Feira da Reforma Agrária, Agricultura Familiar e Economia Solidária une sustentabilidade e ecologia no campus da UFSC

Feira vai até 9 de novembro na Praça da Cidadania. Foto: Vinícius Graton/Agecom/UFSC

Sustentabilidade e ecologia são os temas que marcam a II Feira Estadual da Reforma Agrária, Agricultura Familiar e Economia Solidária, que ocorre de 7 a 9 de novembro, no campus da Trindade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A feira está localizada na Praça da Cidadania, em frente à Reitoria, e ocorre simultaneamente à 21° Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex), maior evento de divulgação científica de Santa Catarina.

Sob coordenação da Cooperativa Central da Reforma Agrária (CCA-SC), a segunda edição da feira reúne mais de cem feirantes, entre camponeses, camponesas, indígenas, quilombolas, trabalhadores e trabalhadoras da economia solidária, além de assentados e assentadas da reforma agrária de todo o estado, que expõem seus produtos.

De acordo com um dos coordenadores do evento, Leandro Klemann, realizar a feira na UFSC amplifica o comércio familiar dos feirantes. “A importância de estar realizando a feira aqui é, primeiro, estar envolvendo agricultores, familiares, assentados da reforma agrária e também da economia solidária. Fazer na UFSC, que é um espaço com grande movimento de pessoas, viabiliza a questão da comercialização para as famílias”, afirma.

Além do comércio, outro foco da iniciativa é promover a sustentabilidade e a ecologia na comunidade. “Toda a feira está sendo pensada na questão ambiental, desde os crachás que foram desenvolvidos para os feirantes, que são todos feitos com material reciclável. Dentro da feira, haverá uma cooperativa de recicláveis que vai trabalhar todos os resíduos gerados, fazer todo o tratamento e a destinação correta”, destaca.

Entre as atividades voltadas ao meio ambiente, está o plantio de árvores, que será realizado em conjunto com a doação de três toneladas de alimentos, reunidos pelos feirantes, para entidades carentes e filantrópicas de Florianópolis. Ambos ocorrem no dia de encerramento da feira, no sábado, 9 de novembro.

Fabiana faz parte da Loja Eco Sol, localizada no edifício da Alfândega, no Centro Histórico de Florianópolis. Foto: Andrey Santiago/Agecom/UFSC

Para a feirante Fabiana Brum, de Florianópolis, ambientes como a UFSC trazem a oportunidade de discutir temas como o trabalho do Empório da Economia Solidária, que se baseia em  princípios de preço justo, coletividade e sustentabilidade. O grupo de Fabiana é formado em sua maioria por mulheres em situação de vulnerabilidade e participou do seminário internacional Fazendo Gênero, entre julho e agosto deste ano na UFSC. E, após a experiência positiva, retornou à universidade para integrar a feira. “A economia solidária participou do Fazendo Gênero, estávamos aqui também. São esses espaços que nos trazem a oportunidade da comercialização e de falar sobre o trabalho da economia solidária”, diz.

Fabiana defende que o debate e a promoção de iniciativas, como a feira, voltadas à sustentabilidade, produtos orgânicos e reciclagem devem ganhar cada vez mais espaço na sociedade. “Participar desse evento é acreditar que tudo que é sustentável e ecológico vai fazer parte de um pensamento de uma grande maioria de pessoas. Não só a UFSC, mas também outras universidades deveriam abrir cada vez mais espaços para eventos como esse. Hoje, a reforma agrária nos traz que, sim, precisamos da terra, e sem a terra fica difícil almejar um futuro.”

A feira também traz diversos artesãos, comerciantes e agricultores de outras regiões de Santa Catarina que buscam abrir novos caminhos para seu trabalho. É o caso de Talita Falcão, de Chapecó, que participa da feira pela primeira vez. Com a confecção e a venda de instrumentos artesanais de todo o mundo, feitos com bambu e outros tipos de madeira, Talita vê o evento como uma chance para trocar experiências e expandir fronteiras na promoção da cultura. “Estamos participando para fazer conexões e abrir mais os caminhos para conhecer esse trabalho nosso, que vem do Oeste catarinense. Na nossa cidade, estamos trabalhando pela cultura e pelas feiras também, então é muito bom estar aqui para fazermos essas pontes”, relata.

Talita é comerciante da loja Curió Instrumentos e toca instrumento dos povos originárias da Austrália durante feira. Foto: Andrey Santiago

“Participar de um evento como esse é uma coisa que toca muito o meu coração, porque você vê a luta de um povo pela comida saudável e pela agricultura familiar. Tem uma troca muito afetiva e muito bacana com os feirantes. Viemos no ônibus juntos, então teve essa troca humana, que é muito importante para participar e aprender junto com essas pessoas”, acrescenta Talita.

Além de alimentos in natura, agroindustrializados, artesanato, gastronomia e fitoterápicos, assim como sementes crioulas e outros produtos da agricultura familiar camponesa, a feira conta com seminários e mesas de diálogo sobre os mais variados temas, como microcrédito rural, inovação tecnológica para produzir no campo e na cidade, certificação de produtos agroindustrializados e microempreendedorismo rural. As atividades são oferecidas com apoio do Governo Federal, do Sebrae, do Banco do Brasil, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e de entidades do campo, como a União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf-SC), os movimentos da Via Campesina e outros.

Temas mais abrangentes, como alimentação saudável e resiliência climática também serão debatidos, promovendo o diálogo com os consumidores e reafirmando a importância da produção agroecológica para a saúde da população e também para o enfrentamento à crise climática e a preservação do meio-ambiente.

Confira a programação e inscreva-se para os seminários e mesas de diálogos.






Programação cultural

Palco da feira reúne diversas atrações culturais. Foto: Vinícius Graton

Nas noites de quinta e sexta-feira, o público será agraciado com muitas atrações no Palco da Feira. A partir das 18 horas, espetáculos de dança como o Pacha Warmikuna: Movimento das Mulheres Marrons e grupos musicais como o Choro Mulheril Trio e Apocalypse Cùier se apresentam.

O já consagrado Geosamba, grupo formado na Universidade, leva todo o seu gingado para o Palco da Feira no dia 7, às 20 horas. Entre as atrações confirmadas também estão os grupos Araucária Ancestral e a Frente Nacional de Música João do Vale, ambos trazendo a temática do campo e da luta pela Reforma Agrária em suas canções.

Para os pequenos, também não faltarão atrações. Na sexta, dia 8, a partir das 10 horas da manhã, a Feira contará com a presença do palhaço Alecrim Sabiá, que fará intervenções artísticas para conscientizar crianças e adultos sobre a importância de se preservar o meio ambiente. No sábado, dia 9, a Feira se despede com a roda de capoeira do Africanamente a partir das 10h, seguida pelas apresentações do Boi de Mamão do Pantanal e do grupo de percussão AfriCatarina.

A Feira encerra suas atividades às 15h do sábado com a ação solidária que prevê doação de três toneladas de alimentos a entidades filantrópicas e com o plantio coletivo de árvores no Bosque da Universidade.






Vinícius Graton [email protected]
Estagiário da Agecom| UFSC

Com informações da Assessoria de Comunicação da Feira da Reforma Agrária, Agricultura Familiar e Economia Solidária

 

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