Animais foram reintroduzidos na natureza depois de 8 meses com a mãe
Uma ação inédita marcou a soltura de duas lontras na natureza na última quarta-feira (4), em Florianópolis. Elas foram destinadas à Lagoa do Peri, que fica em uma Unidade de Conservação no Sul da Ilha. A inciativa foi do Instituto Ekko Brasil/Projeto Lontra — uma Organização da Sociedade Civil que atua há quase 40 anos na pesquisa e conservação da espécie — em parceria com o Grupo Oceanic, responsável pelo maior aquário do Sul do país.
Com cerca de oito meses de idade, os filhotes, um macho e uma fêmea da espécie Lontra longicaudis, são filhos de Nanã, lontra resgatada ainda bebê em 2016 pela Polícia Ambiental embaixo da Ponte Hercílio Luz. Ela foi encontrada tentando mamar no corpo da mãe que, de acordo com a necropsia, morreu por traumatismo craniano em decorrência de agressões. Lucky, pai dos bebês, foi entregue voluntariamente para um zoológico e, posteriormente, encaminhado ao projeto.
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De acordo com os responsáveis, o nascimento e a soltura dos filhotes — carinhosamente apelidados de “gêmeos” — representam um marco na conservação da espécie no Brasil. “Essa é uma oportunidade de transformar histórias de sofrimento em esperança para a biodiversidade”, afirma Marcelo Tosatti, Presidente do IEB e gerente administrativo do Projeto Lontra.

Recomeço
A iniciativa oferece uma nova chance para animais que, vítimas de maus-tratos, ações humanas ou impactos das mudanças climáticas, não podem retornar diretamente à natureza, mas ainda assim contribuem para a continuidade de sua espécie. Diferentemente dos órfãos resgatados, os filhotes nascidos sob cuidados humanos apresentam um perfil mais favorável para readaptação, o que aumenta a expectativa de sucesso na soltura.
“Além dos programas de conservação desenvolvidos no Oceanic Aquarium, apoiar o Projeto Lontra, tanto técnica quanto financeiramente, é uma forma concreta de contribuir com a reintrodução de espécies nativas e com a saúde dos nossos ecossistemas. Estamos muito orgulhosos de fazer parte dessa iniciativa pioneira que transforma cuidado e ciência em ação real pela natureza”, afirma Kiko Buerger, CEO do Grupo Oceanic.

Acompanhamento na natureza
Após a soltura, os animais serão monitorados por meio de armadilhas fotográficas, observações de campo e análise de vestígios como pegadas, fezes e marcações odoríferas — métodos que auxiliam na identificação dos hábitos e na avaliação da adaptação ao novo ambiente. Na região já foram mapeadas sete tocas habitadas por lontras. O acompanhamento também se estenderá aos corredores ecológicos que conectam fragmentos de vegetação nativa e garantem o fluxo da fauna e flora locais.
A iniciativa conta com o apoio e a supervisão de órgãos ambientais como o IBAMA, o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (FLORAM). Em oito anos, 14 filhotes nasceram sob os cuidados do projeto. Com a formação de uma população de segurança e a publicação do Plano de Manejo da Lagoa do Peri, em 2024, iniciou-se uma nova etapa: o retorno dos animais à natureza.

Espécie ameaçada
As lontras estão na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Embora no Brasil a espécie seja classificada como “Quase Ameaçada” (NT), em países vizinhos como a Argentina, ela já figura como “Em Perigo” (EN).
Além da perda de habitat, as lontras também sofrem com a poluição dos rios, caça ilegal e tráfico de animais silvestres. A iniciativa em Florianópolis pretende não apenas reintroduzir os animais na natureza, mas também aumentar a conscientização sobre os desafios que a espécie enfrenta.
Projeto Lontra
Criado em 1986, o Projeto Lontra desenvolve atividades de pesquisa, educação ambiental e mobilização social na Lagoa do Peri, em Florianópolis. Entre suas ações estão o levantamento populacional das lontras na região, parcerias com universidades e autoridades, e atividades com escolas e comunidades locais.

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