Lançamento de biografia de Ildefonso Juvenal marca mês da consciência negra da ACI

Evento que resgata o legado do escritor e jornalista, primeiro catarinense negro a concluir o Ensino Superior, será nesta terça-feira (14), na sede da ACI, em Florianópolis

Com a chegada do Mês da Consciência Negra, a Associação Catarinense de Imprensa (ACI), em especial a Diretoria de Igualdade Racial, convida para o evento “Imprensa Negra”, que marca o lançamento de duas obras literárias assinadas pelo historiador Fábio Garcia: “Ildefonso Juvenal da Silva: um memorialista negro do Sul do Brasil” – volumes 1 e 2.

Ildefonso Juvenal da Silva foi um escritor, orador, militar e farmacêutico brasileiro, sendo o primeiro homem negro a se formar em uma instituição de ensino superior em Santa Catarina, em 1924. Publicou obras literárias nos gêneros contos, poesias e teatro, além de dezenas de artigos e crônicas em diversas revistas e jornais (entre eles, O Estado). Realizava pesquisas históricas, tornando-se sócio do Instituto Histórico e Geográfico Catarinense. Junto a dezenas de outros homens negros de Florianópolis, fundou o Centro Cívico e Recreativo José Boiteux, em 1920, associação que lutava por cidadania e contra a discriminação racial, da qual foi orador e presidente.

“O movimento da Imprensa Negra no Brasil é voltado especialmente para a documentação e debate público das questões envolvendo o negro brasileiro, como a discriminação racial, a recuperação da dignidade, identidade, história e cultura dessa parcela da população. Grandes nomes catarinenses como Antonieta de Barros e Cruz e Souza foram referências apagadas, mas de extrema relevância, que – em eventos como este na sede da Associação Catarinense de Imprensa – procuramos valorizar por meio de debates, conversas e também o lançamento de livros como as obras do autor Fábio Garcia”, destaca Amanda Santos, jornalista e Diretora de Igualdade Racial da ACI.

Fábio Garcia é bacharel e licenciado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O autor é reconhecido por ser uma importante voz do movimento negro, educador e por sua participação em diversos projetos. Dentre eles, a elaboração do curso de História de África no curso de História da UFSC e a implementação do sistema de cotas para alunos negros e de escola pública na mesma instituição. Além disso é autor de diversos títulos, como: Negras Pretensões, A Educação para as Relações étnico-raciais, Africanidades Catarinenses, Gustavo de Lacerda: vida e obra de um jornalista negro catarinense e Ildefonso Juvenal da Silva: um memorialista negro no Sul do Brasil. “A contribuição de Ildefonso Juvenal para a história de Santa Catarina é incomensurável, sendo ela fundamental para a compreensão das estratégias e sociabilidades desenvolvidas pela população negra no pós-abolição”, diz o escritor.

“Abrir a Casa do Jornalista para eventos que resgatam a história de grandes nomes da imprensa de Santa Catarina é motivo de orgulho para todos nós que estamos à frente da entidade. Precisamos que essas histórias apagadas ao longo do tempo sejam conhecidas por jornalistas e estudantes de Jornalismo”, disse o diretor de eventos, Davi Paes e Lima.

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