Motorista e dono de carreta são indiciados por homicídio em acidente com atletas de remo

A PCPR (Polícia Civil do Paraná) indiciou duas pessoas pelo acidente ocorrido na BR-376, que resultou na morte de sete atletas de remo, do técnico e do motorista da van, no último dia 20. O motorista da carreta e o proprietário do veículo foram indiciados por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Acidente com atletas de remo

Local onde aconteceu acidente com atletas de remo na BR-376 – Foto: Luciano Chinasso/Divulgação/ND

De acordo com a PCPR, o motorista da carreta foi indiciado por homicídio culposo na direção de veículo automotor, conforme o artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro. A pena prevista para esse crime é de detenção, de dois a quatro anos, além da suspensão ou proibição de obter permissão ou habilitação para dirigir.

O proprietário da carreta, por sua vez, foi indiciado por homicídio culposo, conforme o artigo 121, § 3º, do Código Penal. Com a conclusão das investigações, o inquérito será encaminhado ao Ministério Público para as providências legais cabíveis.

Tragédia anunciada? Vídeo mostra carreta guinchada um dia antes de acidente com atletas de remo

Imagens de câmeras de monitoramento capturaram o trajeto da carreta envolvida no trágico acidente na BR-376, em Guaratuba (PR). É possível ver que um dia antes da tragédia, a carreta precisou de auxílio de guincho. Já no domingo (20), o caminhoneiro teve problemas novamente e chegou a ser atendido por um mecânico em uma praça de pedágio.

Apesar dos problemas, ele seguiu viagem. Cerca de 1h30 após o último atendimento de um mecânico, a carreta provocou o acidente fatal. As gravações corroboram o depoimento do caminhoneiro.

“Essas imagens mostram no mínimo três paradas desse veículo, justamente para efetuar algum tipo de reparo”, destacou o delegado Edgar Santana, da Polícia Civil do Paraná. “Avaliando previamente, com tantos problemas que o veículo apresentou, acredito que seria mais razoável ter parado, e o veículo passado por um conserto completo”, opinou.

Caminhoneiro chora em depoimento e alega que falha mecânica causou acidente com atletas de remo na BR-376

O motorista responsável por dirigir o caminhão prestou depoimento à Polícia Civil dois dias após o acidente. O homem, de 30 anos, alegou problema mecânico, que o impediu de reduzir as marchas ou utilizar o freio motor do veículo.

O delegado Edgar Santana, contou que o caminhão saiu de Santos, em São Paulo, no sábado (19). A carga de peças automotivas tinha como destino a Argentina.

O veículo, no entanto, teria apresentado problemas no mesmo dia. “Ele [o motorista] teria parado na rodovia, um guincho da concessionária o levou até um posto de combustível na cidade de Campina Grande do Sul. E no domingo o veículo teria sido consertado por um mecânico”, relatou o delegado.

No depoimento, o motorista ainda contou que trafegou por cerca de um quilômetro até o caminhão apresentar problemas novamente. Outro veículo da concessionária responsável pela rodovia o acompanhou até uma base operacional próxima a um pedágio. “O mesmo mecânico teria sanado o problema novamente. A partir daí, ele seguiu viagem e nas proximidades da serra o problema voltou a ocorrer novamente”, contou o delegado.

Sistema de freios não funcionou

De acordo com a defesa do caminhoneiro, quando ele chegou no início da descida da serra, tentou fazer o procedimento padrão para o trajeto, reduzindo as marchas e utilizando o freio motor. O sistema, porém, não funcionou.

“Ele trafegava pela direita quando viu que a via da esquerda começou a ser desocupada porque a van ultrapassava o caminhão. Ele levou o seu veículo para a esquerda, fazendo memória de que próximo daquele local havia uma área de escape. Só que não deu tempo para isso”, relatou o advogado Richard Noguera.

Ainda conforme o delegado responsável pelo caso, a perda do controle do veículo ocasionou em um excesso de velocidade e, na sequência, um impacto na traseira da van.

Proprietário do veículo prestou depoimento

O dono do caminhão alegou que essa era a primeira viagem que o motorista realizaria para ele. O contrato foi firmado informalmente, de forma oral, e o motorista ganharia 13% do valor do frete.

“Alegou ainda que todo o problema mecânico que estava ocorrendo no decorrer desses dias era reportado a ele, que tomava as devidas providências no sentido de procurar e encontrar um mecânico para efetuar o conserto do veículo”, relatou o delegado.

Motorista chorou em depoimento

O motorista foi ouvido pela Polícia Civil, de forma virtual, acompanhado do seu advogado. Ele é natural de Pelotas, no Rio Grande do Sul, a mesma cidade da equipe de remo vítima do acidente.

“Isso é uma das causas que fragiliza muito ele. Além da tragédia, ele acabou se envolvendo num episódio terrível com conterrâneos”, contou o advogado Richard Noguera.

O delegado Edgar Santana relembrou que “durante seu interrogatório, em alguns trechos, ele [Nicolas] chorou e demonstrou uma total tristeza em relação ao fato que ocorreu.”

O caminhoneiro, que havia elevado o nível da sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação) para a categoria E em março deste ano, afirmou que trabalhava para outra empresa de transporte antes de oferecer seu serviço para o proprietário do caminhão envolvido no acidente.

De acordo com a defesa, o motorista “dirigia de forma prudente e compatível com a velocidade da via, não havia ingerido bebidas alcoólicas, nem quaisquer substâncias entorpecentes”.

*Com informações do Portal RIC

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