Posse no CRM-SC tem críticas à abertura de novos cursos de medicina e contratação sem Revalida

Presidente da autarquia, Marcelo Lemos dos Reis, também destacou importância do Sistema Único de Saúde

O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) é contrário à proposta apresentada pelo Ministério da Saúde na última semana e que prevê a abertura de 95 novos cursos de medicina em instituições privadas, com 5,7 mil vagas, em 23 estados brasileiros nos próximos anos. “Infelizmente, temos observado a acentuada proliferação de faculdades de medicina que, em busca de resultados financeiros, negligenciam a qualidade da formação dos novos profissionais”, disse o presidente do CRM catarinense, Marcelo Lemos dos Reis, durante evento de posse dos novos Conselheiros e diretores da autarquia, na última sexta-feira. “Hoje, mais do que nunca, reafirmo nosso compromisso com a excelência da medicina. Por isso, precisamos garantir que todos os médicos que exercem sua atividade no País tenham o nível de competência necessária e uma formação adequada, que inclui o domínio de conhecimentos teóricos e da técnica e habilidades como trabalho em equipe, sensibilidade, ética e capacidade de comunicação eficaz,  essenciais para a compreensão das necessidades dos pacientes e um cuidado verdadeiramente humanizado”.

Para Santa Catarina, o edital apresentado prevê a abertura de um novo curso com 60 vagas. Atualmente o estado abriga 17 escolas médicas que oferecem 1260 vagas por ano. Segundo dados da demografia médica, levantamento feito pelo CFM, Santa Catarina tem 3,1 médicos para cada grupo de 1000 habitantes, número próximo do registrado em países com alto índice de desenvolvimento social. Na capital, Florianópolis, há mais de 10 médicos para cada 1000 habitantes. “Em vez de formar novos médicos sem maior preocupação com a qualidade das instituições e a oferta de infraestrutura para aprendizagem prática, o essencial no momento é criar políticas que incentivem a ida do profissional para áreas onde há dificuldade de atendimento”, diz Marcelo Lemos. Há anos o CRM-SC e outras entidades representativas dos médicos defendem a criação de uma carreira de médico de estado, com a garantia de segurança profissional e condições de trabalho adequadas para quem optar pelo trabalho em áreas onde há demanda maior por atendimento.

O presidente do CRM-SC reforçou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS), essencial no combate à pandemia. “O SUS foi fundamental para garantir que todas as pessoas tivessem acesso a serviços de saúde, independente de sua renda, classe social ou localização geográfica. É necessário compreender a importância desse sistema e é essencial protegê-lo e fortalecê-lo, garantindo que continue a servir a todos”.

Presente ao evento, o presidente do Conselho Federal de Medicina, José Hiran da Silva Gallo manifestou contrariedade com a oferta descontrolada de novas vagas em cursos de graduação e levantou outros pontos que preocupam a classe médica brasileira. A possibilidade de contratação de graduados em outros países sem a exigência do Revalida é uma delas. Segundo ele, os Conselhos de Medicina consideram uma “cláusula pétrea” a exigência da prova que atesta se o médico tem os conhecimentos e técnica necessários para atuar no País.  “Essa é a única forma de garantir que os pacientes sejam atendidos por pessoas realmente preparadas para o exercício da nossa profissão. Lembro aos gestores: expor o paciente a uma pessoa não capacitada pode atrasar diagnósticos, comprometer tratamento e tirar vidas”. Ele destacou ainda a importância da defesa incondicional da Lei do Ato Médico e a necessária defesa da valorização do médico e da medicina. 

A posse dos novos Conselheiros do CRM-SC reuniu médicos de todo o Estado e autoridades como o deputado Vicente Caropreso, que representou a Assembléia Legislativa, a secretária municipal de saúde de Florianópolis, Cristina Pires Pauluci, o Superintendente dos Hospitais Públicos Estaduais, Roberto Henrique Benedetti, e presidentes e diretores de entidades como a Academia de Medicina do Estado de Santa Catarina (ACAMESC), a Associação Catarinense de Medicina (ACM), o Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (SIMESC), o Sindicato dos Médicos da Região Sul Catarinense (SIMERSUL), entre outros.

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