Número de suicídios entre crianças e adolescentes dobra em SC, alerta Secretaria da Saúde

Em Santa Catarina, a taxa de mortalidade por suicídio entre crianças e adolescentes de 10 a 19 anos mais que dobrou entre os anos de 2011 e 2022. O alerta é da SES (Secretaria de Estado da Saúde) e foi reforçado neste 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A data integra a programação do Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização e prevenção ao suicídio.

O número de suicídios em SC entre crianças e adolescentes, de 10 a 19 anos, mais que dobrou entre os anos de 2011 e 2022

O número de suicídios em SC entre crianças e adolescentes, de 10 a 19 anos, mais que dobrou entre os anos de 2011 e 2022 – Foto: Pixabay/Reprodução/ND

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, cerca de mil crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos tiram a própria vida a cada ano. Já o número de suicídios em SC passou de 2,3 para 5,2 óbitos a cada 100 mil crianças e adolescentes.

As lesões autoprovocadas – tentativa de suicídio e autoagressão – também constituem um problema de extrema gravidade e urgência nesta faixa de idade. Em 2022, foram 204,3 casos a cada 100 mil crianças e adolescentes.

“A taxa entre jovens cresceu 6% ao ano no país entre 2011 e 2022. Já as taxas de notificações por autolesões na faixa etária de 10 a 24 anos aumentaram 29% a cada ano nesse mesmo período”, explica Monique Meneses, enfermeira da Dive (Diretoria de Vigilância Epidemiológica).

“Eu não fazia ideia que…”

A campanha reforça que o conhecimento dos fatores de risco, identificação dos sinais de alerta e a busca por ajuda são fundamentais para a prevenção do suicídio de crianças e adolescentes – Foto: SES/Reprodução ND Mais

Neste ano, a SES está trabalhando com o tema “Eu não fazia ideia que…”, voltado para a conscientização sobre a saúde mental de crianças e adolescentes. Com objetivo de alertar os pais e responsáveis sobre os sinais de problemas emocionais, a iniciativa aborda questões como bullying, excesso de tempo em frente às telas e solidão.

A campanha reforça que o conhecimento dos fatores de risco, identificação dos sinais de alerta e a busca por ajuda são fundamentais para a prevenção do suicídio, com foco nas crianças e adolescentes.

Alerta para o número de suicídios em SC

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) são registrados anualmente mais de 700 mil suicídios. No Brasil, a média dos registros dos últimos cinco anos ultrapassou 15 mil casos anuais, sendo que em 2023 foram mais de 16 mil óbitos autoprovocados, com 43 suicídio por dia.

Em 2023 foram registrado 43 suicídio por dia no Brasil – Foto: PixaBay/Divulgação/ND

Em Santa Catarina, foram registrados 962 suicídios em 2023, dos quais 76% (738) foram cometidos por pessoas do sexo masculino. Entre crianças e adolescentes, na faixa etária dos 10 aos 19 anos, foram 41 óbitos.

O maior número de casos ocorreu entre os 30 e 49 anos, somando 366 óbitos. Em 2024, até o dia 29 de agosto, os números já chegam a 616 casos, sendo 77% (475) entre indivíduos do sexo masculino. Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).

“Os números estão diminuindo em todo o mundo, mas os países das Américas vão na contramão dessa tendência, com índices que não param de aumentar, segundo a OMS”, alerta Aline Piaceski Arceno, gerente de Análises Epidemiológicas e Doenças e Agravos Não Transmissíveis da Dive.

A importância de identificar os sinais

Isolamento, mudanças bruscas de humor e até automutilação são sinais de que seu filho precisa de ajuda psicológica – Foto: Reprodução/Christian Erfurt/Unsplash

De acordo com Aline, casos de ansiedade, depressão e outras condições relacionadas à saúde mental têm sido exacerbadas por fatores como a pandemia, crises econômicas e as pressões sociais.

Reconhecer sinais de sofrimento psíquico faz parte do processo de cuidado. Alguns sinais podem despertar a atenção da família e de amigos, tais como isolamento, abuso de álcool e outras drogas, mudanças bruscas de humor, diminuição do autocuidado e até automutilação.

No entanto, nem todas as pessoas apresentam comportamentos indicativos. Alguns sinais são percebidos apenas após a tentativa ou o suicídio consumado.

“Precisamos conscientizar as pessoas, esclarecer e abrir espaço para falar sobre suicídio. É preciso deixar que as pessoas falem sobre o sofrimento, e isso, pode trazer alívio e conforto. As pessoas próximas podem perceber sinais e ajudar na prevenção. Lembrando que também é necessário procurar ajuda especializada para acolher e encaminhar para o tratamento adequado”, ressalta Aline.

Onde buscar ajuda no serviço público?

O serviço público de saúde mental em Santa Catarina conta com 114 Centros de Atenção Psicossocial para atender quem precisa de ajuda  – Foto: Freepik/Reprodução/ND

A porta de entrada para o acolhimento é sempre a Unidade Básica de Saúde (UBS). O serviço público de saúde mental em Santa Catarina conta com 114 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), distribuídos entre diversos municípios e diferentes modalidades.

Nesses serviços são atendidas pessoas que vêm em demanda espontânea, incluindo aquelas que apresentam distúrbio psiquiátrico, pensamento suicida e histórico de tentativa de suicídio.

  • UBS
  • CAPS
  • UPA 24 horas
  • SAMU 192
  • Pronto Socorro
  • Hospitais
  • Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional gratuitamente, de forma voluntária, 24 horas por dia, por telefone 188, e-mail ou chat pelo site da instituição (www.cvv.org.br).

O que é a campanha Setembro Amarelo?

Setembro é o mês de prevenção ao suicídio – Foto: Divulgação

O Setembro Amarelo ocorre anualmente para conscientizar a população sobre a importância de prevenir sua ocorrência através, principalmente, do cuidado com a saúde mental.

Com o lema “Se precisar, peça ajuda!, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é lembrado nesta terça-feira, 10. A campanha busca, ainda, promover a informação, desmistificar tabus e oferecer apoio a quem precisa.

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