Carnaval de Florianópolis transforma folia de uns em oportunidade de renda para outros

Ambulantes e até “bonequeiros” garantem dinheiro extra durante eventos com o Berbigão do Boca, que abre as celebrações na Capital

Carnaval de rua de Florianópolis abre-alas nesta sexta-feira (2) (Foto: Lucas Amorelli, NSC Total)

O Carnaval gera alegria, mas também emprego e renda. Em Florianópolis, a festa que será oficialmente aberta nesta sexta-feira (2), com o Berbigão do Boca, movimenta setores da economia como turismo, indústria de bebidas e de alimentos, transporte, hospedagem e confecção de fantasias e adereços.

Os números são imprecisos, mas a economia informal tem grande incremento. Além do intenso movimento que toma bares e restaurantes do Mercado Público e entorno da Praça XV. Só para os ambulantes, a prefeitura ofereceu 530 vagas: comércio de bebidas (refrigerante, água e cerveja em lata), gelo, espetinhos (carne, frango, pão de alho e embutidos), artigos carnavalescos e comércio de alimentos em food trucks.Os cadastrados podem trabalhar durante todo o Carnaval.

Há, ainda, montagem da estrutura de palcos, dos banheiros químicos, contratação de músicos e artistas locais, e tudo que o espetáculo exige: iluminação, luz, decoração, segurança, serviço de saúde.

— Trabalho em um restaurante na Praia dos Ingleses, mas o patrão achou duas vagas e na sexta-feira vamos trabalhar em um bar do mercado — conta o paulista Ricardo Amaral, 30 anos, que foi conferir o lugar do bico.

Máscaras à venda fortalecem também o comércio local (Foto: Lucas Amorelli, NSC Total)

Também animada estava prima de Ricardo, Jeniffer, 27, que com o marido conseguiu se cadastrar como ambulante:

— Vamos vender bebidas. Só falta comprar o gelo – explica, enquanto dá uma espiada nos bonecos característicos do Berbigão, ao lado do prédio da alfândega.

Para ficar num só exemplo do movimento econômico, o diretor financeiro do Berbigão do Boca, Nado Garofallis, faz um comparativo dos custos dos 42 bonecos:

— Bancamos café da manhã, almoço, lanche e ainda “molha a garganta” do pessoal que leva o boneco [carregador ou bonequeiro], pois é preciso disposição e traquejo para participar do desfile. São pessoas simples, às vezes sem emprego, que aguardam por esse dia. Recebem também um cachê que, dependendo do tempo do trajeto, fica em torno de R$ 450 – explica.

São 42 bonecos. Cada um tem de 15 a 20 quilos. Feitos basicamente de argila, fibra, madeira e resina, lembram a Maricota do Boi de Mamão. Normalmente são dois carregadores por boneco. Neste desfile, destaque para Mestre Rato, que morreu em setembro do ano passado, aos 84 anos. O percussionista Nilton Elizeu da Silva, comandou diversas baterias, como na Os Protegidos da Princesa, e na própria banda do Berbigão do Boca. É pelo talentoso Alan Cardoso, responsável pela criação dos bonecos desde 1995, que esses personagens seguem vivos na memória cultural da cidade. O artista esteve em Olinda para aprender e aprofundar a técnica de fazer bonecos gigantes.

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Cartazes bem-humorados também marcam o Carnaval de rua em Florianópolis (Foto: Lucas Amorelli, NSC Total)

Apesar de grande, festa segue com características da Ilha

Neste ano, o Berbigão do Boca mandou fazer 8 mil camisetas. Em uma banca montada no corredor do Mercado Público, diretores vendem ao preço de R$ 50.

— O movimento está muito bom. Não sei se no final do dia de hoje [quarta-feira] ainda teremos camisetas disponíveis — destaca o diretor operacional Rodolfo Kowalski.

Foram confeccionadas 8 mil unidades. Dessas, pelo menos 2 mil são entregues para a diretoria, a quem trabalha e dadas de presente para autoridades, convidados e amigos da agremiação. Nado Garofallis considera que o Berbigão do Boca se tornou uma representação importante da cultura da Ilha. Neste ano, estarão presentes 150 bruxas, simbolizando os seres mitológicos que povoam o folclore herdado do pesquisador Franklin Cascaes.

— Sinto orgulho em proporcionarmos de graça para a cidade uma festa desse tamanho. Aquela proposta inicial de não deixar morrer o Carnaval de Florianópolis segue valendo, e sem perder a característica de uma grande comunidade onde quase todo mundo se conhece e dá seu jeito de participar.

Para o diretor Financeiro da agremiação, é exatamente a essência comunitária que dificulta precisar o quanto o Berbigão do Boca faz girar a economia da cidade. Mas lembra do que tem ouvido nos últimos dias: costureiras que customizam camisetas, motoristas que irão transportar foliões em van, profissionais que farão a maquiagem em grupo de turistas, reforço nas equipes de garçons nos bares do entorno da arena Berbigão, nas imediações da Alfândega.

— O desafio está em mensurar isso. Nem nós, nem o poder público consegue calcular. Quem sabe no ano que vem a gente consiga – brinca.

Berbigão do Boca abre as celebrações de Carnaval na Capital (Foto: Lucas Amorelli, NSC Total)

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