Pandemia da Covid-19 aumentou pobreza e desemprego em SC, aponta estudo da UFSC

Pesquisadores da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) constataram que a pandemia da Covid-19 teve impacto sobre a pobreza e o desemprego em Santa Catarina. Os dados também revelam que as mulheres foram as mais afetadas.

Catarinense usa máscara na rua durante pandemia da Covid-19

A pesquisa destaca que os auxílios emergenciais evitaram uma queda ainda maior na renda média da população – Foto: Leo Munhoz/ND

A pesquisa foi feita pelo Necat (Núcleo de Estudos de Economia Catarinense) da universidade e financiada por um convênio com a Fapesc (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina).

Segundo informações divulgadas pela UFSC, o estudo aponta que a pandemia afetou de forma desproporcional as populações mais vulneráveis. De 2014 a 2022, o número de inscritos no CadÚnico aumentou 21,81% em Santa Catarina, um acréscimo de 115 mil famílias.

A Grande Florianópolis registrou o maior crescimento, com 64,85%. O aumento também pode estar relacionado à urbanização e expansão da região metropolitana, que atrai migrantes e enfrenta desafios de inclusão social.

Pandemia causou aumento da informalidade em Santa Catarina

SC perdeu 236 mil postos de trabalho formais em apenas nove meses da pandemia – Foto: Reprodução/Freepik

Já a região serrana apresenta a maior proporção de famílias inscritas no CadÚnico. A parcela chegou a 15,24% em dezembro de 2022, após a pandemia.

O relatório final do projeto “Análise dos impactos da pandemia sobre as condições sociais da população catarinense” deve ser entregue à Fapesc até dezembro, segundo a UFSC.

A pesquisa reúne publicações dos pesquisadores do Necat Lauro Mattei, Samya Campana, Kauê S. Alexandre, Bonifácio Packer Testoni, Andrey de Paula e Silva, Pedro Henrique Batista Otero e Vicente Loeblein Heinen.

Pandemia afetou a dinâmica do mercado de trabalho em SC

Trabalhadores autônomos e informais em Florianópolis

A informalidade e a precarização do trabalho aumentaram com a pandemia – Foto: Leo Munhoz/ND

A pesquisa revela ainda que a pandemia da Covid-19 causou uma desestruturação abrupta do mercado de trabalho. A taxa de desemprego em Santa Catarina passou de 6,1% em 2019 para 7,2% em 2022.

A interrupção de atividade econômicas e o fechamento de negócios levou o estado a perder cerca de 236 mil postos de trabalho formais em apenas nove meses.

Nesse contexto, cresceu o trabalho autônomo e informal. Só no primeiro ano da pandemia, o número de pessoas que trabalhavam por conta própria em Santa Catarina aumentou 10,2%.

Inscrição no CadÚnico do governo federal

Número de famílias inscritas no CadÚnico aumentou 64,85% na Grande Florianópolis entre 2014 e 2022 – Foto: Governo Federal/Reprodução/ND

Os setores de comércio e serviços foram os mais afetados, enquanto setores essenciais como supermercados se estabilizaram ou até cresceram. Saúde e serviços administrativos e complementares também apresentaram crescimento.

As informações divulgadas pela UFSC apontam, porém, que houve uma recuperação parcial no mercado formal de trabalho em 2021. Com o avanço da vacinação e flexibilização das restrições, os empregos formais subiram 6,1% e Santa Catarina registrou saldo positivo de 144 mil vagas.

O estudo revela também que as mulheres foram as mais afetadas no início da pandemia, mas tiveram uma recuperação maior em 2021. Isso se deve à retomada do setor de serviços e da indústria do vestuário.

Comércio popular em Florianópolis

Os setores de comércio e serviços foram os mais afetados pelas restrições – Foto: Ricardo Trida/SECOM/ND

Os trabalhadores com ensino médio completo formaram a maioria das novas contratações. Já aqueles com ensino fundamental completo e incompleto tiveram retração nos empregos formais.

A pesquisa destaca a importância dos auxílios emergenciais oferecidos pelo Governo Federal durante a pandemia, que evitaram uma queda ainda maior na renda média da população. A renda em Santa Catarina teve um crescimento acumulado de apenas 4,4%, passando de R$ 3.238 em 2014 para R$ 3.382 em 2023.

Os pesquisadores avaliam que é preciso implementar políticas públicas com foco na formalização e qualificação profissional, além de incentivar o desenvolvimento regional para reduzir as desigualdades.

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