Nova espécie de réptil ajuda a entender a evolução de pterossauros e dinossauros

A descoberta, no Rio Grande do Sul, do fóssil de um pequeno réptil, precursor dos pterossauros, traz novos elementos para o estudo da evolução desses animais e dos dinossauros. O estudo foi liderado pelo paleontólogo Rodrigo Temp Müller, do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, da Universidade Federal de Santa Maria (Cappa/UFSM). O trabalho contou com a participação dos pesquisadores do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ) Alexander Kellner e Marina Bento Soares, ambos apoiados pelo programa Cientista do Nosso Estado (CNE), da FAPERJ.

O fóssil foi localizado por Müller, em 2022, na área do Geoparque Quarta Colônia, na cidade de São João do Polêsine, região central do Rio Grande do Sul. A nova espécie recebeu o nome de Venetoraptor gassenae. “Venetoraptor” quer dizer o raptor do Vale Vêneto, região turística do município gaúcho. Já “gassenae” é uma homenagem a Valserina Maria Bulegon Gassen, uma das responsáveis pela criação do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia da UFSM.

As características da nova espécie fazem dela uma das precursoras dos pterossauros mais informativas descobertas até o momento. O Venetoraptor gassenae pertence ao grupo extinto dos lagerpetídeos. A estimativa é que tenha vivido por volta de 230 milhões de anos atrás. A espécie, de aproximadamente 1 metro de comprimento, possuía bico raptorial e mãos proporcionalmente grandes, munidas de garras longas e afiadas. Uma combinação de estruturas bastante incomuns.

Os lagerpetídeos são considerados os parentes mais próximos dos pterossauros. No entanto, ao contrário dos répteis voadores, o Venetoraptor gassenae e as demais espécies de lagerpetídeos não eram voadores.

De acordo com o professor Alexander Kellner, também diretor do Museu Nacional, as estruturas anatômicas do réptil causaram surpresa. O crânio, por exemplo, apresenta na ponta um bico alto e curvado. Características como essas só foram registradas 80 milhões de anos mais tarde, nos dinossauros. A presença de garras, que podem ter ajudado o animal a escalar árvores, é outro fator de destaque.

“Este novo trabalho descrevendo um pequeno réptil que está em uma posição próxima aos répteis voadores e não muito distantes dos dinossauros mostra o quanto ainda temos a descobrir no nosso País e que pode nos ajudar a entender um pouco mais da evolução desses animais fantásticos que dominaram a era mesozoica”, afirmou Kellner, destacando que as descobertas baseadas em fósseis localizados no território brasileiro vêm trazendo um impacto cada vez maior à ciência.

O estudo que deu origem à descrição da nova espécie, e que contou com a participação de pesquisadores do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos, recebeu a atenção da revista Nature, que dedicou a ele a capa da edição lançada nesta quinta-feira, 17 de agosto.

Com informações da Assessoria de Imprensa do Museu Nacional/UFRJ.

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