

Nascido Jorge Mario, o último papa eleito escolheu o nome de Francisco para marcar o seu pontificado – Foto: Gregorio Borgia/AP/ND
O conclave se inicia nesta quarta-feira (7) e, além da expectativa de quem será o novo papa, o mundo aguarda pelo nome do líder da Igreja Católica que irá suceder o Papa Francisco.
Há uma tradição de longa data na Igreja que define o nome do papa como sendo diferente do nome de batismo. Mas esse é um costume que surgiu quase mil anos após a instituição ser fundada. Ainda, há algumas regras não escritas para a escolha do novo nome.
Por que o nome do papa é diferente do nome de batismo?
Hoje em dia, é comum que, quando um novo papa é eleito, ele também escolha um novo nome. Mas nem sempre foi assim.
Quando Pedro, o Apóstolo, se tornou o primeiro líder da Igreja Católica, o nome do papa era o nome que ele já tinha – apesar de ele ter nascido como Simão, seu nome havia sido alterado por Jesus. A primeira vez que um pontífice adotou um nome diferente foi João II, no século 6. Nascido em Roma, seu nome batismal era Mercúrio e ele não queria ser chamado como uma divindade não-católica.
O segundo a adotar um novo nome foi João XIV, no século 10. Isso porque seu nome de batismo era Pedro Canepanova e ele não queria ser chamado de Pedro II. Depois dele, papas franceses e alemães também passaram a mudar a maneira como seriam chamados, escolhendo nomes que tivessem uma sonoridade mais italiana para manter a tradição de seus antecessores.
Após essa tradição se estabelecer na Igreja, poucos mantiveram seus nomes de batismo. As últimas vezes que isso aconteceu foi no século 16, quando Marcelo II e Adriano VI lideraram a instituição.

O pontífice será eleito pelos cardeais do conclave, mas o nome do papa será escolhido por quem for eleito – Foto: Vatican News/ND
Novo papa é livre (mas nem tanto) para escolher seu nome
Não há proibições para a escolha do nome do papa, cabendo ao pontífice eleito a decisão para como ele deverá ser chamado. Em geral, os papas escolhem figuras que desejam homenagear.
A exceção é uma tradição não escrita sobre o nome “Pedro”. Isso porque o primeiro papa foi justamente Pedro, o Apóstolo. A profecia de São Malaquias também tem influência nesse costume – no século 12, ele previu que o último papa da história se chamaria Pedro II e governaria em um período de grandes turbulências.
Obviamente, nomes como “Judas” ou “Lúcifer” não devem ser escolhidos, de modo a evitar homenagens a personagens não muito benquistos na Bíblia.
Há também nomes de papas do passado que, pouco provavelmente, voltarão a ser escolhidos, como “Urbano” – para não remontar a Urbano VIII, responsável pela condenação de Galileu Galilei por provar que a Terra girava em torno do Sol – ou “Pio” – por conta de Pio XII, líder da Igreja durante a Segunda Guerra Mundial que é duramente criticado por seu anticomunismo ferrenho e seu silêncio em relação ao Holocausto.
Qual é o nome mais popular entre os papas?
Na história, oito nomes já foram escolhidos mais de cinco vezes, sendo eles:
- 23 vezes: Papa João – o último em 1958;
- 16 vezes: Papa Gregório – o último em 1831 – e Papa Bento – o último em 2005;
- 14 vezes: Papa Clemente – o último em 1769;
- 13 vezes: Papa Inocêncio – o último em 1721 – e Papa Leão – o último em 1878;
- 12 vezes: Papa Pio – o último em 1939;
- 9 vezes: Papa Estêvão – o último em 1051 – e Papa Bonifácio – o último em 1389;
- 8 vezes: Papa Urbano – o último em 1623 – e Papa Alexandre – o último em 1689;
- 6 vezes: Adriano – o último em 1522.

O nome do papa mais vezes escolhido é ‘João’, com 23 vezes; último foi eleito em 1958 – Foto: Reprodução/ND
Quando será anunciado o novo nome do papa?
Depois que a fumaça branca sair da chaminé da Capela Sistina, o novo papa será apresentado, em latim, na varanda da Basílica de São Pedro.
Em seguida, o cardeal sênior Dominique Mamberti irá pronunciar a frase “Habemus Papam”, bem como anunciar o nome do papa, também em latim.
O nome do papa, tradicionalmente, é traduzido para as línguas nativas de cada país. No Brasil, por exemplo, o nome “Franciscus” foi traduzido para “Francisco” – assim como para “Francesco” na Itália, “Francis” no Reino Unido, e assim por diante.
Caso o novo pontífice também adote esse nome, ele será conhecido como Papa Francisco II – e, consequentemente, o anterior passará a ser chamado de Francisco I.