A ilha prometida: por que o custo de vida em Florianópolis é tão alto?

O valor pago para morar, comer e se transportar em Florianópolis faz com que a capital catarinense lidere os principais rankings de preços do Brasil. Segundo a economista Laura Pacheco, do Instituto Brasileiro de Finanças, as razões para que o custo de vida em Florianópolis seja alto envolvem desde a logística até os bons índices atribuídos ao município.

Por que o custo de vida em Florianópolis

Custo de vida em Florianópolis pode ser justificado pela localização e bons índices – Foto: Flávio Tin/Reprodução/ND

Em maio deste ano, uma pesquisa da Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) apontou que o salário mínimo necessário para uma família de quatro pessoas seria de R$ 6.912,69 para bancar o custo de vida em Florianópolis.

A análise considera que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

O valor do Dieese é abaixo da renda média mensal de 4,4 salários mínimos do trabalhador de Florianópolis aferido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2023, um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) também calculou renda média abaixo do Diesse para Florianópolis: R$ 4.215.

Capital em uma ilha encarece preços

Em julho de 2024, a Dieese apontou que a cesta básica de Florianópolis foi a segunda mais cara entre as capitais do Brasil, no valor de R$ 782,73.

O preço mais alto para comer é influenciado pela logística que, por sua vez, pode encarecer o custo de vida em Florianópolis em função de onde a maior parte capital é localizada: na Ilha de Santa Catarina.

“Tudo que vem para Florianópolis além de ter que fazer toda a rota tem que atravessar uma ponte e isso encarece a questão logística daquilo que chega”, explica a economista.

No entanto, Laura afirma que os municípios da Grande Florianópolis podem oferecer opções mais baratas de serviços e produtos.

“O simples fato de cruzar a ponte para consumir serviços e adquirir produtos nas cidades vizinhas da Grande Florianópolis, na parte continental, que vão ter uma tendência a serem mais baratos, porque o custo logístico é menor”, ressalta.

Mais demanda que oferta afeta custo de vida em Florianópolis

Segundo a economista, bons índices, como o fato de que Florianópolis foi eleita a capital mais segura do país em junho, faz com que mais pessoas procurem o município catarinense. O fato da capital ser litorânea e turística também impulsiona a procura por moradia na ilha, diz a especialista.

“Depois da pandemia, em que as pessoas começaram a ter uma adesão maior a trabalhar de forma remota fez com que alguns buscassem uma cidade segura, que tivesse acesso a bons serviços como um todo e que pudesse ter ali uma vida com uma qualidade de vida mais elevada”, argumenta Laura.

Conforme o  índice FipeZap+ de agosto, Florianópolis ocupa o quarto local no ranking de cidades com o metro quadrado de imóveis residenciais à venda mais caro do Brasil, cerca de R$ 11,5 mil. Em um ano, o preço do m² aumentou R$ 1 mil na capital de Santa Catarina.

As três que superam Florianópolis no ranking também são catarinenses, o que torna a cidade a primeira entre as capitais.

O fato da ilha possuir bons atributos mas ter uma limitação geográfica, faz com que a demanda para morar na capital catarinense seja maior do que a oferta.

“O estoque de imóveis é um pouco mais limitado e acaba trazendo alguns desafios em relação a se manter um preço competitivo. Porque se você vai conseguir alugar por R$ 5 mil por mês, por que você alugaria por menos?”, fala a economista.

Conforme Laura Pacheco, nesse contexto, pessoas com o desejo de se mudar para Santa Catarina estão dispostas a arcar com o custo de vida em Florianópolis mais alto.

“Você tem aquela oferta limitada de imóveis, de bens e serviços e uma demanda a ser atendida que às vezes está disposta a pagar mais por isso e isso faz com que o preço do custo de vida seja elevado como um todo”, resume a economista.

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