Pesquisa da UFSC Araranguá potencializa o desenvolvimento de espécies de plantas

Um projeto desenvolvido a partir do Campus de Araranguá da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promete revolucionar o cultivo de plantas ao potencializar, em ambientes controlados, o desenvolvimento de espécies. Realizado em parceria com uma equipe do Instituto Federal Catarinense (IFC), campus de Santa Rosa do Sul, o projeto conta com financiamento da Usina Hidrelétrica Foz de Chapecó Energia, dentro do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu) na gestão administrativa e financeira.

Bananeiras e orquídeas

Intitulado Desenvolvimento de estufas (casas) inteligentes e eficientes energeticamente para cultivo de plantas de alto valor agregado aplicadas a comunidades lindeiras ou assentadas de usinas hidrelétricas, o projeto começou em outubro de 2021 e é executado no campus do IFC de Santa Rosa do Sul, no Sul catarinense, e na biofábrica da cidade de Alpestre, no Rio Grande do Sul, onde estão localizadas as estufas inteligentes. Testados inicialmente em mudas de bananeiras e orquídeas, os primeiros resultados são promissores. “O projeto ainda não está concluído, entretanto um lote de produção de mudas de bananeiras foi finalizado, e outro está em produção. Este primeiro lote trouxe resultados interessantes”, informou o professor Marcelino.

Além da resposta visual, todas as análises laboratoriais das bananeiras apresentaram melhores desempenhos para as mudas da Smart Greenhouse (SGH) em comparação com aquelas colocadas em uma casa de vegetação convencional (CGH). Também foram observadas reduções significativas nas etapas de evolução. “As mudas de bananeiras passam por fases chamadas de pré-aclimatação e aclimatação. A primeira fase era esperada por 15 dias, e a segunda, três meses. De forma surpreendente, na Smart GreenHouse a fase de pré-aclimatação foi reduzida para dez dias e a aclimatação, em dois meses”, observou o coordenador do projeto.

Ambientes controlados

Para as orquídeas, o desenvolvimento também foi considerado muito bom. “Como se trata de uma espécie ornamental, o objetivo é a floração no menor tempo possível, seja para comercialização seja a para seleção de plantas com características desejáveis. Nesse sentido, em apenas cinco meses alguns exemplares já iniciaram a emissão de hastes florais – um resultado muito importante no segmento de orquídeas ornamentais”, destaca o professor. E com oito meses, as mudas já apresentavam as primeiras flores – tempo que pode chegar a três anos em uma casa de vegetação normal. “Nosso objetivo no projeto nem é produzir orquídeas com flores, apenas mudas, mas as flores já começaram a aparecer, mostrando a eficiência da casa de vegetação inteligente e eficiente”, acrescenta Marcelino.

As espécies são cultivadas em dois protótipos de casas inteligentes e eficientes energeticamente, medindo 12 x 8 metros, com monitoramento e controle de variáveis, como temperatura ambiente, umidade de substrato, umidade relativa do ar, luminosidade e níveis de gás carbônico (CO2). “O sistema computacional de controle das variáveis utiliza técnica de inteligência artificial, tomando decisões sozinha, por isso o nome inteligente na estufa. O nome eficiente vem da arquitetura bioclimática, e o sistema fotovoltaico dá a suplementação de energia elétrica”, explica o professor. As mudas de bananeiras são cultivadas na Smart Greenhouse de Santa Rosa do Sul, e as de orquídeas, na SGH de Alpestre.

Atendimento à comunidade

A ideia de realizar o projeto surgiu da necessidade de atender comunidades vizinhas de usinas hidrelétricas ou assentadas nessas regiões. “Hoje, esses agricultores não conseguem ter mudas em todas as épocas do ano, acabam não conseguindo atender a demanda dos compradores e perdem dinheiro e renda”, explica o professor. “Este projeto aumentará significativamente a atividade socioeconômica da região lindeira [área dos entornos das usinas]”, prevê Marcelino.

Apesar de o público-alvo não ser limitado à cidade de Alpestre, podendo ser aplicado em qualquer comunidade vizinha de uma usina hidrelétrica, os protótipos foram instalados no município gaúcho que faz divisa com Santa Catarina, no Oeste catarinense, porque é nele que se encontra a hidrelétrica Foz do Chapecó, financiadora do projeto.

“Tendo em vista a caracterização do projeto e a construção das casas de vegetação, a produção das mudas de bananeiras e orquídeas pode se desenvolver mais rapidamente, em qualquer época do ano e com melhor qualidade. Estas mudas disponíveis em qualquer parte do ano servirão aos agricultores lindeiros de empreendimento hidroelétrico que terão um aumento significativo na sua produção agrícola, consequentemente aumentando sua renda e qualidade de vida”, observa o professor.

“Como estas mudas serão cultivadas em ambiente controlado, o uso de agrotóxicos será eliminado, colaborando para a sociedade em geral, disponibilizando mudas naturais com maior qualidade”, acrescenta o coordenador do projeto, que comanda uma equipe de 18 pessoas, entre professores, alunos de graduação, mestrado e doutorado inseridos nas áreas da Engenharia Agronômica, Engenharia de Computação, Engenharia de Energia e Tecnologia da Informação e Comunicação.

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