Infecções bacterianas de Madonna e Stênio Garcia podem ser identificadas rapidamente por biologia molecular

Durante as últimas semanas, você provavelmente se deparou com dois casos de famosos que tiveram infecções e foram internados. Madonna, 64, cantora norte-americana, com um quadro de pneumonia, que progrediu para sepse, e Stênio Garcia, 91, ator brasileiro, também com sepse, conhecida como septicemia ou infecção generalizada.

“A sepse é uma resposta inflamatória desregulada do corpo a uma infecção. Ela é caracterizada pela presença de infecção suspeita ou confirmada, juntamente com sinais e sintomas sistêmicos de resposta inflamatória, como febre, frequência cardíaca acelerada, frequência respiratória elevada, alteração do estado mental, entre outros. Além disso, existe a presença de disfunção orgânica com risco de ameaça à vida. Existem basicamente dois estágios de gravidade da sepse: a Sepse e o Choque séptico”. explica Dr. Fernando Gonçalves, médico intensivista do Hospital VITA, em Curitiba (PR).

A sepse é uma infecção associada ao menos a uma disfunção orgânica, e pode ser manifestada por alguns sintomas como, por exemplo, baixa pressão arterial persistente, diminuição da função renal, níveis anormais de coagulação sanguínea, alterações no sistema respiratório ou disfunção do sistema imunológico. Já o Choque séptico é o estágio mais grave da sepse e é uma emergência médica. Nesse estágio, além dos sinais comuns de sepse, há uma queda significativa da pressão arterial que não melhora com a reposição adequada de líquidos, sendo necessário o uso de medicações vasopressoras, para subir a pressão.

O principal patógeno causador da sepse são as bactérias, mas vírus ou fungos também têm o poder de progredirem para quadros de septicemia, apesar de serem menos comuns. Segundo Gonçalves, o vírus da gripe (influenza) e o vírus da herpes simples são os mais comuns de causarem sepse. Já na classificação de fungos, a Candida é mais recorrente.

Assim como na maioria das doenças, o diagnóstico rápido e certeiro da sepse faz toda a diferença, principalmente porque existe a possibilidade de todas as infecções evoluírem  para sepse e de forma rápida. “A sepse ocorre quando a resposta inflamatória do corpo à infecção se torna desregulada, resultando em uma cascata de eventos prejudiciais. Nem todas as infecções desencadeiam essa resposta descontrolada”, destaca o médico.

Ainda segundo o Dr. Gonçalves, os principais sintomas para esse quadro são: febre ou hipotermia (temperatura corporal anormalmente alta ou baixa); frequência cardíaca acelerada (taquicardia) e respiração rápida; alteração do estado mental, como confusão, sonolência intensa ou dificuldade de despertar; respiração rápida e dificuldade respiratória, pressão arterial baixa (hipotensão) que não responde adequadamente aos fluidos intravenosos e diminuição da produção de urina.

Diagnóstico rápido e tratamento certeiro são essenciais

No caso da Madonna, e segundo o portal norte-americano TMZ, a cantora ignorou o quadro de febre por cerca de um mês, antes de dar entrada no hospital, o que pode ter contribuído para que seu estado se tornasse mais grave. “A sepse pode progredir rapidamente e se tornar uma condição grave e potencialmente fatal. Portanto, é fundamental procurar atendimento médico imediatamente se houver suspeita de sepse, especialmente se houver sinais e sintomas graves. Os sintomas da sepse podem variar de pessoa para pessoa. Mas a presença de alguns desses sintomas em combinação com uma infecção suspeita ou confirmada deve ser motivo de preocupação e avaliação médica urgente. Quanto mais tardio o início do tratamento, maior o risco de desenvolver disfunções orgânicas. Quanto mais disfunções orgânicas, maior a probabilidade de complicações e óbito”, alerta Goncalves, médico intensivista do Hospital VITA.

Diferentemente da cantora, Stênio Garcia teve outros sintomas. Com fortes dores nas pernas, o ator procurou o hospital com urgência e já deu entrada com um quadro de septicemia aguda. O médico explica que a infecção generalizada em idosos tende a ser mais perigosa. “Os idosos têm maior probabilidade de desenvolver sepse devido a uma combinação de fatores, como um sistema imunológico enfraquecido, maior incidência de doenças crônicas e maior suscetibilidade a infecções. Além disso, as infecções em pessoas idosas podem evoluir para sepse mais rapidamente devido a uma série de fatores, incluindo a dificuldade em reconhecer os sintomas precoces da sepse e a presença de condições médicas subjacentes que podem comprometer a resposta imunológica e a capacidade do organismo de combater a infecção”.

Estar atento aos diferentes sinais em idosos é uma tarefa para familiares e cuidadores. “Os idosos também podem apresentar sintomas atípicos ou menos evidentes de sepse, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento. Isso pode resultar em um agravamento mais rápido da sepse e um maior risco de complicações graves. Portanto, é importante que os idosos, suas famílias e cuidadores estejam atentos aos sinais e sintomas de infecção e sepse, como febre, alteração do estado mental, dificuldade respiratória e queda súbita da pressão arterial. Buscar atendimento médico imediato diante desses sintomas é crucial para um diagnóstico e tratamento precoces, o que pode melhorar as chances de recuperação”, explica.

Exame detecta patógenos e possíveis resistências a antibióticos

O tratamento é bastante complexo, mas geralmente inicia-se com antibióticos e, a medida que informações sobre o agente infeccioso são obtidas, as medicações são ajustadas. O ID8 – soluções em diagnóstico é um laboratório de Curitiba (PR), e possui em seu portfólio o exame Painel de Sepse, que identifica 36 patógenos que podem causar a infecção, além de detectar 20 genes de resistências a antimicrobianos.

Identificar, com rapidez e agilidade, a bactéria, fungo ou vírus que está causando a infecção é uma informação necessária e que pode salvar vidas, mas, além disso, saber quais antibióticos possuem ação efetiva, sem perfil de resistência pelos patógenos, também é essencial. Desta forma, é possível iniciar um tratamento adequado e com remédios que trarão respostas positivas de forma imediata.

Gabriele Grechoniak, assessora científica do ID8, destaca quais pacientes possuem  maior indicação para realização do exame. “A realização do exame é indicada para pacientes hospitalizados, com a presença ou suspeita de septicemia. O exame irá detectar o patógeno e se há alguma resistência a antimicrobianos de forma rápida e precisa. Quanto antes o médico coletar informações através do painel, mais chances de sobrevivência terá o paciente. Outro grande diferencial do nosso exame é que, além da amostra de hemocultura positiva, o Painel de Sepse possui validado a amostra de Lavado Broncoalveolar. Nesse cenário, quadros respiratórios podem ter suporte diagnóstico ainda antes de uma evolução para quadro de septicemia”.

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