Governo faz balanço da maior operação de retirada de brasileiros de uma zona de conflito

A operação Voltando em Paz alcançou nesta quarta-feira, 18 de outubro, o número de 1.135 brasileiros repatriados desde a cidade israelense de Tel Aviv, em meio ao conflito no Oriente Médio. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fez um balanço da iniciativa, considerada a maior do tipo da história do país, durante uma coletiva de imprensa no Palácio Itamaraty, em Brasília (DF), ao lado do ministro da Defesa, José Mucio, e do comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Marcelo Damasceno

Vieira recordou que a operação teve início em 8 de outubro, dia seguinte ao ataque do Hamas a Israel. A embaixada brasileira em Tel Aviv começou a cadastrar brasileiros interessados na repatriação e a avaliar os desafios logísticos para garantir que todos os cidadãos do nosso país conseguissem chegar a Tel Aviv, definida como porta de saída principal para os repatriados.

Os esforços contaram com participação da Força Aérea Brasileira (FAB), de servidores das embaixadas também no Egito e na representação brasileira em Ramala, além de ações diretas dos ministros e do próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Lula conversou diretamente com os presidentes de Israel, Isaac Herzog; da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas; do Egito, Abdul Fatah Al-Sisi; e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, entre outros, na tentativa de garantir uma saída segura e ampliar as negociações de paz e permitir corredores humanitários em Gaza.

“É a maior operação de retirada de brasileiros de uma zona de conflito”, resumiu o chanceler. Para ele, o esforço do governo garantiu uma atuação rápida e ajudou a trazer os brasileiros com segurança. “Essa operação foi acompanhada e monitorada desde o primeiro momento pelo presidente Lula, que recebia diariamente informações sobre a evolução dos voos e as condições dos brasileiros a serem repatriados”. Voos operados pela FAB deixaram Tel Aviv nos dias 10, 11, 12, 13, 14 e 18, transportando, além das 1.135 pessoas, dezenas de animais de estimação dessas famílias.

CADASTRO — O ministro da Defesa, José Mucio, explicou que, nos primeiros dias, a embaixada recebeu cerca de 2,7 mil cadastros, mas descobriu que muitos registros foram repetidos e que um bom número de brasileiros conseguiu retornar em voos comerciais. “Logo no início da operação, tivemos um número muito grande de cadastrados. Agora diminuiu, temos cerca de 150 pessoas querendo voltar”, relatou.

Essa situação abriu espaço para que pessoas de outros países possam retornar também. Houve no período uma série de pedidos de países vizinhos para que o Brasil ajudasse nesse processo. “Como a lista de brasileiros foi reduzida, nesse próximo voo vamos conseguir trazer 15 estrangeiros de países vizinhos – bolivianos, paraguaios, argentinos e uruguaios”, disse Mauro Vieira.

CONSELHO DE SEGURANÇA — O chanceler destacou também o esforço da diplomacia brasileira para a aprovação de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU, que é presidido pelo país durante o mês de outubro, pedindo um cessar-fogo na região, a abertura de corredores humanitários e a possibilidade de ampliação da ajuda humanitária no território palestino. O texto teve ampla aprovação, com 12 votos favoráveis, mas houve veto dos Estados Unidos.

“O Brasil apresentou uma resolução na qualidade de presidente do Conselho de Segurança, na primeira sessão. Houve um pedido dos demais membros para apresentar uma versão que seria mais palatável e foi o que fizemos. Apresentamos, depois de múltiplas consultas, um texto que foi aprovado por 12 dos membros do Conselho de Segurança. Infelizmente, não foi possível aprovar, ficou clara a divisão de opiniões”, relatou Mauro Vieira.

GAZA — A principal pendência da operação é um grupo de brasileiros que está em Gaza e tenta deixar o território palestino pela fronteira com o Egito, na cidade de Rafah. Nesta quarta-feira (18), o avião VC-2 da Presidência da República, destacado para trazer os brasileiros que estão em Gaza, voou de Roma, na Itália, até o aeroporto de Al-Arish, o mais próximo de Rafah. Lá foi descarregada uma carga com kits de remédios e 40 purificadores de água, que farão parte da ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza.

Segundo o comandante da Aeronáutica, esse pouso também foi importante para que os pilotos pudessem conhecer a pista de Al Arish, que no momento só está aberta para receber cargas de ajuda humanitária, mas pode vir a ser utilizada para retirar os brasileiros, caso haja autorização do governo egípcio. “Foi a primeira vez que pousamos lá”, explicou o tenente-brigadeiro Damasceno. “Agora, se precisarmos decolar de lá, já vamos ter esse conhecimento”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.