Ponte cartão-postal de Florianópolis está parcialmente às escuras há quase um mês

Três foram presos por suspeita de furtar 1,6 km de fios; governo estadual não tem prazo para regularizar iluminação
imagem de ponte em florianópolis parcialmente sem luz

Metade da estrutura da ponte Hercílio Luz, cartão-postal de Florianópolis, está sem iluminação

Metade da estrutura da ponte Hercílio Luz, um dos principais cartões-postais de Florianópolis, que liga a porção de ilha ao continente em Santa Catarina, está sem iluminação há quase um mês. Isso porque quatro pessoas são suspeitas de furtar mais de 1,6 km de fios elétricos na madrugada do dia 13 de março.
Desde então, o problema persiste, deixando usuários com a sensação de falta de segurança. Conforme a Secretaria do Estado de Infraestrutura e Mobilidade, não há previsão de quando a iluminação será totalmente restabelecida.
O técnico de elevador Ronaldo Rosa percorre diariamente cerca de 32 km de bicicleta desde Biguaçu, na região metropolitana, até o centro da capital para trabalhar, tendo que passar pelo local ainda de madrugada e à noite, quando volta.
Ele conta que usava a passarela da Ponte Pedro Ivo Campos, outra forma de acessar a ilha a pé ou de bicicleta, e foi assaltado.
O local também tem sofrido com furtos de fios, deixando parte da estrutura às escuras. “Com tudo isso, decidi usar a Hercílio Luz. Mas agora, com a metade da energia, a situação está ficando precária. O medo é muito grande e se alguém vier te assaltar, você não tem opção e precisa entregar o que tem.”
Além dos cabos da iluminação funcional e da cênica furtados, foram danificados vários eletrodutos e caixas de passagem que precisarão ser substituídos, segundo a secretaria.
Questionada sobre o prazo de conclusão do reparo, a pasta afirmou que não há estimativa, por questões burocráticas em compras públicas e que está mobilizada para resolver o problema “o quanto antes”.
Entre as modificações na estrutura para dificultar a ação dos criminosos, está sendo estudada a instalação dos dutos com os cabos sob a ponte —hoje, esses dutos ficam nas laterais.
A Polícia Militar Rodoviária, responsável pelo patrulhamento na ponte, disse que realiza “policiamento ostensivo preventivo, através de programações operacionais”.
“Durante o cumprimento dessas programações, realizamos a abordagem de pessoas em circunstâncias que indiquem fundada suspeita. Essas programações compreendem permanência no local e rondas sob as cabeceiras”, encerra o comunicado.
A Prefeitura de Florianópolis informou que vem atuando em duas frentes: com rondas nos locais de maior incidência de crimes e também fiscalizando pontos de receptação, resultando em apreensões que somam duas toneladas de fios de origem irregular.
Sobre a ponte, afirmou que a competência é do estado, mas que a Guarda Municipal realizou quatro prisões em flagrante de suspeitos no local no mês passado.
INVESTIGAÇÕES
No último dia 29 de março, dois homens foram presos em flagrante praticando o mesmo crime na ponte. No mesmo dia, uma mulher foi detida também por furto no mesmo lugar.
Segundo a Polícia Civil, todos eles são suspeitos de terem participado do furto que culminou o apagão. Ainda conforme a polícia, os homens permanecem detidos preventivamente.
Já a mulher foi liberada em audiência de custódia. As investigações continuam para identificar uma quarta suspeita, além do crime de receptação.
A diretoria de Polícia Civil na Grande Florianópolis atribui o problema a questões sociais, impulsionados pela pandemia, por pessoas em situação de rua ou usuários de drogas, que praticam o furto para manter o vício.
“Eles não querem saber se é escola, se é a ponte. O que está na mão, está acessível, eles estão subtraindo”, afirmou a delegada Michele Alves.
Para a delegada, é necessária a mudança na tecnologia que envolva a transmissão da rede elétrica, para dificultar a ação dos criminosos, e ainda ressalta a legislação branda em relação aos furtos, sugerindo mais rigor em casos que envolvam a rede elétrica. Ela cita também a receptação, cuja investigação é mais complexa.
“Eles são bastante organizados. Estamos fazendo um trabalho nos locais que compram e comercializam esses produtos, com vários inquéritos em andamento e recentemente tivemos uma operação que resultou em cinco mandados e indiciamentos”, informou.
A ponte Hercílio Luz —ou Velha Senhora, como também é conhecida— foi entregue em 1926 e ficou interditada por quase três décadas por problemas na estrutura. Desde o fim de 2019, quando foi reinaugurada, conta apenas com a iluminação funcional.
A implantação de iluminação cênica iniciou há dois meses e também foi prejudicada pelo furto. Mesmo assim, o governo estadual diz que o prazo de conclusão dessa obra está mantido para o dia 13 de julho de 2023.
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