Em “Diagnóstico”, irmãs e artistas de Blumenau investigam o autismo

Fica o convite para o povo de Blumenau ou quem esteja de passagem pela cidade por esses dias para visitar a videoperformance “Diagnóstico [o Corpo Político da Mulher no Processo de Identificação do Espectro Autista]”, das artistas e irmãs Ana Carolina e Andréia Peres.

O trabalho este em exibição do campus da Universidade Regional de Blumenau (FURB) e consiste em um registro feito por Andréia, que é artista-pesquisadora, com a performance de Ana Carolina, que é atriz, e escritora autista, reproduzido em loop em uma televisão.

Frames da videoperformance “Diagnóstico [o Corpo Político da Mulher no Processo de Identificação do Espectro Autista”, das artistas e irmãs Ana Carolina e Andréia Peres (Blumenau) – Foto: Divulgação

https://youtu.be/YL2vbHxsz7k?si=aENufsjd1mxPt6vN

A visitação é de segunda a sexta-feira, das 14h às 22h, com entrada gratuita, acessibilidade tátil Braille, audiodescrição, texto alternativo para telas e acesso para pessoas que fazem uso de cadeiras de rodas. Em princípio, a performance ficará em exibição na FURB até sexta-feira (04/10) – mas pode ser prorrogada.

Ana Carolina foi diagnosticada aos trinta dentro do espectro autista. Trinta e um anos investigados enquanto a narrativa estético-poética de si é construída: trajetória e imagem exploradas na experimentação plástica, performance pictórica que se materializa na superfície e na repetição do movimento, que mimetiza a estereotipia motora autística às camadas de camuflagem da ausência do diagnóstico; o seu corpo e sua caneta esferográfica são recursos híbridos que possibilitam a formatação de um diário de bordo arquivado nas artes, registrado pela irmã Andréia Peres, por meio do vídeo.

A cor azul aqui não simboliza o espectro autista como vulgarmente é conhecido, sua apropriação (da cor azul) se faz necessária para criticar um autismo estereotipado, moldado apenas para o corpo infantil, masculino, engenhoso; moldado por uma sociedade patriarcal, precária de políticas socioculturais, que acaba por adiar a identificação do transtorno em meninas, subnotificando o diagnóstico em mulheres.

É na obra que se dá a viabilidade dos diálogos acerca do autismo, e a viabilidade constante dessa representação no campo das artes: a palavra vídeo significa ‘eu ejo’ e remete-se à ação de um corpo presente tanto no ato de olhar através da câmera quanto no registro do corpo visto, que se desdobra em linguagem estética.

As irmãs e artistas Andréia e Ana Carolina Peres, responsáveis pela video performance “Diagnóstico [o Corpo Político da Mulher no Processo de Identificação do Espectro Autista]” – Foto: Ana Carolina e Andréia Peres/Divulgação

Sobre as artistas

Andréia Peres nasceu em 1988, na cidade de Blumenau (SC), e reside em Rio do Sul há sete anos. Artista investigadora da ontologia das coisas e pessoas, interessada em processos que experimentam o desenho, a fotografia, o texto, vídeo e áudio nos múltiplos suportes e mídias. Pesquisadora independente em Arte Bruta, idealizadora e editora do selo Um grupo de estudos que não existe.

Ana Carolina nasceu em 1990, reside em Blumenau (SC). Atriz, escritora e produtora cultural com 17 anos de carreira, diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista em 2019. Artista experimental nas vertentes contemporâneas dentro das Artes Visuais, como videoperformance e audioinstalação. Suas obras experimentam a estética e poética da escrita acerca de si e das camadas que constituem o indivíduo a partir das suas experiências e relações no espaço no qual está inserido.

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