Novo ano astrológico e aniversário de Florianópolis poderão ser comemorados com noite medieval

Um trio de mulheres criativas e apaixonadas pela Ilha resolveu realizar uma comemoração diferente para os 351 anos de Florianópolis: uma noite medieval, com jantar à luz de velas e tochas e todos os apetrechos, ingredientes e modos de cozinhar da época.

“Estávamos pensando no que fazer de especial para celebrar o novo ano astrológico, em 20 de março. Fomos pensando em histórias, lembramos das bruxas , do aniversário de Florianópolis e uma ideia foi puxando a outra”, explica a professora, designer e cozinheira Conceição Garcia, uma das idealizadoras do projeto, junto com a também professora e artista plástica Isabela Sielski e a astroterapeuta Jane Guedes.

Pela formação do trio, é possível ter ideia do que será realizado no jantar. Conceição é pesquisadora do modo de vida de diferentes culturas, com foco na alimentação e fez um extenso levantamento de como era as pessoas se alimentavam na Idade Média. “Havia diferença entre ricos e pobres, como sempre, mas é interessante notar que a alimentação dos camponeses é muito parecida com o que hoje é considerado fit e caro: grãos, castanhas, cereais integrais. A carne era raridade e as partes nobres iam, claro, para os nobres”, conta a professora.

O local escolhido é uma propriedade no Caminho dos Açores, em Santo Antônio de Lisboa. Os convidados atravessarão um portal que os levarão a uma experiência sensorial onde tudo remeterá à época medieval: tato, olfato, visão, audição e paladar serão aguçados pela ambientação, música, iguarias, bebidas e danças. Não haverá luz elétrica. Na preparação do jantar serão utilizados os ingredientes e os métodos de cocção disponíveis no medievo, assim como o modo de organizar a mesa e servir.

“O fogo à base de lenha será um elemento central na preparação da comida, mas terá a função de agregar o grupo, tal como acontece desde que o fogo foi descoberto”, conta Conceição, que fará uma breve explanação sobre esse modo de vida e seus sabores.

A magia não ficará de fora: Jane conduzirá a consulta a um oráculo astrológico com leitura do mapa do ano de 2024 e o ritual do Equinócio de Outono. Já Isabela Sielski falará sobre as bruxas e sua relação com o folclore da Ilha. A artista, uma ceramista renomada, também será a responsável pela produção de muitas das louças utilizadas durante o jantar.

“O jantar será servido em peças de cerâmica, como pratos, cumbucas e taças, remetendo aos materiais utilizados no período medieval e como é tradição também na nossa Ilha da Magia”, explica Isabela.

A única concessão à tecnologia serão espaços “instagramáveis” e o registro fotográfico. Ao final da noite, participantes concorrerão ao sorteio de uma análise de mapa astrológico feita pela Jane; uma peça de cerâmica assinada por Isabela e um jantar no ConexãoAfrodite, projeto de Conceição Garcia.

Saiba mais

A alimentação na idade média tem duas origens principais:

1. Cultura greco-romana: A dieta era baseada na tríade vinho, pão e azeite. Os campos eram metodicamente cultivados e a alimentação rica em vegetais.

2. Cultura celta e germânica: Dieta baseada na carne de caça e na carne de porco de onde extraíam a gordura. As bebidas fermentadas eram a cerveja e a sidra.

A idade média passou por 10 séculos (do século V ao século XV) e é classificada em três períodos, a alta idade média – séculos iniciais, a idade média central e a baixa idade média (séculos finais). Na alta idade média, tinha-se o modelo misto de alimentação com cereais e legumes (greco-romano) e carnes e peixes (celta-germânica). Havia abundância de alimentos e as relações de poder/propriedade/produção não eram excludentes. Todos tinham direitos ao uso do território, à caça e à pesca, à utilização das pastagens e das colheitas. Comer bastante era uma marca de prestígio.

Na idade média central inicia a escassez de alimentos causada pelas intempéries. Surgem as questões simbólicas e as ideologias da alimentação, promovidas pela Igreja Católica – a comunhão, a frequência dos jejuns, a condenação da gula e da embriaguez, a luxúria provocando pesadelos. Há diferenças entre alimentações de pobres – de base vegetal, e dos ricos e poderosos – com mais carnes. Inicia a disputa alimentar entre citadinos (carne e pão branco de trigo) e camponeses (cereais inferiores e leguminosas).

Na baixa idade média inicia a escassez de alimentos provocada pelo limite de exploração do solo. O pão passa a ser o elemento central da alimentação. No século XIV, a peste negra (1347- 1351) dizima a população pobre fragilizada pela fome. Nesse período, a comida passa a ser marcador de prestígio, pois as as pessoas são classificadas pela quantidade da alimentação consumida. A imagem de miséria que temos da idade média advém desse período.

A água potável era rara, por isso bebia-se vinho produzido com diferentes frutas, cerveja e vinagre diluído em água. Acreditava-se que o vinagre matava os germes. As frutas mais consumidas eram morango, maçã e pera (no Norte) e uva, figo e laranja (no Sul). As castanhas eram muito consumidas e sua árvore era chamada de árvore do pão.

Não havia na Idade Média: batatas, tomate, milho, mandioca. Esses alimentos foram levados da América após a colonização.

Mais informações: 48 988647691

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