoce das doenças é importante para o tratamento. “Antes, esses sintomas intestinais como sangramentos e diarreia eram motivo de vergonha e poderiam até ser negligenciados”, diz. Arthur destaca a necessidade da colonoscopia como exame diagnóstico principal e o acompanhamento médico de rotina para acompanhamento da doença.
“Alterações da nossa rotina atual também podem ser gatilhos para as doenças inflamatórias, como o fumo, álcool e nossa dieta desregulada”, lembra. Ao longo do mês, a campanha Maio Roxo envolve diversas instituições de saúde e associações, que promovem ações informativas, palestras, eventos e campanhas de mídia para aumentar o conhecimento sobre as DIIs.
Dieta adequada
Uma alimentação adequada pode integrar o tratamento de pacientes com doenças inflamatórias crônicas do trato digestivo. O equilíbrio nutricional contribui para prevenir a deficiência de nutrientes e promover alívio dos sintomas. Não há uma dieta específica para o paciente com DIIs. Porém, alguns cuidados são importantes no tratamento nutricional destas doenças, tanto na fase da atividade quanto na fase da remissão.
Professora de Nutrição, Arissa Felipe explica que o acompanhamento alimentar é importante para manter um equilíbrio nutricional. “Isso vai contribuir para o bem-estar do paciente, além de melhorar a cicatrização, restaurar as células da mucosa gastrointestinal e prevenir a deficiência de alguns nutrientes”, diz, ao lembrar que muitos pacientes ficam limitados com relação à ingestão de alguns alimentos. “Essas restrições
podem trazer algumas deficiências nutricionais, que serão corrigidas com ajuda profissional”, frisa.
Uma alimentação saudável e balanceada, com carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas, minerais e fibras, pode trazer benefícios no trato digestivo. Outras recomendações nutricionais para o paciente com DII incluem: realizar várias refeições ao longo do dia, consumindo volumes menores; comer devagar e mastigar bem os alimentos; e ler o rótulo dos alimentos para escolha adequada de produtos. A higienização adequada de frutas, verduras e legumes ajuda a evitar contaminações. Entretanto, é sempre importante seguir as recomendações de um profissional de saúde.
Política Nacional
Conforme a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), cerca de 5 milhões de pessoas sofrem com as DIIs no mundo. A maior incidência ocorre em adolescentes e adultos entre 15 e 40 anos. No Brasil, a taxa gira em torno de 100 casos para cada 100 mil habitantes no SUS.
Em abril de 2025, o Senado Federal aprovou hoje o PL 5307/2019, que institui a Política Nacional de Assistência, Conscientização e Orientação sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais — Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa. O projeto prevê incentivo à realização de campanhas de conscientização, programas para orientação e acolhimento a pacientes e mutirões para execução de colonoscopias em hospitais públicos. Também estabelece o prazo de 30 dias contados a partir da consulta, para a realização de exames laboratoriais e de imagem nos casos de suspeita clínica dessas doenças. A matéria segue para sanção presidencial.