Florianópolis tem apenas 1 vaga em leito de UTI disponível pelo SUS

Capital só está com um leito de UTI disponível nesta quinta-feira

Capital só está com um leito de UTI disponível nesta quinta-feira (Foto: Ilustrativo/Freepik)

Dos 132 leitos ativos em oito hospitais da Capital, a única vaga remanescente é no Hospital Nereu Ramos

Florianópolis tem apenas um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nesta quinta-feira (25). Dos 132 leitos ativos em oito hospitais da Capital, a única vaga remanescente é no Hospital Nereu Ramos, que atende somente adultos, conforme o painel de leitos da Secretaria de Estado da Saúde (SES). Não há vagas para internação na rede pediátrica e neonatal.

O atendimento na cidade está no limite, com 99% de ocupação. O Hospital Nereu Ramos, localizado no bairro Agronômica, está com nove dos 10 leitos ativos ocupados, segundo a consulta ao sistema, por volta das 16h.

As outras unidades hospitalares maiores e com atendimento adulto, como Hospital Governador Celso Ramos, Caridade, Florianópolis, Hospital Universitário e Cepon, estavam completamente lotadas na tarde desta quinta. Entre os pacientes internados, quatro estão com covid.

Já para leitos neonatais e pediátricos a lotação chegou ao máximo, com 100% de ocupação. Ao todo, são 48 leitos ativos e ocupados no Hospital Infantil Joana de Gusmão, Maternidade Carmela Dutra e Hospital Universitário.

Grande Florianópolis tem 97% das UTIs ocupadas
Na Grande Florianópolis a situação também é preocupante. O atendimento nas UTIs está em 97,7%, já que a única unidade hospitalar que não está lotada é o Hospital Regional de Biguaçu Helmuth Nass. No local, quatro leitos estão disponíveis entre os oito oferecidos para pacientes adultos.

Internações por gripe crescem 56% em hospitais de SC em 2023, alerta Saúde

A superlotação tem sido um problema para toda Santa Catarina, que nesta quinta lida com 97,5% de ocupação das UTIs. Ao todo, 1.151 leitos estão sendo utilizados por pacientes com diferentes problemas de saúde, sendo que 16 deles estão internados por complicações da Covid.

Apenas 29 leitos em todo Estado estão vagos. No entanto, o próprio painel do governo aponta que a taxa de ocupação real é maior do que o indicador oferecido pela plataforma. Ou seja, o número disponível de fato é ainda menor. “Quando liberado, um leito constará temporariamente como disponível mesmo que já esteja reservado a algum paciente”, consta na descrição do mapa do painel da SES.

A reportagem entrou em contato com SES e pediu um posicionamento sobre a lotação hospitalar na capital, mas ainda não obteve retorno. Assim que o governo estadual emitir uma nota sobre o contexto atual, a matéria será atualizada.

Por que SC voltou a ter UTIs lotadas
Desde as emergências hospitalares voltaram a lotar em março, a gestão Jorginho Mello (PL) afirma que a rede é pressionada por casos de dengue e doenças respiratórias, agravadas pela baixa cobertura vacinal.

Entenda a lotação das UTIS de Santa Catarina

Chefe do departamento de saúde pública da UFSC, o pesquisador Rodrigo Moretti diz que a alta das doenças respiratórias já é esperada para essa época de cada ano, com a queda das temperaturas, e que essa não é a única razão para a crise das UTIs. Segundo ele, o problema é, na verdade, contínuo e só fica mais evidente quando há maior pressão sobre a rede hospitalar, o que ocorre agora.

A crise parte, ainda segundo Moretti, de um histórico de baixa formação de profissionais especializados para atuar em UTIs e de investimentos abaixo do necessário ao longo dos anos, o que depende não só do governo estadual, já que a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) é tripartite — os municípios e o governo federal, hoje sob gestão Lula (PT), também são responsáveis.

— Existe um déficit na atenção secundária e terciária no Brasil, e não só em Santa Catarina, tanto no atendimento público quanto no privado há um tempo, não só em termos de equipamentos e de infraestrutura, mas também de profissionais. Não há especialistas. Particularmente em relação à pediatria, são abertas vagas, mas elas não são ocupadas — completa Moretti.

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