Estudos em grupos de pesquisa da UFSC são referenciais para obra em homenagem a livro de Pierre Bourdieu

Uma publicação de coletânea em homenagem aos 30 anos de A miséria do Mundo, de Pierre Bourdieu, acaba de ser lançada. Intitulada Miséria e Sofrimento na Educação Brasileira, a obra foi criada organizada em seis partes, tendo como referência estudos desenvolvidos a partir de entrevistas no quadro de grupos de pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A organização do livro foi feita pela professora Ione Ribeiro Valle, professora do Departamento de Estudos Especializados em Educação, e a publicação é da Editora da UFBA.

A primeira parte – “Fazer Sociologia da Educação com Pierre Bourdieu” –, situa a leitura na obra de Pierre Bourdieu, no quadro da dinâmica reflexiva e analítica adotada por ele e por seus colaboradores em A Miséria do Mundo. Já na segunda parte – “Políticas Neoliberais, Educação e Pós-Graduação” –  os autores abordam mudanças introduzidas no campo educacional, a partir de “novos” modelos de gestão, envolvendo a qualidade e a internacionalização, além das ambiguidades entre as conquistas e as misérias vividas e sentidas ao longo do percurso doutoral. A terceira parte – “Profissionais da Educação: ‘A Mão Esquerda do Estado’” – traz as dificuldades enfrentadas para exercer os diferentes métiers no campo educacional, e isso desde a formação universitária, decorrentes da “demissão do Estado”, das próprias políticas de ação afirmativa, e de verdadeiras armadilhas impostas atualmente pelas redes sociais.

A quarta parte – “Limites e Contradições da Democratização da Educação” – oferece a análise de obstáculos às políticas de expansão das oportunidades educacionais, enredadas em dinâmicas institucionais que distanciam os percursos escolares e que favorecem os mais favorecidos, assim como a ausência de expectativas para os que acessam tardiamente a escolarização e vislumbram novas oportunidades profissionais. A quinta parte – “Magistério como Estratégia de Inserção e Progressão Profissional” – analisa maneiras postas em prática para construir uma carreira no magistério tendo em vista a necessidade de se reclassificar ou de evitar a desclassificação social, assim como as condições adversas enfrentadas durante as trajetórias escolares e de progressão profissional. E na sexta e última parte – “As violências se multiplicam, se diversificam, se sobrepõem e atravessam fronteiras” – são postos em evidência os impactos da distribuição desigual dos diferentes capitais, promotora de formas de discriminação, de violências (grandes e pequenas) e de exclusão social e profissional, que se inscrevem nos corpos das vítimas como “efeito de destino” e vêm sendo naturalizadas.

A obra se encerra com um texto de Nonna Mayer, traduzido para português, intitulado: A entrevista segundo Pierre Bourdieu. Análise crítica de A Miséria do mundo, publicado pela Revista Francesa de Sociologia em 1995.

Mais informações no site da EdUFBA.

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