Salto no número de homicídios em Florianópolis pode ter relação com conflitos de facções

Nos primeiros 5 meses do ano foram 20 homicídios na Capital, contra oito no mesmo período do ano passado

Salto no número pode ter relação com confrontos entre facções (Foto: Tiago Ghizoni, Arquivo NSC Total)

Florianópolis teve um salto no número de mortes violentas de 2023 para 2024. Nos primeiros cinco meses desse ano foram 20 homicídios na Capital, contra oito no mesmo período do ano passado. A tendência vai na contramão, por exemplo, de Joinville, maior cidade do Estado, onde o número foi de 30 no ano passado para 17 este ano, considerando apenas janeiro a maio.

Os dados são da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Santa Catarina, divulgados no boletim mensal, na segunda-feira (10). De modo geral, em todo o Estado, houve um leve aumento no número de vítimas de mortes violentas de 2023 para 2024, considerando os primeiros cinco meses do ano.

De janeiro a maio de 2023, 31 pessoas foram vítimas de mortes violentas em Santa Catarina. Já em 2024, este número foi para 37. O dado inclui, por exemplo, vítimas de feminicídio.

Disputa de território entre facções

Guilherme Stinghen Gottardi, presidente da Comissão de Segurança, Criminalidade e Violência Pública da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), considera que o aumento no número de mortes violentas em Florianópolis esteja relacionado a uma disputa territorial entre grupos criminosos rivais.

— Nessa contagem, além dos latrocínios, também estão incluídos os feminicídios, cuja prática vem mostrando que a lei não é suficiente para garantir a segurança das mulheres — considera.

No caso dos feminicídios, para Gottardi, é necessário o planejamento e aumento da estrutura física e de pessoal da Polícia Civil nas delegacias especializadas, inclusive com atendimento 24 horas.

— Além disso, é de vital importância a criação e utilização de ferramentas tecnológicas para monitoramento das medidas restritivas deferidas pelo Poder Judiciário, bem como seja cada vez mais difundida a utilização de aplicativos que tenham o “botão de pânico”, a exemplo do App “PMSC Cidadão” da Polícia Militar, em que a vítima pode acionar a força policial por meio de um simples toque na tela do celular.

A SSP/SC afirmou, em nota, que a atuação conjunta das forças de segurança no Estado tem colocado Santa Catarina como um dos estados mais seguros do Brasil. Segundo o Atlas da Violência de 2023, Santa Catarina teve a segunda menor taxa de homicídios do país (9,7 por 100 mil habitantes), atrás apenas de São Paulo (6,6).

A pasta também associa o aumento no número de homicídios no começo de 2024 com conflitos entre organizações criminosas, “motivado por cobrança de dívida”, diz a Secretaria, em nota.

Para combater isso, as forças de segurança (Polícia Militar e Civil, por exemplo), intensificaram a atuação e as operações policiais. Além disso, têm ampliado o atendimento e combate a crimes contra as mulheres, com intensificação em ações de prevenção.

Em todo o Estado, foram implantadas 30 Salas Lilás da Polícia Civil, espaços destinados ao atendimento de vítimas de violência.

Outra iniciativa é o programa “A Mulher Tem Voz” da Polícia Civil, que prevê ações de proteção e orientação em espaços de entretenimento, como treinamento dos colaboradores para acolher e buscar ajuda em casos de violência contra a mulher.

Homicídios nos cinco primeiros meses de 2024

Mortes violentas em Santa Catarina (Fonte: SSP/SC)
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