Maratonista que esteve em Paris 2024, Rebecca Cheptegei morre queimada pelo ex-namorado

A maratonista ugandesa Rebecca Cheptegei morreu nesta quinta-feira (5), quatro dias após o ex-namorado atear fogo em seu corpo dentro de casa. Ela havia competido nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Maratonista Rebecca Cheptegei, que morreu queimada pelo ex-namorado

O ex-namorado de Rebecca Cheptegei invadiu sua casa e ateou fogo em seu corpo na frente das filhas da atleta – Foto: Reprodução/X

Representante da Uganda, a atleta de 33 anos ficou na 44ª posição na maratona de Paris 2024 em agosto. O médico Kimani Mbugua, que dirige a UTI do MRTH (Moi Teaching And Referral Hospital) no Quênia, anunciou que ela morreu por volta de 5h30 da manhã desta quinta-feira, no horário local.

“Os ferimentos cobriam a maior parte de seu corpo. Isso levou à falência de múltiplos órgãos. Fizemos o nosso melhor, mas não tivemos sucesso”, declarou.

“Considerando a idade e as queimaduras em mais de 80% do corpo que ela sofreu, a esperança de recuperação era pequena”, completou o médico.

Segundo a AFP, o suspeito identificado como Dickson Ndiema Marangach invadiu a casa de Rebecca Cheptegei no domingo (1º), enquanto ela estava na igreja com as filhas de 9 e 11 anos.

A maratonista morava com sua irmã e as duas filhas na cidade de Endebess, no Quênia, a 25 quilômetros da fronteira com Uganda. Quando a família voltou da igreja, o ex-namorado jogou gasolina no corpo da atleta e ateou fogo na frente das filhas, de acordo com o jornal The Standard.

O boletim policial descreve Rebecca Cheptegei e Dickson Ndiema Marangach como “um casal que constantemente tinha discussões familiares”.

O pai de Rebecca Cheptegei afirmou que o ataque contra a jovem começou por uma disputa sobre um terreno que havia comprado. “Foi o terreno que comprou que causou os problemas”, disse Joseph Cheptegei, antes de pedir ao governo que “cuide da sua propriedade e de seus filhos”.

Casos de feminicídio vitimaram atletas nos últimos anos

A morte violenta de Rebecca Cheptegei, no entanto, não é um caso isolado. O atletismo no Quênia foi marcado por tragédias semelhantes nos últimos anos, ressaltou a AFP.

Em abril de 2022, a atleta nascida no Quênia Damaris Mutua foi encontrada morta em Iten, um polo mundialmente conhecido no mundo do atletismo que fica no Vale do Rift. A suspeita é de que seu companheiro seja responsável pelo assassinato.

Em outubro de 2021, a atleta queniana Agnes Tirop, de 25 anos, morreu após ser esfaqueada em sua casa em Iten. Ela foi medalhista de bronze nos 10.000 metros nos Mundiais de 2017 e 2019 e quarta colocada nos 5.000 metros nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Seu marido Emmanuel Ibrahim Rotich está sendo processado pelo assassinato, mas nega as acusações.

Morte de Rebecca Cheptegei causa comoção

O novo caso de feminicídio no mundo do atletismo do Quênia provocou uma onda de indignação. Os dirigentes do esporte e ativistas dos direitos das mulheres condenaram o assassinato de Rebecca Cheptegei.

Os organizadores dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 expressaram “imensa tristeza e profunda indignação com a trágica morte de Rebecca Cheptegei, uma grande atleta de quem tivemos muito orgulho e que contribuiu para o sucesso dos Jogos de Paris”.

“Este crime atroz nos recorda a realidade alarmante da violência contra as mulheres. Expressamos toda a nossa solidariedade à família, aos entes queridos de Rebecca Cheptegei e ao Comitê Olímpico Nacional de Uganda”, comunicaram.

O presidente do Comitê Olímpico de Uganda, Donald Rukare, denunciou em uma mensagem na plataforma X “um ato covarde e sem sentido que provocou a perda de uma grande atleta” e condenou “de modo veemente a violência contra as mulheres”.

A confederação de atletismo do Quênia, a ‘Athletics Kenya’, afirmou que “a morte prematura e trágica é uma perda profunda” e exigiu “o fim da violência de gênero”.

Njeri Migwi, cofundadora da associação Usikimye (“Não fique calado” em suaíli), um refúgio para vítimas de violência sexual e de gênero, pediu o “fim dos feminicídios”.

A atleta romena de origem queniana Joan Chelimo disse estar “profundamente abalada e indignada” com a morte de Rebecca. “Esta violência sem sentido deve parar”, declarou no Instagram.

*Com informações da AFP

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