Com atuação de grupo tático, há 7 anos sistema prisional em SC não tem rebeliões

Na tarde da última terça-feira (6), policiais penais do Grupo Tático de Intervenção (GTI) promoveram um treinamento de resposta imediata e gestão de crise dentro da Penitenciária de São José de Alcântara, na Grande Florianópolis. A reportagem do ND Mais acompanhou a simulação do GTI, apontado como uma das boas razões pela diminuição dos casos de motins nas penitenciárias do Estado. A última rebelião no sistema prisional catarinense ocorreu em 2017, segundo a SAP (Secretaria de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa).

Penitenciária de São José de Alcântara

O treinamento de resposta imediata e gestão de crise foi realizado na Penitenciária de São José de Alcântara, na Grande Florianópolis – Foto: Deny Campos/ND

O GTI foi criado para combater motins e fazer a gestão de crise dentro das penitenciárias de Santa Catarina. O grupo tático conta atualmente com 32 policiais e, conforme a secretaria, o sistema prisional catarinense é um dos mais seguros do Brasil.

“O sistema prisional tem algumas equipes especializadas. Uma delas é o GTI, que trabalha em resolução de crises, motins, rebeliões e operações também de rotina, as chamadas preventivas”, afirmou o secretário Carlos Alves.

Segundo o secretário, o GTI é considerado “uma ferramenta muito importante para a garantia da ordem e o cumprimento da lei dentro do sistema prisional”. Criado em 2016, ele atua também em presídios de outros Estados, tendo participado de operações no Ceará, Pará, Rio Grande do Norte e Roraima.

GTI é especialista em gestão de crise no sistema prisional de SC

Grupo Tático de Intervenção é treinado para realizar a gestão de crise no sistema prisional catarinense – Foto: Deny Campos/ND

Treinamento na penitenciária de São José de Alcântara

O treinamento na Penitenciária de São José de Alcântara, na Grande Florianópolis, demonstrou como o grupo atua para controlar situações de motins e rebeliões.

“A gente sempre chega e dá voz de comando. Se eles não acatarem a ordem, vamos escalonando a força, com o spray de pimenta ou, se for necessário, o disparo de balas de borracha”, explica o coordenador do GTI, Marlon Albano.

Para o operador do Grupo Tático de Intervenção, Marcelo Ortiz, é necessário disponibilidade para atuar na equipe. “O policial penal do GTI vai fazer aquele serviço um pouco mais grosso, geralmente quando há um problema ou uma operação pré-agendada”, conta.

Ortiz afirma que a equipe tática conhece todas as unidades prisionais de SC. “É o nosso ambiente de trabalho. Todos do GTI conhecem as unidades de Santa Catarina e isso facilita nossa atuação. Se a equipe chega no local, desenrolamos a operação.”

Simulação prevê gestão de crise em rebeliões

Dividido em quatro partes, o treinamento mostrou como a equipe do GTI realiza a gestão de crise no sistema prisional catarinense. A simulação foi comandada pelo coordenador Marlon Albano e acompanhada pelo secretário Carlos Alves.

Na primeira fase do treinamento, o GTI utilizou o método de intervenção nas celas em casos de início de motim. Agrupada e fortemente armada, a equipe encurralava o prisioneiro com gritos de alerta: “para o fundo, interno! Sentado e com as mãos na cabeça”.

Neste primeiro momento da operação, o objetivo era mostrar a ação do GTI em uma situação onde o preso não demonstrasse resistência. Neste caso, não houve a necessidade do uso de força maior.


Treinamento do GTI sem uso de força maior – Vídeo: Deny Campos/ND

Em caso de reação dos internos, bombas e tiros de advertência

Na segunda parte do treinamento, a equipe do Grupo Tático de Intervenção realizou a entrada nas celas utilizando bombas de efeito moral para dispersar os internos. Na simulação, foi necessário o uso de força maior, pois se tratava de uma situação de motim com investida dos prisioneiros contra o GTI.

Nesta parte, também foram necessários o disparo de balas de borracha como tiros de advertência. Os policiais sempre realizam esse tipo de disparo nas pernas dos internos apenas para neutralizá-los, sem causar prejuízos à integridade física do preso, destaca o secretário.

Grupo dispara balas de borracha como tiros de advertência – Vídeo: Deny Campos/ND

A atuação do GTI em pavilhões com diversos presos

Na terceira parte do treinamento, o Grupo Tático de Intervenção simulou a entrada na área onde os presos estariam tomando banho de sol. Novamente foram feitas duas simulações: uma sem o uso da força, pois não houve tentativa de fuga ou motim; na outra, o GTI recorreu a tiros de advertência devido a reação dos presos.

Para retardar o motim, o grupo tático utilizou bombas de efeito moral e posteriormente tiros de balas de borracha para o controle e reorganização dos prisioneiros. Nesta situação, a intervenção serve para manter em ordem um grupo maior de internos em início de motim ou rebelião.

Uso de bombas de efeito moral também faz parte do treinamento – Vídeo: Deny Campos/ND

Artes marciais para neutralizar eventuais ataques e agressões

Na última fase, o grupo tático mostrou o tipo de treinamento pessoal dos policiais penais. Em seu centro de artes marciais e defesas pessoais, os policiais apresentaram algumas técnicas utilizadas na hora de imobilizar um detento durante uma ação policial dentro das penitenciárias.

Os integrantes do Grupo Tático de Intervenção mostraram alguns tipos de golpes do jiu-jitsu. As técnicas são utilizadas durante a imobilização do preso em caso de uma possível reação, brigas ou início de motins nas penitenciárias.

Integrantes do GTI usam técnicas de artes marciais para imobilização de internos – Vídeo: Felipe Kreusch/ND

Sistema prisional catarinense tem mais de 26 mil apenados

Conforme o secretário de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa, o sistema prisional de SC movimenta diariamente cerca de 26 mil apenados. Todos os dias são realizadas conferências nominais para verificar as condições físicas dos internos.

“É feita também uma conferência estrutural para verificar as condições da cela, se tem alguma danificação e também na busca de ilícitos”, explica Carlos Alves. “Nós temos controle total de todos os cantos das nossas unidades.”

Ele revela que, nos últimos 11 meses, as facções criminosas tiveram prejuízo de mais de R$ 6 milhões em apreensões de drogas e celulares que seriam enviados para dentro do sistema prisional.

‘Trabalho pela Liberdade’ promove ressocialização dos internos

O secretário Carlos Alves também destaca que o governo de SC possui programas que facilitam a reinserção dos presos à sociedade. Um desses projetos é o “Trabalho pela Liberdade”.

“Em Santa Catarina temos 34% dos presos trabalhando, enquanto no Brasil a média é de 19%. Além disso, temos os programas de educação, que atingem mais de 54%”, enfatiza Alves.

A missão da SAP é aumentar o número de vagas para dar mais oportunidades de reinserção dos presos à sociedade. “Estamos procurando meios para a construção de mais seis mil vagas, para acabar com esse déficit. Temos algumas ampliações e outras são construções novas, que já estamos mapeando os locais adequados para incluir essas unidades”, finaliza Alves.

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