Violência e ameaças: entenda as principais acusações contra a skatista Luiza Marchiori

Luiza Marchiori, primeira skatista trans a competir no Brasil, se tornou alvo de diversas acusações de violência doméstica e sexual nos últimos meses. As denúncias que envolvem ameaças, violência psicológica, importunação sexual e até agressões partiram de quatro ex-namoradas e de um relacionamento não amoroso.

Na foto, skatista catarinense Luiza Marchiori segura um skate

A defesa de Luiza Marchiori nega todas as acusações e qualifica a situação como um “complô” – Foto: Reprodução/Instagram

As acusações começaram a ser formalmente registradas em junho deste ano, mas, conforme os boletins de ocorrência, as situações relatadas teriam ocorrido entre 2011 e 2021.

Ciúme excessivo e controle sobre a vida social

Em um das denúncias, uma ex-namorada de Luiza, que se mudou de São Paulo para Florianópolis para manter o relacionamento, disse que tinha as redes sociais controladas, assim como o modo de se vestir. Mãe de uma criança, ela fez acusações também relacionados ao tratamento com a filha.

“Fez ela ter medo de escuro pois assustava assustava ela com máscaras no escuro”, relata no boletim de ocorrência.

A skatista foi denunciada por cinco mulheres, sendo quatro ex-namoradas – Foto: Reprodução/Instagram

As denúncias de outros dois relacionamentos de Luiza Marchiori também falam sobre ciúme excessivo e acusam a skatista de exercer controle sobre a vida social e a aparência das namoradas.

“Excluiu minhas redes sociais, mudou meu número, pegou meu celular e colocou senha, só podia usar as vezes para responder meus pais (…) Jogou meu guarda-roupa todo fora”, disse uma das denunciantes, que tinha 21 anos na época dos fatos.

Um ano e meio depois, em 2021, uma mulher de 24 anos disse ter vivido uma situação parecida.

“Queria jogar todas as minhas roupas fora e queria me forçar a usar somente roupas masculinas. Me xingava constantemente de puta, vagabunda”, relatou à polícia.

Luiza Marchiori foi denunciada por importunação sexual

Entre os boletins de ocorrência, está o de uma jovem que disse ter convivido com a skatista 2016 – antes de Luiza passar pela transição hormonal.

“Eu tinha 14 anos e já estava no mundo do skate. Foi então que fui convidada para ir com ele para Florianópolis. Convenceu meus pais e eu fui. Sempre com a desculpa de que iria me ajudar na carreira. Desde o primeiro dia fui obrigada a dormir na mesma cama que ele e a noite tirava meu celular de mim, alegando que era para que eu dormisse melhor”, relata.

Defesa de Luiza Marchiori diz que denúncia são ataques transfóbicos

Conhecida nacionalmente por ser a primeira mulher trans a competir no cenário profissional do skate, Luiza tem usado as redes sociais para se defender. Ela diz que as denúncias surgiram a partir do momento começou a competir na modalidade feminina, após os efeitos da transição hormonal que começou ainda no ano passado.

“É um caso claro de ataque transfóbico”, declarou a advogada Larissa Krétzër – Foto: Reprodução/Instagram

Conforme a advogada Larissa Krétzër, que atua da defesa da skatista, Luiza estaria sendo alvo de “um complô para intimidá-la no esporte”.

“Desde que Luiza realizou sua transição de gênero e decidiu competir no skate, os ataques começaram. É um caso claro de ataque transfóbico. Inclusive, a defesa teve acesso a manifestações públicas de transfobia de uma das suas concorrentes, antes da lavratura do boletim de ocorrência de supostos abusos sexuais pela própria”, ressaltou em nota.

A atleta já prestou depoimento em dois inquéritos em andamento.

Advogada de ex-namoradas fala sobre outras denúncias

Cinco mulheres já registraram ocorrências contra Luiza Marchiori. Segundo a advogada Bruna Brigoni, que atua da defesa das denunciantes, todas se sentiram envergonhadas e precisaram de suporte.

“Ah, mas por que você deixou isso acontecer? As vezes é muito díficil, só quem passou ou passa por uma situação assim consegue ter uma noção. É um ciclo vicioso que você mesmo tem dificuldade de entender. A pessoa vem, te faz um carinho, te pede desculpa. As meninas sentiram vergonha ao serem agredidas”, explica Bruna.

Defesa das denunciantes diz que identidade de gênero não estaria em questão – Foto: Reprodução/Instagram

Ainda, o escritório Bruna Brigoni e Dalledone Advogados Associados reconhece o direito de defesa de Luiza Marchiori e diz que as acusações não tem relação com o trabalho da atleta.

“Nossa questão não é a modalidade em que a Luiza compete, não é a identidade de gênero, não é nada disso. É a violência que as meninas sofreram”, finaliza.

 

 

 

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