Mudanças climáticas geram a eco-ansiedade

Tensão muscular, taquicardia ou palpitações, medo constante e enxergar perigo em tudo, insônia e alterações de sono. Esses são alguns dos sintomas comumente relacionados ao transtorno de ansiedade. Agora, eles podem também fazer parte de um novo tipo de ansiedade, ligada ao medo de desastres naturais. A Associação Americana de Psicologia (APA, em inglês), descreve a eco-ansiedade como “o medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto, aparentemente irrevogável, das mudanças climáticas gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das gerações futuras”.

Para a APA, a interiorização dos problemas ambientais que afetam o planeta pode ter sequelas psicológicas, mais ou menos graves, em algumas pessoas. “Ondas de calor e incêndios, ciclones e tufões, terremotos e maremotos, desmoronamentos pelo acúmulo de chuva, como o que afetou a Serra do Mar, aumento da poluição, acúmulo de lixo. São tantas notícias catastróficas que a gente se pergunta: o que acontecerá com o mundo?”, questiona Claudia Coser.

Para Cláudia, o fenômeno da eco-ansiedade está intimamente relacionado ao comportamento das empresas. “Todos sabemos que a produção em larga escala e o consumo a qualquer preço afetam as condições do planeta. As empresas têm responsabilidade direta em alguns desastres ambientais como no caso de Brumadinho e Mariana e das manchas de óleo no litoral do Nordeste, em 2019. Indiretamente, sabemos que as emissões de gases na atmosfera, a produção desenfreada de resíduos e outras ações similares afetam diretamente o clima na terra e nós, com um poder limitado de influência, acabamos sendo reféns de situações e de sentimentos decorrentes da incerteza que nos cerca”, comenta.

Se uma Greta incomoda, imagine várias

Claudia acredita que não há necessidade de um comportamento apático que apenas aceite a realidade dos fatos. “O poder de despertar o mundo dos negócios para os assuntos relacionados à sustentabilidade e à convivência harmônica entre lucro e meio ambiente está nas mãos do consumidor. As pessoas estão começando a levar em conta questões relacionadas ao ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança) e não apenas o preço no momento da compra. Muitas pessoas não querem associar o seu consumo com empresas que poluem, utilizam mão de obra escrava ou desmatam, por exemplo”, acredita. “Outro sinal dos tempos é o fato de que as redes sociais criaram muitas ´Gretas´ (Greta Thumberg, jovem ativista pelo meio ambiente) que denunciam e pressionam as organizações para que atuem em conformidade com as leis e busquem alternativas mais sustentáveis”, completa.

É possível vencer a eco-ansiedade

Não estamos vivendo dias fáceis, mas é possível driblar a eco-ansiedade. Primeiro, é preciso buscar positividade diante de qualquer circunstância e principalmente fazer nossa parte para cuidar do planeta, promovendo um estilo de vida mais sustentável.

Claudia acredita que o primeiro passo é se conscientizar do seu papel, apostando em uma postura de consumo mais responsável – consumir o que é necessário – e focar em atividades sustentáveis como reciclagem, mobilidade sustentável e alimentação sustentável.

Para as empresas, a recomendação é “olhar com atenção para os seus processos e seus relacionamentos com a cadeia de valor, buscando identificar oportunidades reais de melhoria, tendo como objetivo uma contribuição verdadeira para o planeta e para as pessoas. Uma postura sustentável – em que a comunicação esteja aliada a comportamentos e atitudes coerentes – é a garantia de reputação e imagem positiva que com certeza irá reverter em ganhos financeiros”, finaliza.

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