

Arquitetura indígena une palha e madeira harmoniosamente – Foto: ISA/Brasil Arquitetura/Daniel Ducci/ND
Com técnicas que brotam da observação da natureza, a arquitetura indígena oferece soluções simples e eficientes para o conforto térmico e a durabilidade das moradias.
Estudar essas práticas do passado é reaprender a valorizar recursos locais e repensar nossas próprias construções diante das mudanças climáticas.
Sustentabilidade na arquitetura indígena
Em muitas comunidades indígenas brasileiras, as construções seguem o princípio de usar materiais que a natureza oferece – palha, madeira e cipó – e técnicas que garantem conforto sem energia elétrica.
Essas moradias permitem ventilação cruzada e isolamento térmico, reduzindo o uso de aparelhos.
Inspiração no design ancestral
A arquiteta Marina Waisman definiu como “tecnologia avançada” aquela que, com recursos acessíveis, entrega o habitat ideal para cada região. É justamente isso que o design ancestral das ocas comprova ao unir funcionalidade e baixo impacto ambiental.

O Instituto Socioambiental do Amazonas carrega o design ancestral – Foto: ISA/Daniel Ducci/ND
“Em uma primeira aproximação pode-se dizer que tecnologia avançada é aquela que permite, com base em recursos humanos e materiais acessíveis, alcançar, mediante seu aperfeiçoamento e desenvolvimento, o mais alto grau de produtividade para conseguir um habitat adequado para cada região e seus modos de vida, tanto em qualidade como em quantidade”, disse Marina.
Exemplos de construções indígenas no Brasil
No Amazonas, o ISA (Instituto Socioambiental) contou com mão de obra indígena para erguer coberturas de madeira, palha e cipós, criando um beiral de 1,5 m que protege do sol e da chuva.
Já o Centro Sebrae de Sustentabilidade, projetado pelo arquiteto José Afonso Portocarrero, tem uma cobertura dupla de concreto inspirada em camadas de palha – criando um colchão de ar que mantém o interior fresco.

O teto do prédio do Sebrae do Amazonas tem uma cobertura inspirada em camadas de palha – Foto: Rai Reis/ND
Tecnologia avançada acessível
O Núcleo Tecnoíndia, no Mato Grosso, documenta soluções de diversas etnias para inspirar cada vez mais tendências da arquitetura contemporânea.
A troca de saberes entre antropólogos e arquitetos reforça que o verdadeiro avanço está em respeitar o clima, o solo e as tradições locais.
Legado para a arquitetura contemporânea
Ao resgatar práticas vernaculares é possível criar moradias que se adaptam aos desafios do futuro: eventos extremos, escassez de recursos e a busca por conforto.

Campus da Universidade do Amazonas entre 1970 e 1980 – Foto: Severiano Porto/ND
Mais do que um estilo, a arquitetura indígena é um convite a repensar o que chamamos de inovação no mundo da construção.