A importância de ouvir a sociedade: entrevista com Mauro de Nadal, presidente da Alesc

Prefeito de Cunha Porã, no Extremo-Oeste de Santa Catarina, por dois mandatos consecutivos, o deputado Mauro de Nadal preside a Assembleia Legislativa do Estado neste momento em que a Casa comemora 190 anos. Formado em direito, desde os 27 anos exerce funções políticas e é considerado um articulador, um agregador que dialoga com todas as correntes partidárias.

Mauro de Nadal, atual presidente da Alesc, ficará no cargo até 2025

Mauro de Nadal, atual presidente da Alesc, ficará no cargo até 2025 – Foto: Germano Rorato/ND

Mauro de Nadal já foi secretário regional de Palmitos e atuou como assessor jurídico da bancada do MDB. Também ficou oito dias à frente do Executivo, em 2021, e mais oito dias em 2024, em períodos de afastamento do governador em exercício.

Ele permanecerá na Presidência da Alesc até fevereiro de 2025. Nesta entrevista, Mauro de Nadal fala da importância da data para a Alesc e dos trabalhos que a Casa vem realizando no momento.

Entrevista com Mauro de Nadal

O que a Assembleia Legislativa do Estado vem fazendo para comemorar o seu 190º aniversário?

Vários eventos estão marcando esse momento único para o Legislativo, que é muito importante para todos os catarinenses. A programação não é só festiva, mas de aproximação com a sociedade. Uma medida relevante são as sessões descentralizadas, nas quais as bancadas regionais ouvem o que a população dos municípios tem a dizer e reivindicar.

Até dezembro, ainda faremos reuniões em Lages e Chapecó, totalizando cinco encontros ao longo do ano. Em 2024 também são comemorados os 35 anos da Constituinte catarinense, que é de 1989.

Haverá um evento ainda neste semestre em que estarão presentes grandes personalidades, entre eles um ex-presidente da República, além de ex-constituintes. Até o fim do ano ainda haverá a discussão em torno do orçamento de 2025.

Por que essa descentralização que o senhor citou, e que a Assembleia vem priorizando, é tão importante?

Há um simbolismo nisso, porque todos os parlamentares ficam sabendo o que as suas bases têm a dizer. Todos se sentam ao redor da mesma mesa e ali os projetos regionais são discutidos pelas pessoas e pelas entidades que as representam. Assim nascem os programas com impacto regional e coletivo. É um jeito diferente de fazer política.

Neste momento, em especial, essa prática ganha mais relevância?

Sim, porque todos somam esforços e saem do radicalismo que tem sido comum na política. As brigas não trazem dividendos para ninguém. As brigas não constroem escolas e estradas. Um exemplo é nosso envolvimento com o programa Estrada Boa, que injetará muitos recursos do BNDES na recuperação das rodovias estaduais.

No momento, os legislativos estaduais vêm procurando trazer para si atribuições que estão no âmbito federal. O que justifica essa reivindicação?

É preciso estender as competências do Legislativo, criando normas locais que se adequem às necessidades dos Estados em áreas como a saúde, a infraestrutura (para as matérias referentes ao trânsito, por exemplo), a assistência social e a educação, em vista das limitações legais que a subordinação às regras federais provoca. Precisamos provocar o Congresso Nacional neste sentido.

A Alesc também tem feito parcerias com outras instâncias do Poder Público. Nesse cenário de eleição, isso é ainda mais relevante?

Uma ação que temos buscado é reforçar a parceria com outros órgãos, como a que ocorre com o TRE (Tribunal Regional Eleitoral), que permite ensaios para a verificação e acompanhamento de urnas.

A Alesc tem que ser sensível às pautas que vêm da sociedade. Este ano, após as eleições, faremos novos ajustes nessa pauta de reivindicações e também daremos destaque à análise das emendas impositivas ao orçamento de 2025.

O senhor sempre teve uma postura de colaborar com o Executivo, seja ele de que partido for. Essa política propositiva tem se mostrado exitosa?

Sim, desde que fui colocado à frente do Legislativo, promovi uma aproximação com o governo do Estado, no intuito de ajudar o Executivo em seus projetos e ações.

A Alesc também fez doações pontuais, por exemplo, em casos de enchentes e na questão do desassoreamento do rio Tubarão, envolvendo a Secretaria de Portos e Aeroportos. Essa parceria é necessária e tem sido uma marca da minha gestão.

A Assembleia está festejando 190 anos e foi testemunha de muitos fatos históricos em Santa Catarina. O senhor tem como fazer uma análise do que mudou nas práticas do Parlamento com o correr do tempo?

Fazendo uma comparação com o passado, vejo que havia mais ideologia, o que era pertinente, dependendo de cada momento histórico. Hoje os parlamentares estão mais voltados para resolver questões que ajudem a melhorar a vida das pessoas. Já houve tempos mais marcados por factoides, quando as bandeiras eram mais vagas. Hoje as práticas são mais propositivas.

Atualmente as redes sociais são essenciais na comunicação da classe política com a sociedade. Os deputados estão aderindo a essa nova demanda?

Sim, temos deputados “estradeiros”, que se deslocam muito, e os que utilizam bastante as redes sociais. Os dois jeitos de se comunicar com o povo, com o eleitor, permitem que eles tirem a temperatura da sociedade, pelos comentários e pesquisas informais que realizam. Nas viagens, especialmente, eles têm o dia a dia, o corpo a corpo, para auscultar as bases.

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