Mulheres avançam mas ainda são minoria no mercado de trabalho formal

Embora a população brasileira seja composta por 52,8% de mulheres e 47,2% de homens, conforme o Censo Demográfico de 2022, ainda são eles que dominam o mercado de trabalho formal. Por exemplo, apenas 39,1% dos cargos de liderança no Brasil eram ocupados por mulheres em 2023, o que representa aumento de cerca de 9,5% em dez anos (eram 35,7%, em 2013).

Os dados são do estudo “Mulheres no Mercado de Trabalho”, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a força de trabalho ainda é majoritariamente masculina (75,1%) na indústria (que responde por 21% do PIB brasileiro), contra apenas 24,9% de presença feminina. O levantamento também revelou que elas têm mais escolaridade (12 anos de estudo em média) do que os homens (10,7 anos), entretanto, o salário atinge apenas 78,7% do que é pago para eles.

Um dos motivos para isso parece ser o fato de as mulheres não se sentirem encorajadas a seguirem carreiras de exatas (engenharias, computação, contabilista, economia, estatística, etc.) ou simplesmente por falta de apoio dentro de casa, tendo de abrir mão do trabalho para atender a família.

“É preciso que a população fale mais sobre a presença da mulher no mercado de trabalho, que os homens participem mais das tarefas domésticas, dividindo esse peso que, habitualmente, recai sobre a mulher. Com apoio dentro de casa, elas se sentirão mais capazes de buscar carreiras em áreas como engenharia e tecnologia”, destaca a engenharia Daniela Silva, gerente de Pessoas da Quantum Engenharia, empresa brasileira de destaque no setor de Iluminação Pública, Subestações e Linhas de Transmissão e Energia Solar, áreas tipicamente masculinas.

Na Quantum, o quadro funcional já é composto por 23,7% de mulheres, inclusive há lideranças femininas, embora em menor número. Promover a paridade de gênero é um desafio global, e um trabalho constante para Daniela, com procura por profissionais mulheres inclusive via hunting – quando é feita uma pesquisa ativa em redes voltadas ao mercado de trabalho, como o LinkedIn, em busca de pessoas que possuam perfis aderentes às vagas.

A psicóloga Paula Medina é Head de Pessoas e Cultura no grupo brasileiro FiberX, um dos maiores integradores de tecnologia da América Latina. Lá, o percentual feminino já atinge 32,48% do quadro funcional, sendo mais do que o dobro da média nacional do setor de TI (12,3%). Ainda, 22,92% dos postos de gestão são ocupados por mulheres na FiberX, um percentual que tem aumentado também graças à parceria entre diretoria, gestores e área de pessoas.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, as mulheres ocupam apenas 12,3% dos cargos em empresas de tecnologia. O que é uma pena, pois, muitas vezes, as mulheres nem se dão conta de que possuem as qualificações necessárias e deixam de se inscrever, porque sempre acham que não é o suficiente. Nesse aspecto, os homens são muito mais ousados e candidatam-se muito mais, mesmo que saibam que não possuem todas as qualificações pedidas nas vagas. O baixo percentual de mulheres em Tecnologia e até em cargos de gestão, tem o impacto de muitas outras variáveis, precisamos de ações em diversas frentes para conseguirmos melhor esse cenário“, alerta Paula.

Conscientização é ponto fundamental para mudar essa realidade

Um ponto fora da curva é a Únilos, que tem 68% do quadro composto por mulheres. Integrante do Sistema Ailos – que reúne mais de 1,5 milhão de cooperados nos três estados do Sul do Brasil – a Únilos é a primeira Cooperativa de Crédito do país a aderir oficialmente aos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs – Women’s Empowerment Principles) da ONU Mulheres. Inclusive, 100% da diretoria da Cooperativa é formada por mulheres.

“Aqui na Cooperativa, prezamos pela conscientização de todos sobre a importância da equidade de gênero e a necessidade de difundir informações sobre seus benefícios. Promovemos a igualdade de oportunidades em todos os níveis, pensando na capacitação e desenvolvimento profissional que garantam que as mulheres tenham acesso às mesmas oportunidades de crescimento e aprendizado”, explica a diretora administrativa Silvania Junckes.

Conforme Silvana, esse trabalho contínuo de mudança da cultura organizacional também promove valores de igualdade e respeito, apoiando um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal para todos os membros, independentemente do gênero, com oportunidades iguais em todos os níveis, tendo em mente a capacitação e o desenvolvimento profissional que garantam que as mulheres tenham acesso às mesmas oportunidades de crescimento e aprendizado. “São essas ações combinadas que ajudaram a criar um ambiente mais inclusivo e equitativo na cooperativa Únilos, promovendo a participação ativa das mulheres e contribuindo para o sucesso geral“, finaliza Silvana.

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