PM é afastado após denúncia de agressão e racismo contra adolescente negro em escola de SC

Um policial militar foi afastado das funções após ser acusado de cometer atos racistas contra um adolescente negro em uma escola de Joinville, no Norte de Santa Catarina. O caso aconteceu na escola estadual Celso Ramos, na última quinta-feira (5).

Policial que teria agredido adolescente negro foi afastado

Adolescente negro teria sofrido racismo em escola de Joinville – Foto: Google/Reprodução/ND

O Movimento Negro Maria Laura publicou uma nota de repúdio nas redes sociais, na qual expõe a situação que teria ocorrido contra o adolescende de 16 anos. Segundo o relato do Movimento, o jovem e a namorada – que é branca – chegaram atrasados e aguardavam autorização para entrar na sala de aula.

Durante a espera, o adolescente negro foi até o banheiro da escola e teria sido questionado pelo policial militar sobre o motivo de estar ali e por que havia chegado atrasado. Os dois discutiram e o policial desferiu dois tapas no rosto do jovem.

Após a agressão, um professor da unidade foi até eles e protegeu o aluno, levando-o para a direção da escola. O profissional, que preferiu não se identificar, conversou com a reportagem do portal ND Mais.

“Escutei gritos que vinham do banheiro e fui até lá. Quando cheguei, eles já estavam fora do banheiro”, conta. “O menino relatou que tinha mais pessoas dentro do banheiro, mas o policial foi direto nele”.

“Nós” e “eles”

Ainda de acordo com a publicação do Movimento, antes de agredir o adolescente negro, o policial teria feito um comentário de cunho racista para um funcionário terceiriziado, também negro.

Segundo o funcionário relatou ao Movimento Maria Laura, o policial o chamou próximo ao banheiro e afirmou que, na época dele, “quem gazeava aula ou chegava tarde para ficar com as ‘branquinhas’ éramos ‘nós’, e não ‘eles’.

Após a denúncia do caso, o Sinte (Sindicatos dos Trabalhadores em Educação do Estado de SC) registrou um boletim de ocorrência. Um ofício também foi emitido, pedindo o fim da polícia dentro das escolas.

O que diz o governo do estado sobre o caso de racismo contra o adolescente negro

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, os fatos “estão sendo apurados para elucidação. Enquanto isso, a equipe multiprofissional do Núcleo de Política de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola foi acionada para acompanhamento dos envolvidos”.

Já a Secretaria de Estado da Segurança Pública afirma que teve conhecimento do caso de agressão contra o adolescente negro no final da quinta-feira e “adotou as devidas providências. O policial militar da reserva foi afastado das funções. Confira abaixo a íntegra das notas.

Secretaria de Estado da Educação

Os fatos ocorridos na EEM Governador Celso Ramos, em Joinville, estão sendo apurados para elucidação. Enquanto isso, a equipe multiprofissional do Núcleo de Política de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola (NEPRE) foi acionada para o acompanhamento dos estudantes envolvidos. A Secretaria de Estado da Educação repudia qualquer tipo de violência ocorrida dentro e fora das escolas estaduais de Santa Catarina.

O Governo do Estado articula e desenvolve uma série de ações em torno do tema segurança nas escolas, através da Secretaria de Estado da Segurança Pública, das Forças de Segurança – Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar e a Polícia Científica – e da Secretaria de Estado da Educação, como o Programa Escola Mais Segura. Resultados importantes têm sido obtidos, com a constatação de aumento da sensação de segurança nas unidades escolares.

Secretaria de Estado da Segurança Pública

“A Secretaria de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina (SSP-SC) informa que, a respeito do questionamento envolvendo um policial militar da reserva e um aluno em uma escola em Joinville, teve conhecimento do fato no final desta quinta-feira, 05, e adotou as devidas providências para a instauração de procedimento investigativo a fim de apurar o ocorrido.

A SSP-SC ressalta que não compactua com esse tipo de situação divergente da técnica doutrinada, em hipótese alguma. O policial foi afastado temporariamente das funções”.

A reportagem do portal ND Mais também tentou contato com a família do adolescente negro. Até a publicação desta notícia, porém, não houve retorno. O espaço permanece aberto.

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